"especial de bom" + "não toca no nome do gilnei"
Minha irmã mais velha, a Luci,
Namora ao Gilnei desde os 17 anos. Morávamos em Pedro Osório quando eles se conheceram na universidade (UFPEL). Lá se vão mais de vinte anos. Mais de dez de casados. Nosso querido cunhado é quase um irmão para nós. Mas ele nasceu em Dom Pedrito e fala
Muito carregado. Imaginem essas pragas que éramos rindo dele. Um
Horror. Para tudo que ele comia lá em casa vinha um sonorro: "especial de bom". Pronto. Entrou para o caderninho de deboches. Agora de código quando algo é muito legal.
Numa dessas vezes em que debochávamos do "especial de bom" ou de outra expressão, Luciana
Ficou completamente brava e gritava: não toca no nome do Gilnei!
Pronto. Caderno de deboche e código para rirmos quando alguém
Pede Para algo não ser mencionado!
Luciana tem outra história muito engraçada. Eu tinha 9, ela 18.
E eu adorava o namorado dela.
Assim como a Isadora, minha sobrinha de um ano, ama o maroni (meu namorado). Pois bem, Luciana acordou e o quadro em que me ensinava a escrever tinha um coração: "Manuela e Gilnei". Pronto. Ao invés de morrer de rir me deu uma surra! Para eu aprender a não ser assanhada!
Às vezes penso que quem viu me ingênuo coração não tem idéia dos escândalos sentimentais que a Isadora produz com o maroni. Imaginem se eu fosse a Luciana. O que faria com uma criança que não sabe nem falar e que aponta o dedinho para o MEU namorado quando eu pergunto "quem é teu namorado?". Eu teria que gritar muitos: não aponta o dedo para o maroni!
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Códigos de casa 6
"vamos aplicar o teste ou termômetro do humor" +
"educadinha"
Esse meu pai, o estupefato contra farináceos, quase sempre mantém
O bom humor. mas às vezes não tem. Nós o copiamos. Nessas situações, quando ele percebe que alguém não esta muito risonho, ele pega o indicar, simula ser um termômetro e põe embaixo do braço do "paciente". Depois, tira, dá uma olhada e dá um diagnóstico. "humor 7, 1", por exemplo.
Assim surgiu a expressão "vamos fazer o teste do humor". Mas, às vezes, o humor está bem abaixo dos 7. E nessas vezes, nós odiamos o termômetro. E gritávamos ou batíamos no dedo dele. Eis que ele respondia com a voz mais engraçada do mundo: "educadinha". Pronto. Sempre que alguém é grosseiro lembramos do "educadinha" e morremos de rir.
"educadinha"
Esse meu pai, o estupefato contra farináceos, quase sempre mantém
O bom humor. mas às vezes não tem. Nós o copiamos. Nessas situações, quando ele percebe que alguém não esta muito risonho, ele pega o indicar, simula ser um termômetro e põe embaixo do braço do "paciente". Depois, tira, dá uma olhada e dá um diagnóstico. "humor 7, 1", por exemplo.
Assim surgiu a expressão "vamos fazer o teste do humor". Mas, às vezes, o humor está bem abaixo dos 7. E nessas vezes, nós odiamos o termômetro. E gritávamos ou batíamos no dedo dele. Eis que ele respondia com a voz mais engraçada do mundo: "educadinha". Pronto. Sempre que alguém é grosseiro lembramos do "educadinha" e morremos de rir.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Códigos de casa 5
"estou estupefato!" +
"estão proibidos de comer farináceos"
Meu pai - e muitos leitores o conhecem - é das pessoas mais divertidas do mundo. Faz qualquer piada para não perder a graça. Até no enterro de minha avó (dia mais triste de nossas vidas) ele fez piada com meu avô.
Meu avô vive em Jaguarão, na fronteira, e minha avó faleceu em
Porto Alegre. Chegávamos os 3 ao cemitério quando meu avô, atordoado, pergunta se eu havia falado com um padre para encomendar o corpo de minha avó e fazer as orações. Antes que eu pudesse responder, meu pai salta e conta a meu avô que, nos últimos
Anos, de maneira secreta, minha avó estava na umbanda. Portanto, quem viria ali seria um pai de santo. Meu avô quase morreu. Ele é daqueles católicos que passam a
Missa do galo na igreja! Nunca se meteu na fé dos outros, mas daí a enterrar a mãe de seus filhos com pai de santo era demais.
Outra famosa dele é para terminar as aulas na universidade. Pergunta aos alunos: "vocês querem Ir embora? Não agüentam mais a minha aula?" Os alunos respondem que sim. Eis que ele começa a simular tristeza e responde: vocês são uns egoístas. Eu vou embora e vocês se livram de mim. Já eu... Tenho que continuar me agüentando!
Teria mil historias bem Humoradas dele para Contar e mais tarde falarei sobre o código do teste de humor. Mas ele tinha ataques de cansaço quando nós éramos os cinco menores.
A bem da verdade nós éramos muito brigões e barulhentos e, hoje, imagino o estresse que o submetíamos.
De um dia para outro, nesses
Momentos de Muito estresse, ele passou a usar a frase: "estou estupefato". Nós riamos muito pois desconhecíamos a palavra. Então, quando alguém quer rir do estresse ou exaustão alheia usa a expressão ou a palavra: estupefato, estou estupefata! Façam o teste. Digam com a boca cheia. É genial! Perfeita para esses situações.
Lembrei de uma dessas situações em que meu pai ficou estupefato. Íamos para Montevideo passar as férias. E começa aquela briga na Belina velha de guerra. Primeiro briga para sentar na frente. Depois briga para não sentar no meio. Depois briga para não sentar na parte inclinada do meio. Depois para um tirar o braço de cima do outro e de repente... O carro sai da estrada e meu pai grita: estou morrendo! (ou estou infartando! Não lembramos
Bem). Todos nos desesperamos. Um bate nele no braço, a Mariana já choráva emotiva que sempre é. Eis que me Lembro (não riam... Eu tinha uns nove anos) que para alguma coisa de errado que nos acontecia era necessário puxar a língua da pessoa (abstrai que era em Caso de choque). Pedi licença, saltei no colo dele e... Saí puxando a língua. Meu pai começou a rir desesperadamente pois tudo não passava de uma simulação. Ele queria que nós parássemos de brigar, fez aquilo, não sabia como desfazer. Ele ficou estupefato! Não preciso contar que estupafatos ficamos nós que viajamos sem falar com ele.
Ainda numa outra viagem, já éramos um pouco maiores, fomos até Curitiba de Belina. Na volta, meu pai constatou que estávamos gordas (há anos!) e sedentárias. E começou, desesperadamente, a tentar fazer com que caminhássemos mais, comêssemos mais frutas etc. Então, estupefato que ele estava nos proibiu de comer tudo que continha farináceos (bolachas, salgadinhos etc).
Não preciso contar que além de
Estupefato, usamos a expressão (eu e Mari) de proibir os farináceos quando queremos falar de um ato radical, desesperado de alguém.
"estão proibidos de comer farináceos"
Meu pai - e muitos leitores o conhecem - é das pessoas mais divertidas do mundo. Faz qualquer piada para não perder a graça. Até no enterro de minha avó (dia mais triste de nossas vidas) ele fez piada com meu avô.
Meu avô vive em Jaguarão, na fronteira, e minha avó faleceu em
Porto Alegre. Chegávamos os 3 ao cemitério quando meu avô, atordoado, pergunta se eu havia falado com um padre para encomendar o corpo de minha avó e fazer as orações. Antes que eu pudesse responder, meu pai salta e conta a meu avô que, nos últimos
Anos, de maneira secreta, minha avó estava na umbanda. Portanto, quem viria ali seria um pai de santo. Meu avô quase morreu. Ele é daqueles católicos que passam a
Missa do galo na igreja! Nunca se meteu na fé dos outros, mas daí a enterrar a mãe de seus filhos com pai de santo era demais.
Outra famosa dele é para terminar as aulas na universidade. Pergunta aos alunos: "vocês querem Ir embora? Não agüentam mais a minha aula?" Os alunos respondem que sim. Eis que ele começa a simular tristeza e responde: vocês são uns egoístas. Eu vou embora e vocês se livram de mim. Já eu... Tenho que continuar me agüentando!
Teria mil historias bem Humoradas dele para Contar e mais tarde falarei sobre o código do teste de humor. Mas ele tinha ataques de cansaço quando nós éramos os cinco menores.
A bem da verdade nós éramos muito brigões e barulhentos e, hoje, imagino o estresse que o submetíamos.
De um dia para outro, nesses
Momentos de Muito estresse, ele passou a usar a frase: "estou estupefato". Nós riamos muito pois desconhecíamos a palavra. Então, quando alguém quer rir do estresse ou exaustão alheia usa a expressão ou a palavra: estupefato, estou estupefata! Façam o teste. Digam com a boca cheia. É genial! Perfeita para esses situações.
Lembrei de uma dessas situações em que meu pai ficou estupefato. Íamos para Montevideo passar as férias. E começa aquela briga na Belina velha de guerra. Primeiro briga para sentar na frente. Depois briga para não sentar no meio. Depois briga para não sentar na parte inclinada do meio. Depois para um tirar o braço de cima do outro e de repente... O carro sai da estrada e meu pai grita: estou morrendo! (ou estou infartando! Não lembramos
Bem). Todos nos desesperamos. Um bate nele no braço, a Mariana já choráva emotiva que sempre é. Eis que me Lembro (não riam... Eu tinha uns nove anos) que para alguma coisa de errado que nos acontecia era necessário puxar a língua da pessoa (abstrai que era em Caso de choque). Pedi licença, saltei no colo dele e... Saí puxando a língua. Meu pai começou a rir desesperadamente pois tudo não passava de uma simulação. Ele queria que nós parássemos de brigar, fez aquilo, não sabia como desfazer. Ele ficou estupefato! Não preciso contar que estupafatos ficamos nós que viajamos sem falar com ele.
Ainda numa outra viagem, já éramos um pouco maiores, fomos até Curitiba de Belina. Na volta, meu pai constatou que estávamos gordas (há anos!) e sedentárias. E começou, desesperadamente, a tentar fazer com que caminhássemos mais, comêssemos mais frutas etc. Então, estupefato que ele estava nos proibiu de comer tudo que continha farináceos (bolachas, salgadinhos etc).
Não preciso contar que além de
Estupefato, usamos a expressão (eu e Mari) de proibir os farináceos quando queremos falar de um ato radical, desesperado de alguém.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Códigos de casa 4
"desse aí tem mais?"
A Caro - maneira como chamamos Carolina lá em casa - vivia sozinha no apartamento que hoje vem a ser minha casa. Estava no primeiro ano de faculdade ou estudando para o vestibular. Tinha uns vinte anos. Eu tinha meus 14. Nossa irmã Mariana, que vivia com a Caro nesse apartamento, havia fugido para Florianópolis (Viram? Sempre falo que sou a menos rebelde de todas!).
