domingo, 31 de janeiro de 2010

"olha o sonho caseiroooo"

"Olha o sonho caseirooooo", gritava o homem da bicicleta, já exausto, em cada rua, todas as tardes, todos os dias. Ele jamais imaginaria o quanto seu grito refletia a realidade vivida naquela casa.

A paz

Acho que em cada fase da vida buscamos um sentimento. Há algum tempo eu busco apenas me sentir em paz. Janeiro de 2010 (apesar de todos os pesares) foi muito especial para minha paz. É como se eu fosse um pote que estava quase vazio e que agora se sente cheio. Cheio de carinho de minha família querida e meus amigos mais especiais. Obrigada por estarem comigo. Amo vocês.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A vida

TEXTURA DE SUEÑO

No he visto el día
más que a través de tu ausencia
de tu ausencia redonda
que envuelve mi paso agitado,
mi respiración de mujer sola.

Hay días que están hechos para morirse
o para llorar,
días poblados de fantasmas y ecos
en los que ando sobresaltada,
pareciéndome que el pasado va a abrir la puerta
y que hoy será ayer,
tus manos, tus ojos, tu estar conmigo,
lo que hace tan poco era tan real
y ahora tiene la misma
textura del sueño

Gioconda Belli

Tudo claro

tudo claro
ainda não era o dia
era apenas o raio


Leminski

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pausa

Às vezes dou uma pausa no blog. E no espírito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Saúde em Porto Alegre

A notícia estampada nos jornais sobre o instituto contratado pela Prefeitura de Porto Alegre (para viabilizar as equipes do Programa de Saúde da família) é velha, embora, seja positivo o fato de, agora, estar sendo investigado. Na campanha de 2008 todos candidatos de oposição falamos disso. E mais, há muito os funcionários dos PSFs anunciavam a tragédia do trabalho do instituto. Já são quase três anos.
O que mais indigna nessas ocasiões é que o povo perde duas vezes: com o "suposto" desvio de recursos e com a ausência de equipes de saúde da família (só atendem 20% da população de Porto) para garantir o atendimento primário e a prevenção.
Quem sabe a gente não se pergunta se isso tem alguma relação com a superlotação de hospitais?

hahahaha

Não é possível gente. Vocês sabem o que é bruxa? Aquele bicho que parece uma borboleta preta enorme? Pois então... Há uma semana entrou uma tão grande aqui em casa (era madrugada) que eu (dormindo) pensei que era um morcego. Imaginem como gritei... E justo agora avistei uma (bem menor) voando. Abri a geladeira e... Ela foi parar dentro!!! nunca imaginei resgatar uma bruxa da minha geladeira! Nunca!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Das coisas

Depois de tantos anos vividos ele ainda não entendera o quão irrazoável era a medida do tempo. Aquilo que duraria para sempre e que nele estava marcado tão fortemente quanto o próprio DNA, havia acabado. E também não compreendia o que, de fato, dividia estar morto de estar vivo. Aquilo havia morrido, é verdade. Mas permanecia tão vivo, no sangue, na mente, no coração. Como era possível continuar sendo sem mais estar?

A vida sempre se renova

Incrível. Hoje cedo, enquanto o dia ainda insistia em nascer, pensei que hoje era 20 de janeiro. Aniversário de minha Vó Solange, que já não está aqui. Arrumei a cama pensando se para sempre eu teria essa sensação de vazio nos 20 de janeiros e em tantos outros momentos quando sinto a falta dela (e tanta falta que ela me faz...).
Agora chegou uma mensagem no celular. Era minha mãr. Minha irmã está na Eco e está confirmado: terá uma menina. É incrível como a vida se renova. É incrível como coisas boas surgem para nos fazer seguir em frente e amando... Gente! Eu terei uma sobrinha... Uma menininha linda!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dica de leitura


Nossa! É difícil descrever um livro tão bom. Já havia devorado " Equador" e "No teu deserto", do português Miguel Sousa Tavares. Mas "Rio das flores" é muito superior. Claro que os anteriores já eram muito bons e se procurarem aqui no blog encontrarão elogios a eles. Mas "Rio das Flores" é na medida certa, é redondo. Um contexto histórico interessante: Portugal e Brasil (também um pouco de Espanha, Alemanha e França) entre 1915 e 1935. Tempos de Salazar e do início de Getúlio. Tempo de um velho Portugal e um Brasil por ser construído. Uma família do Alentejo. Com apego as suas origens e tradições. Mas com dois irmãos absolutamente distintos. Um, defensor de Salazar. Outro, morrendo asfixiado em busca da liberdade. São 600 páginas gente. Mas com uma hora por noite, vocês devoram em uma semana. Tenho certeza que vão gostar.

