A chuva cai forte e junto com ela sacolas e sacolas de papéis rasgados, de passados remotos e recentes saem das minhas gavetas. O esquisito é que, por motivos absolutamente distintos, em outubro do ano passado também fazia uma grande faxina na minha casa. Aprendi que reorganizar a casa é uma das formas de recomeçar. Arrumar gavetas, doar roupas e sapatos, trocar as fotos em exibição e também o papel de parede do lap-top.
Quando criança via minha mãe fazer isso. A achava histérica nesses momentos. Abria baús, encontrava partituras e cadernos de músicas, no meio de tanta bagunça tocava piano. Hoje faço o mesmo. No meio da faxina ouço música e escrevo no meu blog. Aliás, ele foi criado no meio da faxina. Sonhei reformas na cozinha, coloquei fora trabalhos de faculdade, escrevi emails para antigos amigos.
Ao longo dos anos, talvez inspirada pela mulher mais corajosa que conheço (minha mãe), aprendi a colocar coisas fora. Agora, aos poucos, aprendo a colocar elas para fora de mim. Falar mais, contar mais com as pessoas queridas, admitir fracassos pessoais, vitórias coletivas. Aprendi a deixar a doença orgulho de lado. E a dizer eu te amo para quem está entre nós porque dói demais dizer para quem já se foi.
Com as faxinas aprendi a reinventar coisas. Assim como reinventamos uso para antigos copos (que viram excelentes porta-lápis) é possível reinventar relações de amizade, relações políticas.
Faxinas fazem bem. Organizam a casa. Limpam a alma.
Vou seguir com a minha.
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