Restamos as duas e meu irmão em Porto Alegre (a Luci - mais velha- vivia em Dom Pedrito). Eu e o Fer, pequenos, ainda morávamos com a mãe.
Minha melhor amiga na escola (a Fê) e eu, decidimos então que nosso QG
seria o famoso apartamento de minha irmã. E ali nos concentrávamos dia sim, dia também para irmos ao Mapa da
Cidade. Ah! Bons tempos de mapa e de mapejo (ato de ir ao mapa, de aproveitar o mapa!)... Bem, começamos a ter (nós três porque a Caro era nossa maior mentora) uma enorme turma de amigos que saiam conosco. Oasis (era parecido com os irmãos) e Gordinho (que na verdade era bastante gordo, Obesidade mesmo) eram dois deles.
Gordinho virou um grude. E sempre nos encontrava para irmos juntos para a festa.
Certa noite estávamos nos arrumando para sair e a Caro fez uns sanduíches (com o tradicional pão de cebola - arght!). Naquela época ela economizava muito, pois dava algumas aulas de inglês e tinha que se manter com aquele dinheiro. Logo, o pacote de pão durava uns 4 dias.
Comemos todos o sanduíche e ela ofereceu outro a todos. Evidente que o fez apenas por educação pois todos já haviam jantado, exceto nós duas. Gordinho aceitou e a Caro fez
Outro e percebeu que o pão havia acabado. Ele enfiou o sanduíche na
Boca com duas enormes mordidas/bocadas e perguntou com a boca ainda Cheia: "desse aí tem mais?!".
Desde então, quando queremos repetir algo indevido (tipo aquela torta ou pastelão já dividido nas exatas fatias dos sentados à mesa), quando queremos uma guloisema na casa do outro ou quando apenas
Queremos repetir por gula, usamos a expressão.
Parece que o Gordinho emagreceu. Não o vemos há anos! Mas a gula dele segue em nossos códigos.
A Caro - maneira como chamamos Carolina lá em casa - vivia sozinha no apartamento que hoje vem a ser minha casa. Estava no primeiro ano de faculdade ou estudando para o vestibular. Tinha uns vinte anos. Eu tinha meus 14. Nossa irmã Mariana, que vivia com a Caro nesse apartamento, havia fugido para Florianópolis (Viram? Sempre falo que sou a menos rebelde de todas!).
Restamos as duas e meu irmão em Porto Alegre (a Luci - mais velha- vivia em Dom Pedrito). Eu e o Fer, pequenos, ainda morávamos com a mãe.
Minha melhor amiga na escola (a Fê) e eu, decidimos então que nosso QG
seria o famoso apartamento de minha irmã. E ali nos concentrávamos dia sim, dia também para irmos ao Mapa da
Cidade. Ah! Bons tempos de mapa e de mapejo (ato de ir ao mapa, de aproveitar o mapa!)... Bem, começamos a ter (nós três porque a Caro era nossa maior mentora) uma enorme turma de amigos que saiam conosco. Oasis (era parecido com os irmãos) e Gordinho (que na verdade era bastante gordo, Obesidade mesmo) eram dois deles.
Gordinho virou um grude. E sempre nos encontrava para irmos juntos para a festa.
Certa noite estávamos nos arrumando para sair e a Caro fez uns sanduíches (com o tradicional pão de cebola - arght!). Naquela época ela economizava muito, pois dava algumas aulas de inglês e tinha que se manter com aquele dinheiro. Logo, o pacote de pão durava uns 4 dias.
Comemos todos o sanduíche e ela ofereceu outro a todos. Evidente que o fez apenas por educação pois todos já haviam jantado, exceto nós duas. Gordinho aceitou e a Caro fez
Outro e percebeu que o pão havia acabado. Ele enfiou o sanduíche na
Boca com duas enormes mordidas/bocadas e perguntou com a boca ainda Cheia: "desse aí tem mais?!".
Desde então, quando queremos repetir algo indevido (tipo aquela torta ou pastelão já dividido nas exatas fatias dos sentados à mesa), quando queremos uma guloisema na casa do outro ou quando apenas
Queremos repetir por gula, usamos a expressão.
Parece que o Gordinho emagreceu. Não o vemos há anos! Mas a gula dele segue em nossos códigos.
Códigos de casa 3
"essa vai para o caderninho de deboches" e "eu tenho medo. Eu não tenho mais dez anos"
Minhas irmãs Carolina e Mariana nunca foram flor que se cheire em
Matéria de seriedade. Amam rir dos outros e com os outros! São, em nossa escadinha de cinco, as duas irmãs mais próximas de idade e, por isso, implicam-se mutuamente. Isso ocorre desde que o mundo é mundo! Se uma tinha a blusa tal, a outra também tinha que ter, se uma recebia atenção da mãe com tal tema, a outra também queria. Isso foi tão longe que ambas tiveram filhos quase juntos!
Mas além de gastarem parte (cada vez menor) de seu tempo implicando uma com a outra, elas riem juntas dos outros. Debocham mesmo. Da boca da minha mãe, da cara de nossa irmã mais velha, do mal humor de meu pai. Riem de tudo. Debocham e tem crises de risos que muitas vezes irritam a todos.
Quando era adolescente, Carolina começou a anotar as coisas ridículas ditas ou feitas pelos outros que motivavam tais ataques de riso. Chamou a isso de "caderninho de deboches". Por exemplo, determinada guria, lá em Pedro Osório, tinha 18 anos e um guri de 15 queria sair com ela. Ela disse: "Eu tenho medo, não tenho mais dez anos". Pronto. Virou um grande deboche (e um código de Família para quando as pessoas são ridículas!).
Até hoje, lá em casa, quando alguém faz algo que julgamos engraçado ou ridículo, dizemos: "essa vai para o caderninho de deboches". O caderno não existe há anos. Mas os deboches... Não param de crescer!
Minhas irmãs Carolina e Mariana nunca foram flor que se cheire em
Matéria de seriedade. Amam rir dos outros e com os outros! São, em nossa escadinha de cinco, as duas irmãs mais próximas de idade e, por isso, implicam-se mutuamente. Isso ocorre desde que o mundo é mundo! Se uma tinha a blusa tal, a outra também tinha que ter, se uma recebia atenção da mãe com tal tema, a outra também queria. Isso foi tão longe que ambas tiveram filhos quase juntos!
Mas além de gastarem parte (cada vez menor) de seu tempo implicando uma com a outra, elas riem juntas dos outros. Debocham mesmo. Da boca da minha mãe, da cara de nossa irmã mais velha, do mal humor de meu pai. Riem de tudo. Debocham e tem crises de risos que muitas vezes irritam a todos.
Quando era adolescente, Carolina começou a anotar as coisas ridículas ditas ou feitas pelos outros que motivavam tais ataques de riso. Chamou a isso de "caderninho de deboches". Por exemplo, determinada guria, lá em Pedro Osório, tinha 18 anos e um guri de 15 queria sair com ela. Ela disse: "Eu tenho medo, não tenho mais dez anos". Pronto. Virou um grande deboche (e um código de Família para quando as pessoas são ridículas!).
Até hoje, lá em casa, quando alguém faz algo que julgamos engraçado ou ridículo, dizemos: "essa vai para o caderninho de deboches". O caderno não existe há anos. Mas os deboches... Não param de crescer!
domingo, 25 de setembro de 2011
Códigos de casa 2
"Juro por Deus..."
Éramos todos muito pequenos, vivíamos em Pedro Osório. Todas éramos (e ainda somos) muito comilonas. Muitas vezes, minha mãe cozinhava no sábado, deixando o almoço de domingo pronto. Naquele domingo teríamos bifes à milanesa, um dos melhores pratos feitos por ela. Imaginem a dificuldade em garantir que nenhum de nós atacássemos a comida antes da hora! Quase impossível!
Na manhã de domingo um dos bifes apareceu mordido na geladeira. E não era qualquer mordida. Eram dentes exatamente iguais aos meus. Imediatamente, minha mãe, aos gritos, me condenou. Afinal, eu era a única dentuça da casa! Eu não havia comido o bife, aliás, nunca fui apaixonada por eles. Logo, fiz o habitual em minha família: "mãe! Juro por Deus que não comi!". Todos riram e indignaram-se pois tinham certeza que eu estava jurando em falso. Logo em seguida, em outra ocasião, fui jurar por Deus e minha irmã respondeu: mataste Deus na vez do bife! Eis que eu digo: então eu juro por ele morto!
Desde então, quando temos que garantir que algo é verdade nos saímos com essa lembrança!
Sobre os bifes? Bem, mais de quinze anos passados, minha irmã Carolina, que naquela ocasião fazia dieta com um caro endocrinologista, admitiu que o mordeu e simulou minha dentição! Para vocês verem o nível de esfomeados que somos lá em casa! Por 15 anos carreguei a culpa de mentir para que ela desse uma mordida no bife de domingo!
Éramos todos muito pequenos, vivíamos em Pedro Osório. Todas éramos (e ainda somos) muito comilonas. Muitas vezes, minha mãe cozinhava no sábado, deixando o almoço de domingo pronto. Naquele domingo teríamos bifes à milanesa, um dos melhores pratos feitos por ela. Imaginem a dificuldade em garantir que nenhum de nós atacássemos a comida antes da hora! Quase impossível!
Na manhã de domingo um dos bifes apareceu mordido na geladeira. E não era qualquer mordida. Eram dentes exatamente iguais aos meus. Imediatamente, minha mãe, aos gritos, me condenou. Afinal, eu era a única dentuça da casa! Eu não havia comido o bife, aliás, nunca fui apaixonada por eles. Logo, fiz o habitual em minha família: "mãe! Juro por Deus que não comi!". Todos riram e indignaram-se pois tinham certeza que eu estava jurando em falso. Logo em seguida, em outra ocasião, fui jurar por Deus e minha irmã respondeu: mataste Deus na vez do bife! Eis que eu digo: então eu juro por ele morto!
Desde então, quando temos que garantir que algo é verdade nos saímos com essa lembrança!
Sobre os bifes? Bem, mais de quinze anos passados, minha irmã Carolina, que naquela ocasião fazia dieta com um caro endocrinologista, admitiu que o mordeu e simulou minha dentição! Para vocês verem o nível de esfomeados que somos lá em casa! Por 15 anos carreguei a culpa de mentir para que ela desse uma mordida no bife de domingo!
Códigos de casa 1
"pior que isso só se os pirata nos atacar"
Minha mãe exercia a magistratura em Rio Grande. Como de costume, naquela época, durante um dia da semana era também juíza substituta em outro município. São José do Norte era a cidade da vez.
Essa pequena cidade acolhedora e muito bonitinha é separada de Rio Grande pelas águas! Ou seja, para chegar até lá é necessário tomar um barco. Os barcos são antigos, balançam muito e provocam enjôos.
Era dia de temporal. Os ventos do oceano e da lagoa dos patos faziam com que o balanço do barco quase encostasse suas laterais na água. Eis que aproxima-se de minha mãe um advogado. Minha mãe, que jura por Deus Morto que estava super tranqüila (outro código a ser contado) imagina que ele chega para acalma-la, já que cinco filhos ainda pequenos a aguardam em casa. Não. Desesperado de medo, quase chorando, o advogado agarra o braço dela e grita: "Dra! Pior que isso só se os pirata nós atacar!".
