quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cenas de Brasília

Estava saindo de casa, hoje pela manhã, com minha mochila (que representa a minha segunda casa), bolsa e mais uma sacola com meus sapatos para arrumar. Chamei um táxi, eles levam três minutos até meu apartamento. Chegando na recepção vejo que muitos esperam pelo carro de praça (alguém já ouviu o avô denominar o táxi assim???) incluindo um casal de argentinos (falvam espanhol e depois, ao me irritar, pensei serem hermanos argentinos) atrasados para voar. Numa tentativa de vencer as adversidades das manhãs (leia-se sono, mal-humor, TPM) cedi, gentilmente, o táxi. Minutos e minutos depois nada do táxi chamado pelos argentinos. Nada. E o relógio depondo contra mim e meu trabalho. Aqueles minutinhos que parecem voar quando a gente quer que eles andem bem devagar (é gente... os mesmos minutos que passam devagar dentro do avião ou em todas as coisas chatas que fazemos na vida!). Nisso, imagino que minha cara já estava deformada de ansiedade. Um cidadão passa e pergunta: quer carona no meu? Não entendi como ele presumia que o táxi dele chegaria antes do meu e tentei argumentar. Foi então que entendi: ele me oferecia carona de carro. Imediatamente aceitei. Nunac tinha visto o sujeito no prédio nem em nenhum outro canto qualquer. Mas não tinha como recusar uma demonstração de solidariedade dessas, principalmente em Brasília.
Ele se desculpou inúmeras vezes porque o carro estava sujo e perguntou onde eu trabalhava. Rumamos ao Congresso Nacional. Eu, ele e o carro sujo e minha mochila, minha bolsa, minha sacola de sapatos para arrumar. Foi aí que percebi que o caminho que ele me levava não ia à Câmara. Chegando (no Palácio do Planalto) vejo no horizonte o meu local de trabalho. Como ia dizer que não era ali para um ilustre desconhecido? Impossível. Cruzei as ruas com mochila, bolsa, sacola com sapatos e salto alto, entrei no Senado, ultrapassei as barreiras de seguranças e... me perdi. Um segurança caminha na minha direção e sorri: "Deputada a sra quer chegar onde?". Com as indicações do segurança em mente, cruzei a rua e cheguei à Câmara.
Uma hora depois de sair de casa, com os meus colegas me olhando levemente surpresos pelo meu estado ao pegar o elevador, percorro o enorme corredor que me separa do gabinete e vejo um conglomerado de pessoas por ali.
Chego e conto a história. Resumi, é óbvio. Poupei os meus amigos prefeitos de detalhes como a sacola de sapatos ou que o simpático cidadão havia morado em Porto Alegre. Devo admitir. Eles acharam a história muito louca para as 9 da manhã. Cenas de Brasília.

7 comentários:

  1. Olá Deputada Manu, gostei de seu jeito de relatar os acontecimentos cotidianos, de uma forma simples e natural.
    Voltarei mais vezes, para visitar seu blog.

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  2. Nossa!!! Que situação!!!
    Os políticos que fazem questão de serem honestos e que deveriam ter privilégios, como por exemplo transporte, abrem mão de te-los, enquanto que os desonestos, não. Que país é este??!!!

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  4. Depois deixa o endereço do prédio, sou taxista particular e não cobro nada.. Se tu enxergares um carro laranja, em Brasília, soy yo..

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  5. Oi deputada, nasci no DF e sempre reclamei da forma rude dos brasilienses. Só depois de viver fora do Brasil percebi que não há povo melhor do que o brasileiro, mesmo mineuro, carioca ou gaúcho. Por isso, como você, valorizo qualquer ato de solidariedade, como este do rapaz que te deu a carona.

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