segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Fantasmas

Exorcizo fantasmas,
Choro 2012.
Os vejo sair.
Escolhas erradas,
Caminhos tortos.
Cheguei.
Exorcizo fantasmas.
Os conheço pelo nome.
Sei que voltarão.

A

foste escolha errada.
Na prova de múltipla escolha, pega ratão.
Ratona,
Apressada,
Vestibulanda.
Chutei.
Nenhuma das alternativas anteriores.
Na trave.

Aborto

Gestação interrompida.
Gravidez indesejada.

Estas conseguindo matar tudo o que um dia eu poderia sentir por ti.

Paixão abortada.
Minha alegria é infiel: apenas é feliz nas tuas costas.

Eventos solenes,
Almoço na mesa.
Reunião de família.
Acompanho.
Não faço parte.

Sem documento

Baixa a bola!
larguei tudo
por minha causa.

O barco afundou.
Me Atirei na água.
Sem lenço e sem documento.

Sem casa,
Família,
Roupa lavada.

Foste a desculpa.
Eu afundei o barco.
Eu saltei na água.

chegaste quando eu gritei socorro.
Foste a primeira a ver o sinalizador.
Apenas isso.

Baixa a bola.
Larguei tudo para sobreviver.
Saltei na água.
Deixei o lenço e os documentos.
Porque eu quis.
Porque eu precisei.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Banana

- Troca uma banana por um carro?
- Não.
- E a vida por uma migalha?
- Sim...

Tal qual a antiga brincadeira do Silvio Santos, trocou tudo. Por nada.
Promessa de ano-novo: cumprir minhas promessas de ano-novo.

Saudade

Saudade
de minha vida
De minhas coisas
De minha gente
Saudade
de receber
Mais do que dar.
Saudade
de gente perto,
De toque,
Sorriso e abraço.
Saudade
De apontar pro mesmo mapa,
De sintonizar na mesma freqüência.
Saudade
de ouvir "nós"
Mais do que "eu".
Saudade.

Km

Quilômetros de distância
Pouco tempo
Tempo de menos
Quilômetros de distância
entre nós

preciso apenas de um abraço.
E meu silencio é capaz de se diluir como suco de pacote.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Lata de lixo

lixo
Planos
sonhos
Panos
versos
Lixo.
Fotos e filmes.
Lembranças,

nomes de filhos.
Lata de lixo.
Passado
Lixo
Futuro.
É impossível montar uma imagem com o resto de duas caixas diferentes de quebra-cabeças
Tudo o que em ti é feliz,
É sem mim.
Abraço solitário
Sorriso plástico
Estático
Indiferente.
Urso de pelúcia.

Guerra

Amor?!
és correspondente de guerra.

Olhos fixos
Dedo em riste
Ouvidos fechados.
Inimigos.

Amor?!
És correspondente de guerra.

Na Mesa,
Carro
E Casa.
Embate.

Amor?!?
És correspondente de guerra.

Sem confiança,
Paciência ou
tolerância.
Adversários.

Guerra
Morte
Amor


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Viagem

Dobro, cuidadosamente, decepções e mágoas.
Procuro no armário cada amor perdido e os sonhos não realizados.
No varal, busco a esperança.
Fecho o mala.
É hora de pegar o ônibus de volta para minha vida.

Ausência

O cheiro na casa,
Cama, sala, sofá.
Camiseta jogada no chão.
O copo na pia,
Farelo no lixo,
Bagunça na área,
Roupa na corda.
memórias de vida
o cheiro na casa
És tudo por aqui.
Desconheço o chão que me fazes andar.
Salto alto.
Chinelo de dedos.
Nunca sei como pisar.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Tempos verbais

Vejo tuas fotos abraçado no presente,
Sorris.
Ela te chama por um apelido qualquer.
Meu estômago contrai.
Lembro do passado.
Vejo tuas fotos abraçado no presente.
Sorrio para o futuro que perdemos.

2012

2012 foi dos mais fortes anos de minha vida. Muitos interpretaram o fim do mundo como um fim definitivo. Para mim, vários mundos acabaram. E, por sorte, vários novos mundos foram se abrindo e mostrando os olhos atentos de pessoas que me amam. 
a essas pessoas que me amam e que estão comigo em todos os momentos, dedico essa música linda, de Gonzaguinha. Acreditem: estou inteira como nunca estive. 

EU APENAS QUERIA QUE VOCÊ SOUBESSE

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher

E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queria que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher

E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também




terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Vestido

Guardo meios poemas
Tranco espirros
Seguro lágrimas.
Calo.
Escondo palavras
Especulo caminhos
Sofro antecipado.
Choro.
Pego a mão
Seguro o vestido
Imagino o passado
Perco.