Desde então, sempre a coisa está braba, usamos a expressão. É uma forma de garantir o bom humor mesmo quando o barco está quase virando!
Minha mãe exercia a magistratura em Rio Grande. Como de costume, naquela época, durante um dia da semana era também juíza substituta em outro município. São José do Norte era a cidade da vez.
Essa pequena cidade acolhedora e muito bonitinha é separada de Rio Grande pelas águas! Ou seja, para chegar até lá é necessário tomar um barco. Os barcos são antigos, balançam muito e provocam enjôos.
Era dia de temporal. Os ventos do oceano e da lagoa dos patos faziam com que o balanço do barco quase encostasse suas laterais na água. Eis que aproxima-se de minha mãe um advogado. Minha mãe, que jura por Deus Morto que estava super tranqüila (outro código a ser contado) imagina que ele chega para acalma-la, já que cinco filhos ainda pequenos a aguardam em casa. Não. Desesperado de medo, quase chorando, o advogado agarra o braço dela e grita: "Dra! Pior que isso só se os pirata nós atacar!".
Desde então, sempre a coisa está braba, usamos a expressão. É uma forma de garantir o bom humor mesmo quando o barco está quase virando!
Dica de leitura
Leve e lindo. "códigos de família", de Zélia Gattai, é daqueles livros gostosos que passam pela rotina dos Gattai Amado, por casos engraçados envolvendo grandes artistas e intelectuais.
Nossa! Me deliciei recordando códigos meus e de minha enorme, confusa e divertida família. Quando Flavinha me presenteou no aniversário, sugeriu que ele serviria como inspiração para que eu contasse os causos dos Pinto Vieira + d'Avila + Vellinho. Acabei lista to alguns. Espero começar a contar.
Leiam, divirtam-se e, depois, inspirem-se em compartilhar conosco!
Nossa! Me deliciei recordando códigos meus e de minha enorme, confusa e divertida família. Quando Flavinha me presenteou no aniversário, sugeriu que ele serviria como inspiração para que eu contasse os causos dos Pinto Vieira + d'Avila + Vellinho. Acabei lista to alguns. Espero começar a contar.
Leiam, divirtam-se e, depois, inspirem-se em compartilhar conosco!
sábado, 24 de setembro de 2011
Dica de leitura
É difícil dizer que determinado livro me deixou frustrada. Mas "A elegância do ouriço", de Muriel Barbery, fez com que eu me sentisse assim. É um bom livro. Mas a construção dos personagens é muito superior ao enredo. Os personagens são sedutores. Engraçado pois 200 das 300 páginas parecem versar sobre o mesmo tempo. Então, chegam as ultimas 100. E são ótimas!
Esquisito!
Esquisito!
Volta para casa
Dia de voltar para casa. 14 horas até os EUA, mais 9 horas até São Paulo, mais 1h30 até Porto Alegre. Tudo isso com fila de raio X, passaporte, imigração etc. É exaustivo. Mas valeu a pena.
Foi um choque de mundo, digamos assim. Com um mundo que muda cada vez mais, e que chineses e indianos ganham protagonismo cada vez maior, entender o que eles pensam, como formulam seus pensamentos é central para as relações do Brasil.
A construção de uma agenda comum de DH, passa pela compreensão de como as grandes nações formulam sua pauta.
---------------
De volta ao trabalho no Brasil
Chego domingo pela noite e na segunda cedo acontecerá algo bem importante para a Comissão de DH. Daremos início ao nosso ciclo de debates em parceria com a CUFA sobre DH, juventude e desenvolvimento.
Faremos 5 etapas. Porto Alegre, Fortaleza, Manaus, Rio e Brasília. Os temas serão Território (questão urbana e rural), Educação, saúde, trabalho, respectivamente. O ultimo, em Brasília, será um fechamento.
Participarão especialistas, entidades, ministros. Todos estão convidados.
Beijos. devo voltar por aqui com muitos livros lidos... Restam 3 pequenos dos 5 que trouxe...
Foi um choque de mundo, digamos assim. Com um mundo que muda cada vez mais, e que chineses e indianos ganham protagonismo cada vez maior, entender o que eles pensam, como formulam seus pensamentos é central para as relações do Brasil.
A construção de uma agenda comum de DH, passa pela compreensão de como as grandes nações formulam sua pauta.
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De volta ao trabalho no Brasil
Chego domingo pela noite e na segunda cedo acontecerá algo bem importante para a Comissão de DH. Daremos início ao nosso ciclo de debates em parceria com a CUFA sobre DH, juventude e desenvolvimento.
Faremos 5 etapas. Porto Alegre, Fortaleza, Manaus, Rio e Brasília. Os temas serão Território (questão urbana e rural), Educação, saúde, trabalho, respectivamente. O ultimo, em Brasília, será um fechamento.
Participarão especialistas, entidades, ministros. Todos estão convidados.
Beijos. devo voltar por aqui com muitos livros lidos... Restam 3 pequenos dos 5 que trouxe...
Últimas da China
Tentei passar para vocês (apesar da dificuldade de escrever no celular e estar sem internet) um pouco daquilo que vi na China. Percebi um esforço grande deles em debater direitos humanos, em ultrapassar as barreiras que contrapõem aos ESC (econômicos, sociais e culturais) dos CP (civis e políticos). Percebo também esse esforço nas representações sociais da Europa. Essas mantém a antiga tradição de reconhecer aquilo que seus governos vem, aos poucos, negando: é preciso perceber o ser humano na sua integralidade de direitos e reconhecer a diversidade como algo a ser respeitado e não combatido. A maravilha da humanidade está justo na sua diversidade.
Os chineses usam bastante a expressão "ponte". A utilizam para expressar as posições intermediárias, oriundas do diálogo, da construção coletiva. Saio daqui com a convicção renovada de que o Brasil e os países latinos tem todas a potencialidade de ser essa ponte entre os orientais e o norte do ocidente. Sabemos o que significa cada uma das cinco dimensões dos DH. Sabemos que economia, sociedade e cultura precisam de desenvolver para que vivamos com dignidade. Mas também sabemos, após 25 anos do fim da ditadura militar, o quanto a participação política da sociedade em sua diversidade pode contribuir com esse desenvolvimento. Somos a sociedade que luta para desenvolver os DH em sua plenitude. E que precisa avançar - eu sei bem disso - em todas as dimensões.
Ser ponte é sempre melhor do que ser o senhor da guerra. Fico sempre feliz em ser brasileira.
Os chineses usam bastante a expressão "ponte". A utilizam para expressar as posições intermediárias, oriundas do diálogo, da construção coletiva. Saio daqui com a convicção renovada de que o Brasil e os países latinos tem todas a potencialidade de ser essa ponte entre os orientais e o norte do ocidente. Sabemos o que significa cada uma das cinco dimensões dos DH. Sabemos que economia, sociedade e cultura precisam de desenvolver para que vivamos com dignidade. Mas também sabemos, após 25 anos do fim da ditadura militar, o quanto a participação política da sociedade em sua diversidade pode contribuir com esse desenvolvimento. Somos a sociedade que luta para desenvolver os DH em sua plenitude. E que precisa avançar - eu sei bem disso - em todas as dimensões.
Ser ponte é sempre melhor do que ser o senhor da guerra. Fico sempre feliz em ser brasileira.
Um pouco mais da China
Ela é uma jovem chinesa comum. Estuda, não trabalha para o governo, filha única. Passou um tempo na Europa e ficou chocada com a falta de informação dos europeus sobre o seu país: "eles me perguntavam se eu ainda tenho que subir montanhas para ir à escola".
Pela maneira como descreveu acredito que tenha sentido como nós, brasileiros, nos sentimos quando crêem que vivemos na selva e que todas as mulheres são prostitutas no Brasil. Reclamou da visão de DH dos europeus: "eles nem imaginam o que é um povo morrer de fome aos milhares. Só sabem que os chineses fazem aborto de filhas mulheres, que é algo bem antigo (não é muito comum mais). Mas não questionam aos países e aos EUA que também tem aborto legalizado. Questionam o limite de filhos (agora os filhos únicos podem ter dois filhos, assim como as minorias étnicas sempre puderam e os demais podem -desde que paguem uma multa por isso, algo como um imposto). Não sabem que não temos previdência e que o limite de filhos tem relação, além da miséria, com a manutenção dos pais quando estejam velhos. Um casal poderia sustentar 4 mais a criança! Ou seja, não sabem que respeitamos aos nossos velhos. Não sabem nada. Lêem o que dizem os jornais dos EUA e simplesmente copiam." Ela não ficou impressionada pela crítica, apenas. Mas pela agressividade e desconhecimeto. Pela radicalidade incoerente (o aborto nos EUA é direito da mulher, na China um absurdo). Na China perguntam se trabalhadores tem férias, nos EUA não existem direitos trabalhistas tambem.
Evidente que ela tem muitas críticas ao seu país. Acha o povo pouco criativo e muito competitivo. Acha uma droga as restrições ao uso da internet (o que eu, particularmente, para além de achar absurdo, acho insustentável. Não há como garantir que um povo esteja conectado ao mundo dos negócios, da educação, como eles estão, sem estarem conectados a maneira como nos comunicamos nesses dias. Acho bem atrasadas as medidas que proíbem uso de face, twitter, por exemplo. Além disso, como bem sabemos, basta hospedar em outro endereço e eles usam... Aos montes!). Ela acha que os jovens chineses são alienados. Eu pergunto se ela não percebe que em todo mundo existem jovens como ela, que questionam muito e outros tantos que simplesmente seguem a fila, tocam a vida no mesmo caminho que todos os outros. Ela se põe a refletir.
Ao fim concluo: ela é uma jovem. É chinesa, é verdade. Mas é apenas uma jovem. Com críticas a tudo o que está errado em seu país mas com um amor tremendo a tudo o que seu povo já conseguiu produzir. Que conseguiu ver, de perto quando estudou na Europa, que embora mais de 500 anos tenham passado desde a grande época das navegações, os ocidentais continuam acreditando que logo ali o globo terrestre acaba. Que é quadrado e que monstros (seriam os dragões, no passado?) esperam aos navegadores. Mudaram apenas o nome do monstro. Agora, é a China e sua cultura.
Pela maneira como descreveu acredito que tenha sentido como nós, brasileiros, nos sentimos quando crêem que vivemos na selva e que todas as mulheres são prostitutas no Brasil. Reclamou da visão de DH dos europeus: "eles nem imaginam o que é um povo morrer de fome aos milhares. Só sabem que os chineses fazem aborto de filhas mulheres, que é algo bem antigo (não é muito comum mais). Mas não questionam aos países e aos EUA que também tem aborto legalizado. Questionam o limite de filhos (agora os filhos únicos podem ter dois filhos, assim como as minorias étnicas sempre puderam e os demais podem -desde que paguem uma multa por isso, algo como um imposto). Não sabem que não temos previdência e que o limite de filhos tem relação, além da miséria, com a manutenção dos pais quando estejam velhos. Um casal poderia sustentar 4 mais a criança! Ou seja, não sabem que respeitamos aos nossos velhos. Não sabem nada. Lêem o que dizem os jornais dos EUA e simplesmente copiam." Ela não ficou impressionada pela crítica, apenas. Mas pela agressividade e desconhecimeto. Pela radicalidade incoerente (o aborto nos EUA é direito da mulher, na China um absurdo). Na China perguntam se trabalhadores tem férias, nos EUA não existem direitos trabalhistas tambem.
