quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Encontro de personagens

Ela havia devorado "Travessuras da menina má", de Vargas Llosa. Disse que todos tinham um pouco de menina má. Nunca imaginou que ele tivesse uma só dele. Meninas más são aquelas que usam sentimentalmente aos outros, que parecem santas, mentem, até a Igreja vão. Mas não valem uma notas de três reais. Ela, definitivamente, não servia para isso. Era direta, sabia que estava longe de ser perfeita mas, a duras penas, reconhecia os próprios limites e erros. Ele a amava mas, tinha com a menina má uma ligação inexplicável (e talvez impublicável). Nada, nenhuma dor que essa menina gerasse nela o faria romper aquele vínculo. Doentio o vínculo estabelecido entre ele e a menina má. Talvez todos os homens casem com as boas mas, alguns preferem as más meninas.
Ele havia devorado "Canalhas!" de Carpinejar. Ria até chorar. Percebia que, no fundo, como diria o poeta gaúcho, alguns homens eram canalhas e outros cafajestes. Os canalhas traem mas são bons de coração. Os cafajestes não valem nada. Os cafajestes são a versão masculina da menina má.
Logo, tratava-se de um triângulo amoroso entre uma menina má, um canalha e ela. Uma jovem comum. Nem boa, nem má. Comum. Ela era o personagem que sobrava nessa estória entre o peruano Vargas Llosa e o gaúcho Carpinejar.
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Escrevi esse texto após ouvir, na noite de sexta, a louca relação de uma amiga. Aliás, ela ainda vai me inspirar muitos textos.

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