terça-feira, 12 de maio de 2009

Honestino Guimarães, presente!


Gente, nunca publiquei um discurso meu aqui. Mas esse é sobre um fato relevante e não há porque eu escrever tudo isso, se já falei, não é?


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, amanhã, no Palácio do Itamaraty, o Presidente Lula e a Ministra Dilma Rousseff participarão de um ato de abertura de arquivos da ditadura militar. Todos sabemos que não se trata, de postura revanchista, senão da possibilidade de que o nosso povo conheça a sua história, para que a julgue e não permita que se reproduza em momentos futuros. Tenho origem no Movimento Estudantil Brasileiro, e um dos seus ícones chama-se Honestino Guimarães, que foi Presidente da União Nacional dos Estudantes — entidade de que participei — e desapareceu no Estado do Rio de Janeiro em 1973, fazendo parte da lista de 144 ilustres combatentes democratas brasileiros que estão atéhoje desaparecidos por causa da atuação do regime da ditadura militar. Entretanto, Sr. Presidente, na semana que passou, alertada por um jornalista amigo, li um livro de outra jornalista, outra colega de profissão, Taís Morais, que se chama Sem Vestígios, que relata a história, de acordo com um militar, de alguns episódios dos anos de chumbo deste País. E qual não foi a minha surpresa quando nesse livro, por testemunho de um militar, é esclarecido o desfecho da morte e do enterro de Honestino Guimarães, o nosso jovem líder estudantil, Presidente da UNE, desaparecido.

Depois de mais de 30 anos sem que os estudantes tivessem notícia de seu paradeiro, sem que sua mãe, que ano passado visitou o Congresso, pudesse enterrar o seu filho, sabemos que Honestino Guimarães foi morto no ano de 1974 e levado, junto com outros combatentes pela democracia, para ser enterrado às margens do Rio Araguaia, junto com os que tombaram na Guerrilha do Araguaia. Pois bem, Sr. Presidente, passados mais de 30 anos, cabe a nós lutar para que possamos fazer justiça de maneira indireta e mesmo que tardia no País, para que os estudantes e a mãe de Honestino Guimarães possam enterrar esse ícone, que dá nome a vários espaços da União Nacional dos Estudantes, pela importância que teve. É nesse sentido, Deputado Inocêncio Oliveira, que apresentei à Comissão de Direitos Humanos da Casa requerimento para que se escute a jornalista Taís Morais, a fim de que ela esclareça o desfecho real de Honestino, que consta em seu livro, e que peço ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim, também formalmente, que a Comissão que vai ao Araguaia seja composta não apenas pelo Exército, mas também por dirigentes do Partido Comunista do Brasil, que dirigiu a Guerrilha do Araguaia e que teve lá seus militantes assassinados, e por membros da União Nacional dos Estudantes. Se Honestino Guimarães foi enterrado no Araguaia, se nós temos, depois de mais de 35 anos, o desfecho da morte do ex-Presidente da União Nacional dos Estudantes, que esta Câmara ajude o povo e a democracia brasileira na descoberta desses restos mortais, Deputado Fernando Gabeira, que simbolizam a luta da juventude brasileira pela democracia, a mesma juventude que hoje continua lutando para melhorar a política e permitir que mais mudanças aconteçam em nosso País.

Viva Honestino Guimarães!

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