Evidente que ela tem muitas críticas ao seu país. Acha o povo pouco criativo e muito competitivo. Acha uma droga as restrições ao uso da internet (o que eu, particularmente, para além de achar absurdo, acho insustentável. Não há como garantir que um povo esteja conectado ao mundo dos negócios, da educação, como eles estão, sem estarem conectados a maneira como nos comunicamos nesses dias. Acho bem atrasadas as medidas que proíbem uso de face, twitter, por exemplo. Além disso, como bem sabemos, basta hospedar em outro endereço e eles usam... Aos montes!). Ela acha que os jovens chineses são alienados. Eu pergunto se ela não percebe que em todo mundo existem jovens como ela, que questionam muito e outros tantos que simplesmente seguem a fila, tocam a vida no mesmo caminho que todos os outros. Ela se põe a refletir.
Ao fim concluo: ela é uma jovem. É chinesa, é verdade. Mas é apenas uma jovem. Com críticas a tudo o que está errado em seu país mas com um amor tremendo a tudo o que seu povo já conseguiu produzir. Que conseguiu ver, de perto quando estudou na Europa, que embora mais de 500 anos tenham passado desde a grande época das navegações, os ocidentais continuam acreditando que logo ali o globo terrestre acaba. Que é quadrado e que monstros (seriam os dragões, no passado?) esperam aos navegadores. Mudaram apenas o nome do monstro. Agora, é a China e sua cultura.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Mídia e DH
O Grande momento em minha avaliação acaba de acontecer. Kolbl, professor da Universidade de Lausanne (Alemanha) fez uma apresentação sobre mídia e DH, comparando o tratamento ao tema China e DH no New York Times (EUA), The Independent (Inglaterra) e Liberation (França). Trabalhou com cem artigos de cada um, depois dos jogos olímpicos de 2008. E usou o conceito da ONU de DH.
Os números surpreendem. Dos artigos, quase a totalidade trabalha DH como algo apenas vinculado aos direitos políticos (NYT 73%, TI 69 e Lib 65%). já sobre os direitos econômicos, sociais e culturais (ESC) apenas 9, 5 e 10, respectivamente. Ou seja, saúde, educação, moradia... Não são para os jornais matéria dos DH. O tema dos ESC aparece apenas nos desastres naturais.
Outra informação que difere Europa dos EUA. Quem define o que são DH para cada jornal. Nos EUA, 68% dos artigos são baseados em informações de ONGS. Na Europa esse número é inferior a 30% e o Estado passa ser central na conceituação de DH.
Outra informação muito interessante: qual o principal país debatido nesses artigos? No jornal americano é sempre a China. O próprio país vem em 5o lugar! Nos dois jornais europeus o próprio país é tema prioritário de debate. A China vem depois. Ou seja, cuidam mais de si do que dos outros, lição ensinada pelos nossos pais quando somos ainda crianças!
Acho muito revelador tambem que apenas 1% dos jornalistas usam como critério a declaração universal de DH, usam conceitos seus, distantes inclusive, segundo a pesquisa, dos anseios do povo de seus países (os americanos preocupados com saúde, por exemplo, e os jornais trabalhando com a China!). Achei legal ele abordar que no Brasil os temas mais tratados são educação e saúde, respectivamente.
Kolbl apresentou uma síntese histórica bem reveladora sobre DH e ciclos históricos dos países. Na década de 50, a China tentava garantir os ESC. A Europa saia da II Guerra Mundial. Decorre disso, dos abusos do nazismo, a corte européia de DH tão forte, lutando para mediar a violência de Estado. Nos EUA, no mesmo período, se lutava contra o comunismo. Logo, DH, sempre foi pretexto para a guerra. Naquele momento a guerra fria.
É péssimo contar para vocês escrevendo pelo celular... Mas é o que consigo!
Os números surpreendem. Dos artigos, quase a totalidade trabalha DH como algo apenas vinculado aos direitos políticos (NYT 73%, TI 69 e Lib 65%). já sobre os direitos econômicos, sociais e culturais (ESC) apenas 9, 5 e 10, respectivamente. Ou seja, saúde, educação, moradia... Não são para os jornais matéria dos DH. O tema dos ESC aparece apenas nos desastres naturais.
Outra informação que difere Europa dos EUA. Quem define o que são DH para cada jornal. Nos EUA, 68% dos artigos são baseados em informações de ONGS. Na Europa esse número é inferior a 30% e o Estado passa ser central na conceituação de DH.
Outra informação muito interessante: qual o principal país debatido nesses artigos? No jornal americano é sempre a China. O próprio país vem em 5o lugar! Nos dois jornais europeus o próprio país é tema prioritário de debate. A China vem depois. Ou seja, cuidam mais de si do que dos outros, lição ensinada pelos nossos pais quando somos ainda crianças!
Acho muito revelador tambem que apenas 1% dos jornalistas usam como critério a declaração universal de DH, usam conceitos seus, distantes inclusive, segundo a pesquisa, dos anseios do povo de seus países (os americanos preocupados com saúde, por exemplo, e os jornais trabalhando com a China!). Achei legal ele abordar que no Brasil os temas mais tratados são educação e saúde, respectivamente.
Kolbl apresentou uma síntese histórica bem reveladora sobre DH e ciclos históricos dos países. Na década de 50, a China tentava garantir os ESC. A Europa saia da II Guerra Mundial. Decorre disso, dos abusos do nazismo, a corte européia de DH tão forte, lutando para mediar a violência de Estado. Nos EUA, no mesmo período, se lutava contra o comunismo. Logo, DH, sempre foi pretexto para a guerra. Naquele momento a guerra fria.
É péssimo contar para vocês escrevendo pelo celular... Mas é o que consigo!
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Dilma na ONU
Com orgulho assisti e li ao discurso da presidenta Dilma. Orgulho de termos eleito uma mulher - e por isso ela estar ali; orgulho de estarmos de cabeça erguida diante da grave crise que o mundo vive; orgulho por termos erguido alto a bandeira contra a violação de DH de populações civis (recado corajoso aos amantes da guerra); orgulho de ter visto nossa presidenta defender o ingresso da Palestina na ONU.
Grande momento para mim que nasci mulher e brasileira, como ela.
Grande momento para nós que acreditamos num mundo com paz!
Grande momento para mim que nasci mulher e brasileira, como ela.
Grande momento para nós que acreditamos num mundo com paz!
Notas inusitadas
Eu estava de olho nas anotações de um dos convidados, que o fazia inglês. Pronto. Ele passou a escrever em sua língua. Ou seja, me pegou. Que horror de vergonha.
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Eu trocava fácil o nosso hábito do café pelo chá verde deles.
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Amo a calma dos chineses e alguns árabes. Dão a impressão que nada no mundo é capaz de retira-los daquele ambiente de tranqüila reflexão. Como se todos indivíduos carregassem os cinco mil anos de civilização
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Hoje, dia 23, pela tarde, participarei de um programa de entrevistas da TV chinesa. 600 milhões é a audiência. Que tal?
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Eu trocava fácil o nosso hábito do café pelo chá verde deles.
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Amo a calma dos chineses e alguns árabes. Dão a impressão que nada no mundo é capaz de retira-los daquele ambiente de tranqüila reflexão. Como se todos indivíduos carregassem os cinco mil anos de civilização
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Hoje, dia 23, pela tarde, participarei de um programa de entrevistas da TV chinesa. 600 milhões é a audiência. Que tal?
A manhã foi de debates em grupo. São espaços importantes mas mais difusos.
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Participam 26 países e mais de cem organizações.
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Os debates - pela proximidade geográfica- são bastante centrados na questão da cultura tradicional X DH. Em como as constituições e leis podem garantir determinados direitos e a cultura tradicional negar. E em quais limites as leis podem oprimir valores tradicionais.
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Ao contrário do que gostam de dizer alguns jornalistas, o debate aqui é muito vivo. Agora mesmo um dos chineses fez uma forte fala sobre valores tradicionais e DH, questionando a outro.
Perguntava: o que são valores tradicionais e quem pactua que esses são também de todos os indivíduos. (é sempre trabalhado o tema da idéia de direito coletivo x direito individual. Os orientais, segundo vários participantes, tem a idéia de indivíduo muito menos sólida que os ocidentais).
Dizia o chinês: o direito de discordar, de não pertencer a cultura tradicional deve ser preservado.
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Cultura dominante x outras culturas
E a opressão. Vivemos isso com as culturas indígenas, por exemplo, no Brasil.
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Hanif, coordenador geral da Undesa da ONU, trabalha com a idéia de que essa contradição entre individualismo e busca do bem comum (ou sociedade) foi construída artificialmente durante os anos 80. A cultura se manifesta e é construída a partir dos indivíduos. Ou seja, não existe uma cultura geral sem esse papel individual.
Diz ele: orientais e ocidentais buscam, de forma diferentes, a dignidade humana. Nenhum povo se orienta para seu mal.
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Esse é de fato um debate central dos DH. O tema da liberdade e direitos das mulheres esbarrou, em todo mundo, em chamados valores tradicionais. Mas nós, aos poucos, fomos mudando a cultura e as leis, simultaneamente. Basta ver que no Brasil temos a Lei Maria da Penha e ainda temos muitas mulheres agredidas.
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Ou seja, a cultura não pode ser o argumento (como foi historicamente) para racismo, opressão de mulheres, gays, opressão religiosa. Nenhuma cultura ou valor pode de impor sobre outro.
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O que eu disse? Que não acho que o mundo seja dividido apenas entre Ocidente e Oriente. Mas que a América Latina e África são diferentes da Europa. E que talvez nos tenhamos muito para falar tambem. E que esse conceito me parece velho, antigo, superado. De um outro tempo, antes da crise mundial, do Bric, das mudanças pelas quais estamos passando.
Nao há Cristo que me convença que a América Latina é como a Europa ou os EUA na forma como tratamos indivíduo e sociedade. Somos um mix. Evidente que somos ocidentais. Estou na China! São óbvias as nossa diferenças.
Mas o mundo não é mais apenas ocidente e Oriente.
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Fiz amizade com uma juíza da corte européia de DH e pude conversar bastante (nos intervalos) sobre o papel da Corte nas mediações de conflitos com imigrantes. O grande problema da Europa há anos, ampliado pela crise. Isso é novo para nosso país (basta ver os bolivianos e haitianos)
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Maior preocupação é com a falta de jovens nesses espaços! Como a renovação é baixa na política do mundo inteiro.
Participam 26 países e mais de cem organizações.