O que tu escolherias?

Acabo de ver o mais conhecido comentarista político gaúcho falar sobre saúde pública, especialmente sobre o Hospital Conceição. Evidente que concordo com parte do que ele disse: é preciso ampliar as emergências, criar mais leitos. Estranho, entretanto, o restante do comentário. O debate sobre saúde pública é um dos mais complexos e tenho a convicção de que, o mediador de todos debates eleitorais, conhece a legislação, sabe das responsabilidades do Estado, dos municípios e da União. Sabe também que precisamos regular o sistema, fazer com que cada um cumpra seus deveres para que tenhamos equipes do Programa de saúde da família (para o acompanhamento e atendimento primário), para organizar uma central de consultas e exames, por exemplo. Isso sem falar no montante de recursos que deveria ser investido pelo governo estadual e não é, as dívidas do governo com a prefeitura municipal etc.
Mas não quero apresentar um programa para saúde. O problema é grande, precisa de gestão qualificada, trabalho conjunto e, principalmente, precisa de dinheiro.
Quero escrever sobre o final do comentário. Ele questiona a superlotação do hospital e cita a regra dos outros hospitais: fechar a porta quando todos os leitos estiverem ocupados. É aí que eu me pergunto: o que eu preferiria? É evidente que eu preferiria não ver nenhum paciente sentado em cadeiras, ocupando o corredor. Mas o que tu gostarias de ouvir de um médico: leva teu filho, teu pai para um hospital com vagas ou peraí, a gente dá um jeito até conseguir uma vaga? Pensem um pouco...
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Além de tudo ouvi o comentarista questionar a ida de SEIS, eu disse SEIS, médicos do GHC para o Haiti. Meu deus, acho que sou um ET. Existe como não ser solidário com uma tragédia dessa dimensão??? Além disso, será que é duro perceber que agora começará o pior no Haiti? Agora as doenças podem crescer, os restos mortais estão pelas ruas, as pessoas não tem comida...
Então, como aprendi com uma grande professora de Ciência Política na UFRGS: se tem quem não queira ser solidário, ser egoísta é um direito. Mas sejam ao menos espertos. Por egoísmo devem ser solidários. A doença de lá pode chegar rapidinho aqui...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Eleições no Chile

Estou há quase 24 horas pensando nas eleições chilenas. Li dezenas de artigos, pensei sob diversos ângulos. Não estou lá, é verdade, para ter uma opinião precisa sobre tudo o que ocorreu. Mas me permito reproduzir parte de um texto do blog de um camarada, Walter Sorrentino (www.vermelho.org.br/blogs/wsorrentino). Vai além das eleições e da visão maniqueísta de que o ocorreu no Chile, ocorrerá no Brasil. Mas traz bons elementos para reflexões.
"Piñera, no Chile, vence o 2º turno e é eleito novo presidente do país. Após 50 anos, a direita vence a eleição presidencial. A Concertación, no poder há 20 anos, cansou os chilenos que, há algum tempo, já´vinham votando em renovação. Ominami, candidato independente, foi a grande novidade desta eleição no 1º turno, alcançando 20% dos votos. Nem seu apoio ao candidato da Concertación no 2º turno levou Lagos – o candidato de Bachelet – à vitória.O resultado parece compor a vontade de mudança de padrões políticos no comando do Estado, com a continuidade de rumos do país. Em suma, um embate despolitizado, só modificado na reta final quando Concertación encosta na direita nas pesquisas. Piñera percebeu isso e explorou um discurso centrista, pragmático, sem entretanto romper com sua base. Boa parte do povo está cansada da política. Inscrição eleitoral no Chile não é obrigatória, de modo que quase metade da população não votou. Da metade que votou, 51% e algo deram a vitória a Piñera. Portanto, 25% da população em condições de votar deram um novo presidente da República.
Nas comemorações, cartazes de Pinochet nas ruas, o assassino de seu povo. Aos cem anos do massacre de Iquique, imortalizado na cantata de Quilapayun nos anos 1970, o Chile está na via da direita. Mau resultado, sobretudo se se levar em conta o equilíbrio de forças no ciclo progressista vivido na América do Sul. Embora, no caso do Chile, o país estivesse relativamente independente desse processo, e tendo definido de certo modo consensual seu modo de inserção particular na economia mundial.
Enquanto isso, impressiona o estratagema conservador em todo lugar do continente, incluído o Brasil. Fala-se abertamente de ameaça comunista, de tentativa de implantação de ditadura do proletariado, de ameaça à liberdade de imprensa, de manipulação dos direitos humanos como bandeira para o autoritarismo. O próprio FHC conclamou contra o “populismo autoritário” no Brasil. As conferências democráticas que elaboram políticas públicas no país, com ampla discussão desde a base, são tratadas como sectarismos esquerdizantes. A direita não se peja em fazer pregação anacrônica, manipulando os meios de comunicação monopolizados que detêm, para criar ambiente de suposta ameaça democrática, bolchevização do país. A falta de escrúpulos choca. Não é um enfrentamento fácil o que está em curso na América Latina. Na dúvida, há a IV Frota para atemorizar, os acordos militares que permitem aos EUA 7 bases na Colômbia. Enquanto isso, sob os auspícios dos EUA, em Honduras os golpistas não foram sancionados; no Haiti, a ajuda humanitária se transforma em demonstração de hegemonia norte-americana.

