A vida me aproximou do debate sobre saúde mental. Na marra perdi preconceitos e opiniões fabricadas pela sociedade em que vivemos. Conheci de perto a realidade de centenas de pessoas que não dispõe de recursos para o tratamento de familiares queridos e que assistem a seus processos depressivos, de surtos maníacos ou psicóticos. Me interessei pelo tema, estudei um pouco. Descobri que, para além de características genéticas, aquilo que chamamos de "loucura" também é processo. E que com a rotina e os comportamentos do mundo em que vivemos esses processos são acelerados. Descobri que os padrões que construímos para a felicidade também são algozes de muitos cérebros. A sensação de impotência diante de um mundo que diz que temos que trabalhar vinte horas por dia para sermos felizes, que temos que ter um casamento "normal", que temos que ter sonhos fabricados em escala industrial (porque parece que todos temos que sonhar os mesmos sonhos)... as cobranças para sermos "normais" (e há normalidade nisso tudo?), tudo isso é estruturante para o aumento de pessoas com problemas de saúde mental. Sei que quando falo em "saúde mental" a imensa maioria das pessoas visualiza um louco, pirado, sem noção do mundo. Bah... Quanto engano. Quanto preconceito. Ter saúde mental é como ter saúde física. Não há um padrão.
Por isso passei a ser uma defensora das pessoas que encontram formas de tratar de suas cabeças. Defendo quem faz terapia para se entender e ao mundo ao seu redor. Defendo quem faz Yoga para conhecer melhor o corpo e a alma, defendo quem precisa se isolar do mundo, algumas horas por dia, para encontrar o equilíbrio. Diria Renato Russo, que conquistamos o equilíbrio quando cortejamos a insanidade.
Em síntese, percebi que as pessoas que jogam as coisas pra fora, que não guardam rancores, amores, invejas, tem menores chances de perder o equilíbrio. E, sobretudo (e isso é o que mais me importa) , essas pessoas tem mais chances de serem felizes.
Digo tudo isso porque ontem percebi que a tecnologia e as redes sociais, das quais sempre fui defensora, tem ajudado as pessoas a colocarem os seus monstros para fora. Os 140 caracteres, os blogs, os orkuts da vida, tem ajudado as pessoas a falarem o que pensam, expor seus amores, suas dores, seus rancores.
Talvez em alguns anos falemos de TWITTERterapia. E alguns espertos de plantão lancem livros de auto-ajuda entitulados: "Como curar sua depressão em 140 caracteres" ou "como resolver os problemas com sua família em um único post". Talvez. Enquanto isso, antes de tentarem enquadrar os desabafos do twitter e dos blogs em fórmulas para ganharem (mais) dinheiro, vamos aproveitar para soltar os nossos monstros.
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