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Os debates - pela proximidade geográfica- são bastante centrados na questão da cultura tradicional X DH. Em como as constituições e leis podem garantir determinados direitos e a cultura tradicional negar. E em quais limites as leis podem oprimir valores tradicionais.
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Ao contrário do que gostam de dizer alguns jornalistas, o debate aqui é muito vivo. Agora mesmo um dos chineses fez uma forte fala sobre valores tradicionais e DH, questionando a outro.
Perguntava: o que são valores tradicionais e quem pactua que esses são também de todos os indivíduos. (é sempre trabalhado o tema da idéia de direito coletivo x direito individual. Os orientais, segundo vários participantes, tem a idéia de indivíduo muito menos sólida que os ocidentais).
Dizia o chinês: o direito de discordar, de não pertencer a cultura tradicional deve ser preservado.
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Cultura dominante x outras culturas
E a opressão. Vivemos isso com as culturas indígenas, por exemplo, no Brasil.
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Hanif, coordenador geral da Undesa da ONU, trabalha com a idéia de que essa contradição entre individualismo e busca do bem comum (ou sociedade) foi construída artificialmente durante os anos 80. A cultura se manifesta e é construída a partir dos indivíduos. Ou seja, não existe uma cultura geral sem esse papel individual.
Diz ele: orientais e ocidentais buscam, de forma diferentes, a dignidade humana. Nenhum povo se orienta para seu mal.
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Esse é de fato um debate central dos DH. O tema da liberdade e direitos das mulheres esbarrou, em todo mundo, em chamados valores tradicionais. Mas nós, aos poucos, fomos mudando a cultura e as leis, simultaneamente. Basta ver que no Brasil temos a Lei Maria da Penha e ainda temos muitas mulheres agredidas.
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Ou seja, a cultura não pode ser o argumento (como foi historicamente) para racismo, opressão de mulheres, gays, opressão religiosa. Nenhuma cultura ou valor pode de impor sobre outro.
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O que eu disse? Que não acho que o mundo seja dividido apenas entre Ocidente e Oriente. Mas que a América Latina e África são diferentes da Europa. E que talvez nos tenhamos muito para falar tambem. E que esse conceito me parece velho, antigo, superado. De um outro tempo, antes da crise mundial, do Bric, das mudanças pelas quais estamos passando.
Nao há Cristo que me convença que a América Latina é como a Europa ou os EUA na forma como tratamos indivíduo e sociedade. Somos um mix. Evidente que somos ocidentais. Estou na China! São óbvias as nossa diferenças.
Mas o mundo não é mais apenas ocidente e Oriente.
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Fiz amizade com uma juíza da corte européia de DH e pude conversar bastante (nos intervalos) sobre o papel da Corte nas mediações de conflitos com imigrantes. O grande problema da Europa há anos, ampliado pela crise. Isso é novo para nosso país (basta ver os bolivianos e haitianos)
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Maior preocupação é com a falta de jovens nesses espaços! Como a renovação é baixa na política do mundo inteiro.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Vitórias de nosso povo
Numa casa como a Câmara, com permanentes contradições decorrentes de sua composição, não é sempre que podemos declarar que o povo teve uma vitória esmagadora.
Assim foi a noite de hoje.
Em um mesmo dia aprovar a emenda constitucional 29 e a criação da Comissão da Verdade é garantir direitos distintos mas fundamentais para nossa população.
De um lado, mais recursos para a saúde pública. Não é preciso falar muito sobre a necessidade. Todos sabem dos porquês ou vivem isso em seus cotidianos.
Já a Comissão da Verdade emociona a todos os que querem que a história seja Contada pelos vitoriosos. E quem venceu foram os brasileiros que lutaram pela democracia.
Aqui, de longe, fico emocionada com o dia que o Brasil vive.
Assim foi a noite de hoje.
Em um mesmo dia aprovar a emenda constitucional 29 e a criação da Comissão da Verdade é garantir direitos distintos mas fundamentais para nossa população.
De um lado, mais recursos para a saúde pública. Não é preciso falar muito sobre a necessidade. Todos sabem dos porquês ou vivem isso em seus cotidianos.
Já a Comissão da Verdade emociona a todos os que querem que a história seja Contada pelos vitoriosos. E quem venceu foram os brasileiros que lutaram pela democracia.
Aqui, de longe, fico emocionada com o dia que o Brasil vive.
Recursos para a saúde e direito à memória
Acompanho, noite a dento (aqui já é noite e estou virada pelo efeito do fuso) os acordos feitos para garantir entrada na pauta de dois temas muito importantes: emenda 29 e comissão da verdade. De um lado, há um lado furioso comigo por estar trabalhando aqui e não votando esses dois temas que serão votados por consenso (meu voto não fará falta, portanto). São dois temas muito especiais para os Direitos Humanos. Recursos para a saúde e direito à memória. Mas não havia como prever o acordo e de eu estivesse mais perto voltaria.
Mas como eu não sou nada perto da relevância desses temas torço para que o acordo seja feito, a votação garantida e o povo saia ganhando!
Mas como eu não sou nada perto da relevância desses temas torço para que o acordo seja feito, a votação garantida e o povo saia ganhando!
Primeiros debates
Primeiro turno de debates está sendo incrível! Como lamento estar sem o twitter!
Tivemos um belo debate com mais de 15 expositores. Três, em especial, me chamaram a atenção.
Um francês, chamado Bercis, presidente da Associação dos Novos direitos humanos, membro da comissão nacional francesa de Direitos Humanos. Ele tratou dos chamados novos direitos humanos e da questão das diferenças entre oriente e ocidente. E afirmou que a China deveria ser o porta voz de novos direitos básicos para a sociedade. Direitos como a paz, num mundo em que os EUA conduzem tantas guerras. Direitos como a liberdade religiosa e o estado laico, num mundo cada vez mais intolerante. Direitos como a ciência que liberta (sem patentes), ciência para todos e não para alguns.
Outra ótima apresentação foi do holandês Zwart, professor de Direito de Utrecht, uma das maiores universidades do mundo. Fez uma belíssima apresentação sobre diferenças culturais e pactos nacionais em torno de direitos.
E como cada povo tem o direito de não ser padronizado.
Tambem gostei do Ye Xiaower, vice-presidente da sociedade Chinesa por direitos humanos. Ele falou sobre o "desenvolvimento cientifico e harmonioso" chinês (nome dado por eles a atual etapa de desenvolvimento). E defesa do fim das contradições dos direitos humanos construídas durante a
Guerra fria. Naquele período (como coloquei no post anterior) a escola francesa e norte-americana defendiam o ápice do individualismo. Os soviéticos, o ápice do Estado.
Estamos, afirma Ye, na fase de supermos isso: precisamos de direitos humanos que garantam a radical participação do indivíduo, sim. Mas tambem precisamos radicalizar a participação do indivíduo no desenvolvimento econômico. Radicalizar a liberdade individual garantindo papel do estado. Superar a fase de um ou outro.
Grande começo!
Já deu para sentir: o grande esforço dos chineses, indianos e demais países orientais é mostrar que existe uma antiga cultura e valores distintos dos ocidentais mas não por isso pior.
E eles estão certos. O mundo precisa entender que não tem um lado bom e outro ruim. Tem dois lados diferentes. Que podem ensinar e aprender mutuamente.
Tivemos um belo debate com mais de 15 expositores. Três, em especial, me chamaram a atenção.
Um francês, chamado Bercis, presidente da Associação dos Novos direitos humanos, membro da comissão nacional francesa de Direitos Humanos. Ele tratou dos chamados novos direitos humanos e da questão das diferenças entre oriente e ocidente. E afirmou que a China deveria ser o porta voz de novos direitos básicos para a sociedade. Direitos como a paz, num mundo em que os EUA conduzem tantas guerras. Direitos como a liberdade religiosa e o estado laico, num mundo cada vez mais intolerante. Direitos como a ciência que liberta (sem patentes), ciência para todos e não para alguns.
Outra ótima apresentação foi do holandês Zwart, professor de Direito de Utrecht, uma das maiores universidades do mundo. Fez uma belíssima apresentação sobre diferenças culturais e pactos nacionais em torno de direitos.
E como cada povo tem o direito de não ser padronizado.
Tambem gostei do Ye Xiaower, vice-presidente da sociedade Chinesa por direitos humanos. Ele falou sobre o "desenvolvimento cientifico e harmonioso" chinês (nome dado por eles a atual etapa de desenvolvimento). E defesa do fim das contradições dos direitos humanos construídas durante a
Guerra fria. Naquele período (como coloquei no post anterior) a escola francesa e norte-americana defendiam o ápice do individualismo. Os soviéticos, o ápice do Estado.
Estamos, afirma Ye, na fase de supermos isso: precisamos de direitos humanos que garantam a radical participação do indivíduo, sim. Mas tambem precisamos radicalizar a participação do indivíduo no desenvolvimento econômico. Radicalizar a liberdade individual garantindo papel do estado. Superar a fase de um ou outro.
Grande começo!
Já deu para sentir: o grande esforço dos chineses, indianos e demais países orientais é mostrar que existe uma antiga cultura e valores distintos dos ocidentais mas não por isso pior.
E eles estão certos. O mundo precisa entender que não tem um lado bom e outro ruim. Tem dois lados diferentes. Que podem ensinar e aprender mutuamente.
Ufa! Minha fala! - notas sobre os debates 3
Sobrevivi a uma extensa fala em inglês. Vocês puderam ler o texto abaixo. A questão mais ousada é tratar o tema do combate ao trafico como tema dos direitos humanos central na América latina e no Brasil. Isso é o que mais mata nossos jovens. Isso é o prende nossos jovens. Isso é o que gera dependência em nossos jovens.
Os países que não convivem com esse problema subestimam seu impacto. São portanto, empecilho para que a ONU (que tem seus representantes de DH Aqui) mude sua resolução sobre drogas. Ainda temos a visão de armas contra as drogas. Precisamos fazer o mundo entender que essa guerra com armas foi perdida. Agora é a luta pela consciência, saúde, informação. Essa guerra mata aos pobres e dependentes. Não resolve nada.
Os países que não convivem com esse problema subestimam seu impacto. São portanto, empecilho para que a ONU (que tem seus representantes de DH Aqui) mude sua resolução sobre drogas. Ainda temos a visão de armas contra as drogas. Precisamos fazer o mundo entender que essa guerra com armas foi perdida. Agora é a luta pela consciência, saúde, informação. Essa guerra mata aos pobres e dependentes. Não resolve nada.
Minha fala no encontro
Let me introduce myself to you. I am Manuela and I am from the south of Brazil. I believe I am the only member of South America.
My country is going through a great period of economic and social development.
Over the past eight years, this development has also allowed us to rebuild our cultural values and enhance the promotion of human rights and values for all Brazilians. We have promoted the rescue of the historical rights of indigenous people and descendants of slaves, "Quilombolas", we have changed our law to combat domestic violence against women.
Due to this development, we have also made considerable progress in guaranteeing our citizens’ human rights.