Há um grande paradoxo nisso tudo. Ao lado do ciclo progressista e desenvolvimentista em curso em vários países, suprimindo o paradigma do Consenso de Washington e mobilizando os Estados nacionais a impulsionarem o crescimento econômico, feito em bases democráticas em muitos casos jamais vividas, as sociedades vivem uma despolitização. Incorporando maiorias sociais ao processo político (como na Bolívia, Equador, Venezuela e mesmo Brasil), há uma espécie de diluição geral, onde a política e os partidos políticos cansam a maioria da população. A política se mercantilizou, vergada sob a evidência de que poderes reais da sociedade (finanças e, comunicações, particularmente) escapam às suas determinações, têm outro timing e outras conseqüências, mais tangíveis no plano da vida imediata da população. Não por acaso esses são exatamente os setores de ponta na contraofensiva que pretendem neste momento, e que não querem admitir nenhum tipo de controle social sobre seu papel.
Em 2010 e 2011 se define o destino do ciclo progressista no sub-continente e a eleição brasileira de outubro terá forte centralidade. A julgar pelo andar da carruagem, a direita esconde suas verdadeiras bandeiras, mas está ativíssima em retomar as rédeas do poder."

sábado, 16 de janeiro de 2010

Dica de leitura


Já acabei há dias mas estava sem clima para escrever. Leiam "Noturno no Chile", de Roberto Bolaño. Sei que ele está na moda e que muitos por aqui, assim como eu, não gostam de modas. Mas o cara é bom mesmo. Esse livro é um desabafo de 114 páginas. Uma única pessoa conversando com sua própria mente. Há muito tempo um grande e querido amigo (Rá! Emanuel!) me indicou. Demorei e agora indico.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre o Haiti


Pensei todo o tipo de coisa desde que vi a notícia do terremoto no Haiti. Nos mortos daquele país pobre, no povo feliz que conheci em algumas agendas (nas universidades brasileiras, nos encontros políticos). Pensei na pobreza que já abala aquela gente e nas injustiças que a (?) natureza promove: por que com aquele povo já tão pobre? Já fiquei indignada com a imprensa (que adora explorar o drama das famílias dos mortos) ou com o tratamento diferenciado dado para alguns mortos. Pensei no trabalho de Dona Zilda Arns e na maneira como a vida acaba assim, de um segundo para o outro. Nos jovens soldados que colaboravam com a missão brasileira de paz e morreram, nas contradições que devem sentir aqueles que estão vivos. Pensei nos apenas 4 milhões de dólares que a União Européia enviará e no bonito papel do nosso país. Chorei ao ver os gritos de uma criança socorrendo a coleguinha da escola e ao notar o quão atordoado estava o Presidente do país ao caminhar pelas ruas.

Lembrei da passagem da música que diz que o Haiti é aqui. Deve ser. Através da solidariedade. Seja com recursos de nosso país, seja enviando médicos como fará o Grupo Hospitalar Conceição etc. O mais importante, eu acho, é valorizar a vida humana e lutar para que todos possam viver com mais dignidade. Isso é o que nos faz gente.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ajuda

Queridos amigos do blog, me permito reproduzir um email de uma das minhas maiores referências políticas, amiga, lutadora, mulher. Quem puder ajudar, ajude!

De: Jussara Cony

Queridos e queridas amigos.

