domingo, 25 de setembro de 2011

Códigos de casa 2

"Juro por Deus..."

Éramos todos muito pequenos, vivíamos em Pedro Osório. Todas éramos (e ainda somos) muito comilonas. Muitas vezes, minha mãe cozinhava no sábado, deixando o almoço de domingo pronto. Naquele domingo teríamos bifes à milanesa, um dos melhores pratos feitos por ela. Imaginem a dificuldade em garantir que nenhum de nós atacássemos a comida antes da hora! Quase impossível! 
Na manhã de domingo um dos bifes apareceu mordido na geladeira. E não era qualquer mordida. Eram dentes exatamente iguais aos meus. Imediatamente, minha mãe, aos gritos, me condenou. Afinal, eu era a única dentuça da casa! Eu não havia comido o bife, aliás, nunca fui apaixonada por eles. Logo, fiz o habitual em minha família: "mãe! Juro por Deus que não comi!". Todos riram e indignaram-se pois tinham certeza que eu estava jurando em falso. Logo em seguida, em outra ocasião, fui jurar por Deus e minha irmã respondeu: mataste Deus na vez do bife! Eis que eu digo: então eu juro por ele morto!
Desde então, quando temos que garantir que algo é verdade nos saímos com essa lembrança! 
Sobre os bifes? Bem, mais de quinze anos passados, minha irmã Carolina, que naquela ocasião fazia dieta com um caro endocrinologista, admitiu que o mordeu e simulou minha dentição! Para vocês verem o nível de esfomeados que somos lá em casa! Por 15 anos carreguei a culpa de mentir para que ela desse uma mordida no bife de domingo!

Um comentário:

  1. Que linda essa memória! Coisa de criança é coisa de criança, altamente perdoável. Imaginei toda a cena e os teus sentimentos. Beijos com carinho e admiração.

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