We have made sure that 38 million Brazilians do not starve anymore, we have widened the access to university for 863 new students. Also, we have seen 20 million people joining the middle-class. We are therefore focused on ensuring that the economic and social rights are
fulfilled.
I believe that is the main question - or one of the central issues - in developing countries when it comes to human rights: it must be ensured that our people eat, study, are healthy.
But this country that is growing and that left a Dictatorship Military just over 25 years, still has many civil and political rights to ensure, so that all dimensions of human rights are a reality.
So you see, next week, Congress will approve a truth commission - the name given to an organization that will make enlighten the facts of the military dictatorship. 25 years later!
But beyond the mistakes of the past, we still have in Brazil a serious social problem arising from social inequality: our prisons.
We have half a million prisoners and only 1% of those went through college. This means that those who study do not commit crimes? No. It means that, in Brazil, only the poor are punished.
Of the total of the prisoners, the majority (127,000) are less than 24 years and are there due to the drug traffic. Discuss trafficking drug is, therefore, for countries with conflicts in this area, a issue of human rights. Unfortunately, I have no time to discuss these theme.
But I'm working on it and I would like to speak with organizations that invest in the rehabilitation of these young people to return to society with dignity and opportunity.
Look at this example:
I was imprisoned for eight years and eight months. I entered the prison inexperienced. I left it as an expert." This phrase reflects the stage of development of the Brazilian penitentiary system.
A crisis situation has been worsened over the years. A situation in which thousands of Brazilian citiziens are treated ad useless subjects. While waiting, they are thought to unlearn all the basic principles of life in society. They are thought how to do better in the criminal lilfe.
If the time spent in prision is instructing the prisoners how to commit more crimes, what role the is state playing? This is the discussion we have proposed in the Human Rights and Minorities Commission of the Congress House. This is not about the
defence of the end of punisment although some still insist that human rights is the defense of bad guys. Our law and our justice act accordingly. They fulfill their role as punitive agents when necessary. The question that we propose goes beyond the
surface: it addresses the lack of policies to recover these citizens and the viability of perspectives so that they can change the course of their lives.
If a young person commits a crime, he or she has to pay for it. But beyond the punitive role, the state must give this Young people prospect of a paradigm shift. This young man or woman, who paid for his ou her crime, must have na opportunity to leave the prison. There can’t be a gap between the willingness to change and the reality that is given. But this problem remains invisible.
We only know the role played by non-political anda non-govermental groups and organizations. The AfroReggae, for example, plays it. In three years, 2069 people were employed. 914 were former convicts. None turned back to crime. This group, like others from Brazil, are fulfilling a gap, play a role that should be the State’s.
And that's what we have to think about and discuss frankly and openly.
While we neglect the public policies for the reintegration of former convicts, we are abandonig part of our population. The public administration must structure a comprehensive system for reintegration with the professional training of former convicts. We should adjust the separation of prisoners accoording to the type of the crime and we should protect the former detainees from the threats from criminal gangs and from the police. If we avoid this debate, we enlarge the world of violence, crime, marginalization.
Violence is not fought with more violence. The answer is to give back to society employed and reinserted citizens. Therefore we are studying the possibility of presenting, through the Commission, a bill to regulate the rehabilitation of former prisoners.
We need to rethink the role of the criminal justice system. One must think of all the journey from the situation where a crime is committed, to the moment of the release of the convict. We must prevent the crime. We need an efficient system. But above all, we need to show those who are leaving the prison today that they can have a different life Of course, with less money than drug
trafficking, but with the chance of having a family. With the certainty that is possible to plan the future without stunting the future of the next.
This must be the center of our debate. While we do not think about the rehabilitation of those who leave the prison after paying for their crimes, we are always walking in vicious circles, fighting violence with violence, intolerance with intolerance. The State must be a protagonist of the change that we all need.
The State needs to think about the work developed by AfroReggae as a model and take it to the whole country, to all the prisoners. Only with a full rehabilitation of those who commit crimes we will have a society with less violence and more rights guaranteed to all.
My country is going through a great period of economic and social development.
Over the past eight years, this development has also allowed us to rebuild our cultural values and enhance the promotion of human rights and values for all Brazilians. We have promoted the rescue of the historical rights of indigenous people and descendants of slaves, "Quilombolas", we have changed our law to combat domestic violence against women.
Due to this development, we have also made considerable progress in guaranteeing our citizens’ human rights.
We have made sure that 38 million Brazilians do not starve anymore, we have widened the access to university for 863 new students. Also, we have seen 20 million people joining the middle-class. We are therefore focused on ensuring that the economic and social rights are
fulfilled.
I believe that is the main question - or one of the central issues - in developing countries when it comes to human rights: it must be ensured that our people eat, study, are healthy.
But this country that is growing and that left a Dictatorship Military just over 25 years, still has many civil and political rights to ensure, so that all dimensions of human rights are a reality.
So you see, next week, Congress will approve a truth commission - the name given to an organization that will make enlighten the facts of the military dictatorship. 25 years later!
But beyond the mistakes of the past, we still have in Brazil a serious social problem arising from social inequality: our prisons.
We have half a million prisoners and only 1% of those went through college. This means that those who study do not commit crimes? No. It means that, in Brazil, only the poor are punished.
Of the total of the prisoners, the majority (127,000) are less than 24 years and are there due to the drug traffic. Discuss trafficking drug is, therefore, for countries with conflicts in this area, a issue of human rights. Unfortunately, I have no time to discuss these theme.
But I'm working on it and I would like to speak with organizations that invest in the rehabilitation of these young people to return to society with dignity and opportunity.
Look at this example:
I was imprisoned for eight years and eight months. I entered the prison inexperienced. I left it as an expert." This phrase reflects the stage of development of the Brazilian penitentiary system.
A crisis situation has been worsened over the years. A situation in which thousands of Brazilian citiziens are treated ad useless subjects. While waiting, they are thought to unlearn all the basic principles of life in society. They are thought how to do better in the criminal lilfe.
If the time spent in prision is instructing the prisoners how to commit more crimes, what role the is state playing? This is the discussion we have proposed in the Human Rights and Minorities Commission of the Congress House. This is not about the
defence of the end of punisment although some still insist that human rights is the defense of bad guys. Our law and our justice act accordingly. They fulfill their role as punitive agents when necessary. The question that we propose goes beyond the
surface: it addresses the lack of policies to recover these citizens and the viability of perspectives so that they can change the course of their lives.
If a young person commits a crime, he or she has to pay for it. But beyond the punitive role, the state must give this Young people prospect of a paradigm shift. This young man or woman, who paid for his ou her crime, must have na opportunity to leave the prison. There can’t be a gap between the willingness to change and the reality that is given. But this problem remains invisible.
We only know the role played by non-political anda non-govermental groups and organizations. The AfroReggae, for example, plays it. In three years, 2069 people were employed. 914 were former convicts. None turned back to crime. This group, like others from Brazil, are fulfilling a gap, play a role that should be the State’s.
And that's what we have to think about and discuss frankly and openly.
While we neglect the public policies for the reintegration of former convicts, we are abandonig part of our population. The public administration must structure a comprehensive system for reintegration with the professional training of former convicts. We should adjust the separation of prisoners accoording to the type of the crime and we should protect the former detainees from the threats from criminal gangs and from the police. If we avoid this debate, we enlarge the world of violence, crime, marginalization.
Violence is not fought with more violence. The answer is to give back to society employed and reinserted citizens. Therefore we are studying the possibility of presenting, through the Commission, a bill to regulate the rehabilitation of former prisoners.
We need to rethink the role of the criminal justice system. One must think of all the journey from the situation where a crime is committed, to the moment of the release of the convict. We must prevent the crime. We need an efficient system. But above all, we need to show those who are leaving the prison today that they can have a different life Of course, with less money than drug
trafficking, but with the chance of having a family. With the certainty that is possible to plan the future without stunting the future of the next.
This must be the center of our debate. While we do not think about the rehabilitation of those who leave the prison after paying for their crimes, we are always walking in vicious circles, fighting violence with violence, intolerance with intolerance. The State must be a protagonist of the change that we all need.
The State needs to think about the work developed by AfroReggae as a model and take it to the whole country, to all the prisoners. Only with a full rehabilitation of those who commit crimes we will have a society with less violence and more rights guaranteed to all.
Provocação - notas sobre debate 2
Li Junru, do Comitê Central do partido Comunista Chinês: primeiro queriam que copiássemos as indústrias ocidentais. Depois o modelo de democracia. Não precisamos copiar. A sociedade e a cultura é diferente. É mais fácil copiar modelos industriais que pessoas. Disse ainda: diálogo é melhor que confronto para a concretização dos direitos humanos no mundo. E a China está ao lado da paz. Bela provocação.
Inglaterra e Europa - notas sobre o encontro 1
Davidson, membro da Câmara dos Lordes da Inglaterra fez uma bela intervenção.
Comparou sistemas e ideologias absolutamente distintas, a norte-americana e a vietnamita. E concluiu: debater DH sem cooperação e respeito mútuos é apenas uma desculpa para aumentar a intolerância e beligerância. Bingo!
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É impressionante a maior relação dos europeus com a China e como somos americanizados nisso. A parte mais expressiva que debate DH na Europa está presente no evento. As universidades, governos, parlamentos, juízes da corte de direitos humanos européia. Talvez por serem o continente com maior tradição de debate real sobre DH, a Europa compreenda mais profundamente as diferenças culturais entre países.
Comparou sistemas e ideologias absolutamente distintas, a norte-americana e a vietnamita. E concluiu: debater DH sem cooperação e respeito mútuos é apenas uma desculpa para aumentar a intolerância e beligerância. Bingo!
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É impressionante a maior relação dos europeus com a China e como somos americanizados nisso. A parte mais expressiva que debate DH na Europa está presente no evento. As universidades, governos, parlamentos, juízes da corte de direitos humanos européia. Talvez por serem o continente com maior tradição de debate real sobre DH, a Europa compreenda mais profundamente as diferenças culturais entre países.
Notas divertidas 2
Eu andava falando alto no telefone. Escrevendo mensagens na frente de todos. Até perceber que estava sentada ao lado de um Deputado de Macau (que fala português, portanto) e de uma chinesa que estudou em Porto Alegre!
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Alguém já pensou que diferente é um cidadão com feições de chinês que fala Português?
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Dei um fora enorme: falando com um inglês sobre política e advogados e questionando a grande participação deles na política e a maneira como exercem o direito, com a linguagem difícil, etc. Eis que a austríaca e a representante da Nova Zelândia são... Advogadas!
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O tal Jet leg é um horror. Passo madrugadas lendo. Saio para correr. Aí pelas 6 da tarde começo a desmaiar. E a fome? Acordo com vontade de almoçar, durmo sem fome. Não lembrava de ter sofrido tanto na outra vez em que estive aqui.
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Alguém já pensou que diferente é um cidadão com feições de chinês que fala Português?
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Dei um fora enorme: falando com um inglês sobre política e advogados e questionando a grande participação deles na política e a maneira como exercem o direito, com a linguagem difícil, etc. Eis que a austríaca e a representante da Nova Zelândia são... Advogadas!