Hoje volto a enviar mais um pedido. Não só para meu neto Matheus que está no Conceição com leucemia, mas para tantos outros que lá estão também, na mesma situação. Está faltando plaquetas para reposição. Precisamos de sangue urgente no HNSC. Os estoques estão baixos em todo o estado. O nosso Banco de Sangue, assim como de outros hospitais, tem um trabalho muito interessante com doadores voluntários. Mas as necessidades estão superando as doações.
Então, solicito a todos vocês que possam ser doadores. O sangue que será doado para o Matheus servirá para todos. Ontem mesmo tivemos de fazer uma corrida daquelas pois outro paciente, o Leucyr, um senhor de mais idade, que se tornou um grande amigo nosso, sua família é do interior, a gente se ajuda (as famílias) uns cuidando dos outros. É uma verdadeira comunidade de afetos e muito amor. Tem sido emocionante, gratificante. É a luta pela cura coletiva! Pela dignidade de cada um e de todos em receber seus direitos. Desculpem-me o texto... mas há momentos em que enviar um pedido vai além... é uma forma de chegar até vocês, que tem sido tão solidários conosco. Essa solidariedade chega a todos no GHC.
Quem tiver condições, é ir ao Banco de Sangue do Hospital Nossa Senhora da Conceição, na Rua Francisco Trein, Bairro Cristo Redentor (acima de 65 anos, não podemos mais doar...vejam bem... eu já não posso mais...). O nome é Matheus Cony Lopes dos Santos. Quarto 4053. O sangue doado de cada doador chega em 4 vidas!!! Será prá Matheus, Leucyr, tantos outros e outras. Se vocês quiserem podem passar solicitação para sua lista de amigos e amigas. Gracias pela solidariedade. Um abraço apertado (daqueles que nesses momentos nos renova, em energia, força, esperança e amor). Ju

Informações:

Banco de Sangue GHC
Fone: (51) 33572139
Horário – 7h30min às 17h

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Espelhos

Quando comecei a militar no Partido Comunista as pessoas perguntam como, porquê eu estava fazendo política. Hoje escuto muitas vezes me perguntarem porque não desisto. Acredito ser bastante evidente a resposta. Não desisto porque nosso país é maravilhoso, nosso povo pode viver com muito mais dignidade, porque as injustiças seguem me indignando e eu acho que posso ajudar a melhorar, que nós podemos, na luta, ajudar a melhorar.
Mas volta e meia, principalmente quando converso com bons colegas que pensam em deixar o parlamento nessas eleições, reflito sobre suas razões. E existem várias que me sensibilizam. Mas uma em especial: uma sensação de que muitas pessoas agem como se todos estivessem errados, como se ninguém prestasse, como se soubessem tudo e não fosse necessário nem sequer perguntar.
Acho que já comentei aqui de um fato que ocorreu comigo há quase três anos. Eu havia sido eleita deputada há alguns meses. A Câmara estava votando aumento de salário. Minha avó estava hospitalizada. Fiquei em Brasília todos os dias trabalhando. Ela morreu. E foi, até hoje, a pessoa mais próxima e querida minha que se foi. De um lado havia um jornalista que me ligou 17 vezes (mais ou menos isso) porque achava que eu não queria falar (eu estava no cemitério). De outro, estava eu no carro indo (sei lá) para o hospital juntar as coisas delas e ouvi um cidadão gritando: em Porto Alegre, hein? Matando trabalho... Nunca mais voto em ti.
Evidente que entendo as razões de ambos. Muitos não falam com jornalistas. Muitos matam trabalho. Mas também é preciso ver o outro lado. Nós não somos espelhos que as coisas refletem e voltam. Elas entram. Nos sensibilizam. Marcam. Como em todas as pessoas.
O problema é com os políticos ainda há explicação. Evidente que não justifica, mas explica. As pessoas tem seus reais motivos para desconfiar. Mas eu percebo isso em muitas outras relações da sociedade. Parece que nosso individualismo é tão grande que esquecemos de nos colocar no lugar das pessoas. Será que a moça do caixa do supermercado que te atendeu mal não está com algum problema? Será que o cobrador do ônibus não tem contas atrasadas ou um filho envolvido com drogas? Será que não seria tudo melhor se APENAS nos colocássemos no lugar do outro? Em minha opinião sim.
Nesse período do ano em que passou (janeiro e fevereiro) enfrentei um grande problema. E vi como as pessoas que se colocaram em meu lugar puderam me ajudar. Aprendi. E tento fazer isso sempre. Pergunto mais, problematizo mais, olho por vários ângulos. A dor ensina a gemer, diz o ditado.
Escrevo isso tudo pois na última semana precisava de ajuda para arrumar uma coisa na minha casa. O senhor veio e fez tudo errado. Confundiu tudo, demorou um dia a mais. No outro dia ele veio acompanhado do filho e percebi que ele era analfabeto. Precisou de ajuda para ler. Percebi então que eu estava irritada com algo que, se eu apenas tivesse perguntado: precisa de ajuda? não teria acontecido.
Vi também que, por mais que tenha aprendido, ainda tenho muito a caminhar. Ainda bem.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Dica de leitura


