terça-feira, 4 de junho de 2013

Cacos

Tenho nas mãos as sobras que estavam nos pratos
que juntos jogamos no chão.

De longe o vidro do prato brilha.
Me vejo dividida em mil pedaços.
Inteira em cada caco.

Tenho nas mãos as sobras de nós.

3 comentários:

  1. Acordada? Estou falando sério, quero sair daqui, preciso trabalhar, preciso de grana, chego fico sem querer voltar para casa, enquanto tem gente que me ama, tem gente que quer me matar, começar vida nova, em outro lugar, com outras pessoas, você pode me ajudar? Tenho que pagar algumas coisas e estou livre, não estou aqui querendo fazer ciúmes a ninguém, gosto de você, mas te conheço pouco, parece loucura abrir as portas de sua casa para um estranho, mas a necessidade faz a ocasião.

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  2. Tenho a certeza de que você, é indivisivel, sendo superada apenas pelas particulas de Higgs.E o que é palatável,e feito em porções suficinte para duas pessoas, não haverá sobras nem mesmo desperdicio.

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  3. pulsa a vida
    no meu coração
    entre fragmentos da travessia
    pedaços de memória e esquecimento
    cacos da existência dilacerada
    por tua ausência,
    meu amor...
    entre sobras e restos
    estilhaçados
    retalhos de pratos
    que saciavam a fome de viver
    calendoscópio anárquico e desconexo
    que se parece um quebra-cabeça
    onde semanas, dias, gestos e intenções
    se embaralham
    no mosaico de desejos vorazes
    famintos e ardentes
    confessáveis ou não
    o brilho cega meus olhos
    esquartejados em mil pedaços
    que contam a vida
    inteira e tranquila
    reuno as partes
    colo e remonto a cristaleira
    que é a vitrine de minhas lembranças
    das sobras faço poesia
    nas mãos os sentimentos das ruas
    das esquinas
    e as miragens que guardei de ti
    a rádio anuncia tua voz
    e antevejo um dos fragmentos
    dos cacos espalhados pelo chão
    rápido, corro e zero o volume
    evito a voz doce, sensível e serena
    da blogueira cheia de poesia
    falando da outra blogueira
    também doce e sensível
    que na ilha de seus sentimentos
    sonha juntar seus pedaços
    num banquete de liberdade
    Ah, a poesia é tão superior aos manifestos políticos
    quisera o poder estivesse
    entregue a rimas e frases bonitas
    que entrelaçassem num abraço
    todas as blogueiras poéticas do mundo
    todo o poder à poesia!
    a foto dos jovens dançando
    descompassados meio sem graça
    do outro lado do mundo
    na festa no meio da praça
    do aniversário do ditador
    não rima com os sonhos libertários
    que pulsam no brilho de cacos e sobras
    que na trilha da vida vivida
    tecem a colcha de retalhos
    que agasalha e protege
    dos medos e armadilhas
    a poesia é bicho indomável
    irreverente e livre
    desafia a lógica fria e feia
    do prato feito que nos tentam servir a cada dia
    no cardápio frio e pobre
    das amarras ideológicas
    que algemam os sentimentos do mundo
    e que cotidianamente é preciso
    jogar ao chão
    para que na dança livre da inspiração
    cada pedaço se faça melhor
    e que das sobras renasça
    a cada dia
    a vida, o amor, a paixão.
    E eu nunca fui a Cuba
    conhecer suas mulheres bonitas e sensuais
    embaladas pela música do ritmo
    intenso
    do Buena Vista Social Clube.
    E eu nunca fui a Coréia
    entender esse outro universo
    onde os pratos estilhaçados
    tem natureza diversa e misteriosa.
    O que importa?
    Agora já posso aumentar
    o volume do rádio de minha sala
    a música instrumental
    restabelece o universo
    dos gestos, dos sentimentos, da poesia.
    E vejo novamente sua voz
    tentando reunir sobras, cacos, fragmentos
    no mosaico feito de desejos e esperanças
    onde a utopia humana
    se resuma a um beijo ardente
    dos amantes enamorados
    ou abraço fraterno
    das pessoas do bem
    que aprendem a tolerância
    com as diferenças dos ohares
    sobre o mundo, sobre a vida,
    e ainda que no chão despeçadas
    reafirmam a cada amanhecer
    que alheio ao tempo e ao espaço
    no fundo, no fundo
    todo o poder é da poesia e dos poetas
    porque este é o verdadeiro sentimento
    que entre cacos e sobras
    move o moinho do mundo




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