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O tal Jet leg é um horror. Passo madrugadas lendo. Saio para correr. Aí pelas 6 da tarde começo a desmaiar. E a fome? Acordo com vontade de almoçar, durmo sem fome. Não lembrava de ter sofrido tanto na outra vez em que estive aqui.
Notas divertidas 1
A diretora de DH da Indonésia é bem divertida. Começou lamentando que estava debatendo DH num dia tão bonito para fazer compras.
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A tradutora tem a voz da Katia Suman.
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Imaginem a situação de ouvir um saudita falando em árabe com tradução apenas em Chinês (mandarim)? Aconteceu aqui.
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Coloquem no Google: dragon fruit
Na outra vez que vim para cá me apaixonei pela estética e pelo sabor dessa fruta maravilhosa. Uma bola vermelha por fora e uma enorme bola branca com sementinhas iguais a do morango, pretas.
Virei a maior comedora dessa maravilha. Não sobra para ninguém. Já que os chineses mandam tantas coisas para o Brasil, poderiam mandar Dragon Fruits?
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O metrô de Pequim é maravilhoso. Em lugar nenhum do mundo andei em um tão equipado, com tantas informações que auxiliam aos turistas.
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Ontem, andando em direção à Cidade Proibida, ouvi Nei Lisboa em meus fones. E pensei em como é possível ser Porto-alegrense em qualquer lugar do mundo. Ali, no metrô, em Pequim, sem mais nenhum ocidental em meu vagão, eu estava em casa.
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A tradutora tem a voz da Katia Suman.
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Imaginem a situação de ouvir um saudita falando em árabe com tradução apenas em Chinês (mandarim)? Aconteceu aqui.
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Coloquem no Google: dragon fruit
Na outra vez que vim para cá me apaixonei pela estética e pelo sabor dessa fruta maravilhosa. Uma bola vermelha por fora e uma enorme bola branca com sementinhas iguais a do morango, pretas.
Virei a maior comedora dessa maravilha. Não sobra para ninguém. Já que os chineses mandam tantas coisas para o Brasil, poderiam mandar Dragon Fruits?
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O metrô de Pequim é maravilhoso. Em lugar nenhum do mundo andei em um tão equipado, com tantas informações que auxiliam aos turistas.
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Ontem, andando em direção à Cidade Proibida, ouvi Nei Lisboa em meus fones. E pensei em como é possível ser Porto-alegrense em qualquer lugar do mundo. Ali, no metrô, em Pequim, sem mais nenhum ocidental em meu vagão, eu estava em casa.
Porque atualizo o blog e não o twitter?
Pois custa mais barato acessar com uma vez por dia e disparar mil emails para o gabinete do que pagar fortunas por internet todo o tempo. Assim, atualizo durante o dia e disparo uma única vez.
Fórum em Pequim 2
Muitos exclamaram ao saber que viria à China debater Direitos Humanos. Isso me provou que, para além de dois jornalistas (pelos quais não nutro muito respeito profissional, por conhecer os métodos que utilizam), muitas pessoas tem a visão tradicional que apenas os países ocidentais (ou aqueles autorizados pelos EUA) podem debater direitos humanos.
Eu poderia apenas dizer que poucos exclamariam se eu dissesse que iria aos EUA falar sobre isso. Mas lá há pena da morte, não é garantido acesso à saúde ao povo e eles coordenam todas as guerras em curso na Terra. Ou seja, somos quase ensinados a crer que os norte-americanos carregam a bandeira dos direitos humanos e não questionamos isso em nosso cotidiano.
É verdade que eles defendem que direitos humanos são apenas os direitos civis e políticos. Em última instância o voto. E tambem é verdade que essa é uma visão antiga, que data da guerra fria. Naquele período a União Soviética defendia que os direitos econômicos e sociais eram os fundamentais.
Para mim (e para a ONU), os direitos humanos modernos são tudo: direitos civis, políticos, econômicos e sociais. Por isso, não temos um único país do mundo capaz de segurar essa bandeira. Por isso temos que construir de maneira comum.
Aqui, por exemplo, eles trabalham contra a fome e a miséria milenar. E é impossível negar que conquistam avancos significativos. Tem limites claros na liberdade de comunicação, por exemplo. Aqui já vigora o que chamamos de AI5 digital no Brasil. Mas negar a grande nação que a China se tornou é não entender como é realidade desse povo, dessa nação que congela e é desértica, que convive com a falta de alimentos. Garantir esse crescimento econômico e distribuição de renda no ritmo que o fazem é garantir que os direitos humanos avancem. Negar a eles o direito de debater Direitos Humanos é o mesmo que negar ao Brasil esse direito pela situação de nossos presídios ou negar a França pelo racismo que praticam muitos naquele país contra os arábes.
Quero apenas dizer com isso que todas as nossas nações tem limites para garantir a dignidade humana em sua plenitude. Essa visão segregada, da bandeira em uma única mão (sempre ocidental e americana) é anacrônica com os tempos que vivemos.
Além disso, não parece importante que cada vez tenhamos mais debates com o país que mais cresce no mundo?
O que penso é que a bandeira de direitos humanos deve ser construída por todas as mãos. E não deve ser usada para obstruir o desenvolvimento das nações ou para ensinarmos uns aos outros. Alguém aceitaria ver o Brasil ocupado por termos 500 mil presos sem dignidade e praticamente torturados? Ou por termos assassinatos de gays quase todos os dias? Ou por termos assassinatos no Pará. Esses são problemas graves. Mas são nossos problemas. Temos que debater e aprender com outras nações (porque não !?! ). Mas temos que, sobretudo, nós mesmos resolver nossos problemas.
Ao ouvir a Diretora do Conselho ONU para Direitos humanos, aqui em Pequim, ouvi uma frase que sintetiza esse pensamento: muitos são os avanços econômicos e sociais nos países em desenvolvimento, como a China. Mas é necessário respeitar as culturas locais. Ou seja, impor valores culturais, sociais, etc aos povos é tão perigoso quanto violar qualquer outro direito. É preciso lembrar que são direitos indivisíveis por isso não há um superior nem melhor que o outro.
Apenas um debate inicial. Mas quero dizer que fiquei muito honrada em ser a única sulamericana convidada, junto com representantes da Europa e de todos os países não ocidentais.
Eu poderia apenas dizer que poucos exclamariam se eu dissesse que iria aos EUA falar sobre isso. Mas lá há pena da morte, não é garantido acesso à saúde ao povo e eles coordenam todas as guerras em curso na Terra. Ou seja, somos quase ensinados a crer que os norte-americanos carregam a bandeira dos direitos humanos e não questionamos isso em nosso cotidiano.
É verdade que eles defendem que direitos humanos são apenas os direitos civis e políticos. Em última instância o voto. E tambem é verdade que essa é uma visão antiga, que data da guerra fria. Naquele período a União Soviética defendia que os direitos econômicos e sociais eram os fundamentais.
Para mim (e para a ONU), os direitos humanos modernos são tudo: direitos civis, políticos, econômicos e sociais. Por isso, não temos um único país do mundo capaz de segurar essa bandeira. Por isso temos que construir de maneira comum.
Aqui, por exemplo, eles trabalham contra a fome e a miséria milenar. E é impossível negar que conquistam avancos significativos. Tem limites claros na liberdade de comunicação, por exemplo. Aqui já vigora o que chamamos de AI5 digital no Brasil. Mas negar a grande nação que a China se tornou é não entender como é realidade desse povo, dessa nação que congela e é desértica, que convive com a falta de alimentos. Garantir esse crescimento econômico e distribuição de renda no ritmo que o fazem é garantir que os direitos humanos avancem. Negar a eles o direito de debater Direitos Humanos é o mesmo que negar ao Brasil esse direito pela situação de nossos presídios ou negar a França pelo racismo que praticam muitos naquele país contra os arábes.
Quero apenas dizer com isso que todas as nossas nações tem limites para garantir a dignidade humana em sua plenitude. Essa visão segregada, da bandeira em uma única mão (sempre ocidental e americana) é anacrônica com os tempos que vivemos.
Além disso, não parece importante que cada vez tenhamos mais debates com o país que mais cresce no mundo?
O que penso é que a bandeira de direitos humanos deve ser construída por todas as mãos. E não deve ser usada para obstruir o desenvolvimento das nações ou para ensinarmos uns aos outros. Alguém aceitaria ver o Brasil ocupado por termos 500 mil presos sem dignidade e praticamente torturados? Ou por termos assassinatos de gays quase todos os dias? Ou por termos assassinatos no Pará. Esses são problemas graves. Mas são nossos problemas. Temos que debater e aprender com outras nações (porque não !?! ). Mas temos que, sobretudo, nós mesmos resolver nossos problemas.
Ao ouvir a Diretora do Conselho ONU para Direitos humanos, aqui em Pequim, ouvi uma frase que sintetiza esse pensamento: muitos são os avanços econômicos e sociais nos países em desenvolvimento, como a China. Mas é necessário respeitar as culturas locais. Ou seja, impor valores culturais, sociais, etc aos povos é tão perigoso quanto violar qualquer outro direito. É preciso lembrar que são direitos indivisíveis por isso não há um superior nem melhor que o outro.
Apenas um debate inicial. Mas quero dizer que fiquei muito honrada em ser a única sulamericana convidada, junto com representantes da Europa e de todos os países não ocidentais.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Forum em Pequim
Escrevo algumas coisas nas madrugadas sem dormir aqui na China. Vou compartilhando com vocês.
Sobre o encontro (começa agora a parte de debates) vou publicando aos poucos.
Adianto que há gente do mundo inteiro. Sou a única representante da América do Sul mas a Europa e Ásia inteira estão presentes.
Sobre o encontro (começa agora a parte de debates) vou publicando aos poucos.
Adianto que há gente do mundo inteiro. Sou a única representante da América do Sul mas a Europa e Ásia inteira estão presentes.
Uma lição sobre saúde e doença mental
Assisti a dois filmes nos vôos além de ler as 600 páginas de Liberdade.
Um foi "Rio". Achei a animação linda. Confesso que não estava animada pois disseram que era caricato. Não achei. Achei um desenho animado lindo, um filme de
Fantasia (como são todos os infantis) com o cenário mais lindo do mundo e a música mais alegre.
O outro, creio que chama-se "boarder", com Mel Gibson e Jodie Foster. Nossa. Belo filme sobre os males que temos que aprender a conviver.
Uma lição sobre saúde e doença mental.
Um foi "Rio". Achei a animação linda. Confesso que não estava animada pois disseram que era caricato. Não achei. Achei um desenho animado lindo, um filme de
Fantasia (como são todos os infantis) com o cenário mais lindo do mundo e a música mais alegre.
O outro, creio que chama-se "boarder", com Mel Gibson e Jodie Foster. Nossa. Belo filme sobre os males que temos que aprender a conviver.
Uma lição sobre saúde e doença mental.
Liberdade
As 600 páginas de "Liberdade", do americano Jonathan Franzen poderiam ser apenas páginas de um romance sobre uma família típica e seus problemas tradicionais. E é isso também. Mas é também muito mais. O livro passa pelas contradições das guerras do Iraque e também do movimento ambientalista norte-americano. Mas também não de resume a isso.