Quando estive na Holanda devorei em poucos dias uma obra chamada "Como deus manda". Me encantei com o jovem italiano que a escreveu. Busquei outra. Encontrei "Não tenho medo". Niccollò Ammaniti é muito bom em construir dilemas morais. Eu, particularmente, os adoro. Sempre tratamos nossas verdades como absolutas e, às vezes, é bom nos perguntarmos se em todos os cenários (por mais irreais que fossem ) agiríamos da mesma forma.

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Como já notaram tenho lido muito nesses dias...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, senhor Deus
se é loucura... se é verdade
tanto horror perante os céus!"
Castro Alves - Navio Negreiro

Este trecho da obra do jovem Castro Alves é para falar sobre as chuvas, os dramas, as mortes do Rio Grande e do Brasil. Quando estaremos mais preparados para conviver com a natureza?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dica de leitura


Como o inovador bisturi elétrico de seu pai, Juan José Millás descreve o ato de escrever: “cauteriza a ferida no mesmo momento em que a produz”. Essa frase já valeria a obra “O mundo”. Mais do que isso, obra autobiográfica e, simultaneamente, um ótimo romance. Confesso: comprei na Livraria da Vila, em São Paulo, por pura analogia. Como essa nova coleção de uma editora reúne ao mesmo tempo o centenário uruguaio Onetti e o jovem colombiano Mendoza (ambos excelentes) deduzi que esse também seria bom. Errei. Foi mais forte e melhor do que previ.

A árvore de chiclete


Não tinham muito dinheiro e eram muitos os filhos. Dia da criança. Naquela manhã ela acordou as crianças cedo com um café da manhã na rua. Depois, mostrou a árvore em que nasciam chicletes. Com alguns reais todos cresceram acreditando que o mundo real poderia ser feito com fantasia.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Lula e Boris Casoy: Brasil

Qual a relação entre o filme "Lula, o filho do Brasil" e fato que envolve o jornalista Boris Casoy, amplamente divulgado pela internet na semana que passou? Ouso responder: são duas faces de um mesmo Brasil.
Assisti ao filme que conta a vida do Presidente no primeiro dia do ano. É uma super produção. Esquisito que não o achei uma tentativa de endeusar a Lula. Por que? Porque mostra um homem comum, com uma história como a de milhares de brasileiros (que vão para os grandes centros atrás de melhores condições de vida, que assistem, quando crianças, aos pais agredirem fisicamente as mães, que se emocionam quando têm o primeiro emprego e choram diante da morte da mulher amada). Um homem que até uma idade razoável considerava o futebol mais importante do que a política e que quando ingressou no sindicato tinha como meta falar a língua de seus iguais e cuidar dos benefícios imediatos dos trabalhadores. Um homem filho de uma mulher forte (aliás, tirei meu chapéu para a Glória Pires no papel de Dona Lindú, mãe de Lula), apaixonado pela mãe. É um ótimo filme. Para conhecer a vida de um brasileiro. (Importante ressaltar que o filme acaba bem antes de Lula ser candidato a Presidente em 1989)
E qual a relação disso com o vazamento do áudio de Boris Casoy, no telejornal, ofendendo a um gari? Destilando preconceito contra um trabalhador? Me parece evidente: esse gari deve ter uma história muito parecida com a do Presidente. Ao ouvirmos os pensamentos de Boris Casoy, tivemos a oportunidade de desmascarar uma face perversa da elite brasileira: o preconceito, o asco que sentem com quem trabalha e constrói o Brasil de fato. Como li no twitter, certamente se este gari parar de limpar a sua rua sentiremos mais falta do que de Boris Casoy. O trabalho do gari faz sentido, mesmo que muitas vezes ninguém perceba.
Engraçado ouvir Boris Casoy pedindo desculpas. Nós não aceitamos! Porque preconceito não se desculpa, se combate. E nós combatemos quando criamos um final diferente para a vida daquele menino do filme: o elegemos Presidente e começamos, devagarinho, a mudar o Brasil.
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Esperei alguns dias para escrever do computador de casa, é esse o meu preferido. Sejam todos muito felizes em 2010, tenham todos muita paz e saúde porque o resto nós conquistamos juntos! Felicidade, amor, trabalho. E muita luta!