"Liberdade" é, na verdade, um livro que nos mostra que a vida não pode começar novamente para que não cometamos erros. Às vezes, felizmente, temos tempo para corrigi-los.
"Liberdade" é, na verdade, um livro que nos mostra que a vida não pode começar novamente para que não cometamos erros. Às vezes, felizmente, temos tempo para corrigi-los.
Futuro
Eu admito: sou Encantada com algumas coisas infantis. Por exemplo, depois de enfrentar dois dias e alguns vôos, cheguei a Pequim. E, pela segunda vez, adoro a sensação infantil de estar no futuro em relação a todas as pessoas que amo. Brinquei com minha mãe: fica tranqüila que aqui no futuro segue tudo em paz.
Também acho mágico pensar que enquanto meu namorado levou 20 horas de ônibus para Buenos Aires (infelizmente, não estou junto) eu cheguei ao outro lado mundo.
Adoro brincar que estou no país dos desenhos e não das letras. Pois para mim tudo o que está escrito aqui é arte abstrata.
Outra questão inusitada é discutir com as pessoas o caminho feito pelo avião. Como fui aos EUA, a conclusão de todos é que é mais distante do que pela Europa. Pois todos percebem o mundo com o mapa Eurocêntrico. Esquecem que ele não é plano, mas redondo. E que voamos por cima! Até chegarmos a China.
Enfim, coisas que pude pensar nas quase 48 horas que estou fora de Porto Alegre.
Também acho mágico pensar que enquanto meu namorado levou 20 horas de ônibus para Buenos Aires (infelizmente, não estou junto) eu cheguei ao outro lado mundo.
Adoro brincar que estou no país dos desenhos e não das letras. Pois para mim tudo o que está escrito aqui é arte abstrata.
Outra questão inusitada é discutir com as pessoas o caminho feito pelo avião. Como fui aos EUA, a conclusão de todos é que é mais distante do que pela Europa. Pois todos percebem o mundo com o mapa Eurocêntrico. Esquecem que ele não é plano, mas redondo. E que voamos por cima! Até chegarmos a China.
Enfim, coisas que pude pensar nas quase 48 horas que estou fora de Porto Alegre.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
De partida
Hoje Embarco para a China para falar sobre Direitos Humanos (como presidente da nossa comissão de direitos humanos aqui da Câmara). Fui convidada pela maior entidade não-governamental do país (ligada aos órgãos internacionais como
ONU e UNESCO). Sei que nossos países são diferentes, sei dos desafios que ambos tem para construir um desenvolvimento econômico e social que garanta o cumprimento de todos os direitos humanos (econômicos, sociais, políticos). Na volta conto tudo.
--------/---------
Há quatro anos estive na China por um período de aproximadamente vinte dias estudando com uma delegação de meu partido. Naquela oportunidade pude conhecer o país e os enormes desafios que eles tem pela frente. Ouvi uma frase importante para pensarmos a China: "nossos problemas são multiplicados por 1 bilhão e 300 mil. Nossas soluções divididas." Ou seja, é preciso entender que é muita gente. Num país em que o gelo e o deserto afetam a natureza e que há poucos anos muitos morriam de fome.
ONU e UNESCO). Sei que nossos países são diferentes, sei dos desafios que ambos tem para construir um desenvolvimento econômico e social que garanta o cumprimento de todos os direitos humanos (econômicos, sociais, políticos). Na volta conto tudo.
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Há quatro anos estive na China por um período de aproximadamente vinte dias estudando com uma delegação de meu partido. Naquela oportunidade pude conhecer o país e os enormes desafios que eles tem pela frente. Ouvi uma frase importante para pensarmos a China: "nossos problemas são multiplicados por 1 bilhão e 300 mil. Nossas soluções divididas." Ou seja, é preciso entender que é muita gente. Num país em que o gelo e o deserto afetam a natureza e que há poucos anos muitos morriam de fome.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Dica de leitura
Acabo de ler "Heróis demais", da fantástica colombiana Laura Restrepo. Grande livro.
A trama é construída entre as memórias que Lorenza tem da ditadura e aquelas construídas por Mateo sobre o pai desaparecido.
Muito bonito.
Grande presente de 30 anos do Fernandinho.
A trama é construída entre as memórias que Lorenza tem da ditadura e aquelas construídas por Mateo sobre o pai desaparecido.
Muito bonito.
Grande presente de 30 anos do Fernandinho.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Visível
A ensinaram a dizer "oi" e "tchau" para todos os que passasem por ela. Estava no colo, já passava em muito o horário que dormia com seu um ano e poucos meses. Andavam em direção ao carro e seus olhos fechavam e abriam e fechavam. Disse "tchau" para o flanelinha. Foi a única que disse. Essa é uma das magias de ser criança. A única que mesmo esgotada pelo dia ainda enxerga a todos, sem distinção. Sempre. A única naquele carro para quem ninguém é invisível.
sábado, 10 de setembro de 2011
Dica de leitura
Ler "Uma duas", da grande jornalista gaúcha Eliane Brum foi como receber um soco na boca do estômago. Forte, denso, com o cheiro excessivo da morte que habita pessoas doentes, maltratadas pela vida e por suas histórias de vida. Tão forte é o cheiro da morte que nos lembra da loucura da vida. Sabem a morte que vemos anunciada nos olhos de alguns? Assim é o romance de estréia da Eliane. Lemos com olhos aflitos e estômago apertado.
Me ocorre que a autora, por ser jornalista do cotidiano, daquelas que percebe a dor do homem sobre a carroça -não apenas a carroça a trancar o trânsito- descreve um pouco do que viu na sociedade.
Sim. Mães matam filhos. Sim. Filhos são violentados por pais. Sim. Filhos matam pais. E existe uma história como pano de fundo. A realidade é pior que os zumbis dos filmes de terror, constata Laura, protagonista do romance, em determinado momento. Sim, Laura. Às vezes, É muito pior. Por sorte, apenas às vezes.
Me ocorre que a autora, por ser jornalista do cotidiano, daquelas que percebe a dor do homem sobre a carroça -não apenas a carroça a trancar o trânsito- descreve um pouco do que viu na sociedade.
Sim. Mães matam filhos. Sim. Filhos são violentados por pais. Sim. Filhos matam pais. E existe uma história como pano de fundo. A realidade é pior que os zumbis dos filmes de terror, constata Laura, protagonista do romance, em determinado momento. Sim, Laura. Às vezes, É muito pior. Por sorte, apenas às vezes.
?
Qual o sentido disso tudo? Qual o sentido de acordar sozinha num quarto de hotel em outra cidade em pleno sábado? De tomar café da manhã com estranhos?
Seria uma enorme mentira se dissesse que não me pergunto isso. O faço muitas vezes. Hoje, na manhã cinza de Curitiba, longe de minha casa, de minha cama, de minha gente me fiz essa pergunta mais uma vez. Ri da resposta:
Qual o sentido sem isso?
Seria uma enorme mentira se dissesse que não me pergunto isso. O faço muitas vezes. Hoje, na manhã cinza de Curitiba, longe de minha casa, de minha cama, de minha gente me fiz essa pergunta mais uma vez. Ri da resposta:
Qual o sentido sem isso?
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
Dica de leitura
Sou apaixonada pela nicaraguense Gioconda Belli. Desde "A mulher habitada", passando por "O país sob minha pele" ou por seus lindos poemas (Nenhum comparável à Textura de sonho). Por isso, sorri ao ver nas prateleiras "O país das mulheres", da editora Verus. Confesso que não é uma obra prima. Talvez esse título caiba à "el infinito bajo mis manos", também da autora. Mas são páginas leves de uma espécie de conto de 215 páginas: um país imaginário, com muita Corrupção e desigualdade. Ali surge um partido de esquerda apenas de mulheres e governa o país. Muitas partes são quase gritos de desabafo de uma Gioconda que foi Ministra de Comunicações da Nicaragua sandinista e conhece de perto o machismo de nossas intituições políticas.
Um bom livro.
Um bom livro.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Muros
Foi um Muro que dividiu o mundo ao dividir a Alemanha.
Outro, nos separa do Guaíba.
Há um que separa México dos EUA, outro a palestinos e judeus.
Alguns "protegem" as casas de ladrôes, aprisionando aos inocentes.
Muros não são bons. Nunca foram.
Porque alguns insistem em ficar em Cima dele?
Outro, nos separa do Guaíba.
Há um que separa México dos EUA, outro a palestinos e judeus.
Alguns "protegem" as casas de ladrôes, aprisionando aos inocentes.
Muros não são bons. Nunca foram.
Porque alguns insistem em ficar em Cima dele?
Dica de cinema
Assisti "homem do futuro", produção nacional com o grande Wagner Moura. Filme bom e leve. Aqueles que fazem rir e esvaziam a cabeça. Às vezes, é preciso admitir que essas produções pretensiosas cansam. E que quero ver coisas mais leves, que me façam sentir melhor. Super indico esse. Não é sessão da tarde mas super relaxante.
domingo, 4 de setembro de 2011
Ambrosia
Éramos vereadoras e ela afirmava aos quatro ventos (e quantos mais quisessem ouvir) que cozinha maravilhosamente bem. Eu silenciava. Até que ela afirma fazer a melhor ambrosia do mundo. Exagerou. Mentiu. A melhor ambrosia do mundo era feita por minha avó Solange. Todos sabiam.
Eis que minha avó morre. E como disse no texto sobre a morte dela (está abaixo) nunca mais comeria ambrosia conversando com ela sobre o nada. Minha colega me abraça e diz: quando sentires falta de tua avó pede. Eu faço a ambrosia.
Muitos anos passaram.. Ontem foi minha festa de 30 anos. Minha colega chega, uma sacola nas mãos: "pensei que sentirias muita falta de tua avó em teus 30 anos e mesmo com o Collares doente fui para a cozinha fazer ambrosia para ti".
Quanta sensibilidade. Que gesto! Que lindo!
Essa mulher, com quem divergi tanto na vida, é Neuza Canabarro. A prova de como podemos nutrir laços de amizade profundos mesmo divergindo das pessoas. Obrigada Neuza. Minha avó estava entre nós.
Eis que minha avó morre. E como disse no texto sobre a morte dela (está abaixo) nunca mais comeria ambrosia conversando com ela sobre o nada. Minha colega me abraça e diz: quando sentires falta de tua avó pede. Eu faço a ambrosia.
Muitos anos passaram.. Ontem foi minha festa de 30 anos. Minha colega chega, uma sacola nas mãos: "pensei que sentirias muita falta de tua avó em teus 30 anos e mesmo com o Collares doente fui para a cozinha fazer ambrosia para ti".
Quanta sensibilidade. Que gesto! Que lindo!
Essa mulher, com quem divergi tanto na vida, é Neuza Canabarro. A prova de como podemos nutrir laços de amizade profundos mesmo divergindo das pessoas. Obrigada Neuza. Minha avó estava entre nós.