Poesia



sábado, 22 de dezembro de 2012

Atirador

O atirador deixou um poema.
Cheio de doçura,
Malícia e
Verdade.
O atirador deixou um poema.
Com meias palavras,
histórias inteiras,
Dores na alma.
O atirador deixou um poema.
E cuspiu seu próprio sangue.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Agora

Desejada
Debochada
Derrotada
Humilhada
Vitoriosa
Gorda ou
Magra
Preparada
Deprimida
Entusiasta
Fui muitas.
Quero ser apenas eu mesma.

Abajur

olhos
Abajures sobre a cama
Lemos a vida inteira que tivemos
Olhos
Raios de sol que invadem a janela do quarto
Para testemunhar que posso ficar feliz.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Queria saber copiar o brilho de teus olhos para dar vida a cidade quando a luz acaba

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fração

Fração de segundos

Escorregaste por entre os dedos que te acariciavam.
O sorriso murchou como as flores no calor portoegrense.
Flores únicas, para o príncipe tatuado em minha costela.

Rádios sem sintonia.
carros sem controle,
pernas moles.
pressão 9 por 6.
Dois rios passaram por meus olhos.
Lembrei do alerta de minha mãe:
Rios Escondem a correnteza.

Foi apenas uma fração de segundos.
E eu não entendi mais nada.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Botija

Fingi acreditar
Fingiste sentir
Fomos pegos com a boca na botija.
Não existem crimes perfeitos.
Humor seletivo
Tristeza dirigida
Não quero a última fatia da torta

sábado, 15 de dezembro de 2012

Plural

Nada é tão triste quanto não fazer parte da primeira pessoa do plural que sonhamos.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mais uma vez

Cansei de recomeçar
Colocar tudo na mochila,
Voltar pra casa.
Perceber,
Sentir,
Conhecer.
Cansei de recomeçar,
olhar pra trás 
E ver que não deixei nada.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dos novos agravantes penais:
Fazer para outro aquilo que sabemos como machuca, dói e faz sofrer

AA

Sempre as risadas
ridículas
Cantadas baratas
Mensagens trocadas.
Sempre o vazio
Que destrói.
Reprise
Sessão da tarde
Cinema barato.
Um dia de cada vez.
Recaída.

Silêncio

Tranco as portas,
Apago a luz,
Busco respostas.
Grito.
Não ouvem.
Não ouves.
Silencio.
Parto.





Baratas

Vais ficar sozinho.
Vocês sempre ficam.
Ratos,
Baratas,
Morcegos.
Pegam em bonitas mãos,
Olham para espelhos pendurados no teto
Mas não conseguem olhar para dentro de si.
Essa é a pior das solidões.

Aberto

Dois Raios.
Uma árvore
Náusea,
Pranto?
Nojo.
Promessa.
A tua?
Decepção.
Pouco importa.
A minha.
Fechado.
Aberta?
Não vou viver isso de novo.

Leite chorado

Choro derramado
Vida que devora
Tempo que socorre
Muito cedo
Tarde demais.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Anestesia

a gente corta o que odeia por fora.
E segue a mesma droga por dentro.
Não há anestesia ou cirurgia para o que somos de verdade.

Oferta Mundo

Um mundo me foi ofertado.
Eu sonhava apenas uma mesa quadrada,
Toalha xadrez,
Cadeiras pra quatro,
Arroz, feijão e bife.

Um mundo de tantas coisas me foi dado,
Eu queria sofá bege para dois,
Duas poltronas,
Tapete, mesa de centro,
Guerra de almofadas.

Um mundo de luxo me foi ofertado.
Preciso apenas de cama,
Banheiro, cozinha.
Sala pra bagunçar.
E de gente pra juntar.

Um mundo de cores me foi dado.
Esqueceram que sozinha
Meu mundo é preto e branco.

Encontrei o eu te amo errado

Encontrei o eu te amo errado,
Espalhado em cada centímetro quadrado
Do sofá que estou sentada.
partes antigas de mim,
Lembranças de ti,
Desencontros vividos por nós dois.

Fogo aceso na lareira
Pessoas sentadas em torno da mesa.
Decoração,
Bule do chá.
Comida.
Vida inteira,
intensa vida
Sem nada de mim.

Encontrei o eu te amo errado,
Jogado na cara em cada porta fechada,
Caixa guardada,
Foto picada,
Em cada mudança feita para provocar
Em cada presença posta para aliviar.

Livro riscado,
Disco autografado,
Diário de bordo,
Planta que brota,
Quadro que inspira.
Imagem que lembra.
Não faço a menor diferença aqui.

Encontrei o eu te amo errado,
Fez sangrar meus pontos,
Inchar as pernas,
Prostrar a alma.
Olhei para todas as paredes,
para todas as peças da casa e,
Em todas elas, estava pichado
em vermelho e preto:
Eu avisei!



sábado, 8 de dezembro de 2012

Sakê

Há o Barulho de chuva,
As Luzes de Natal,
As Mãos dadas,
A porta do hospital abrindo,
Os Pés cruzados,
O abraço na barriga,
A conversa noite a dentro.
Os signos,
Churrasco e
mapa astral,
O salto alto,
O amigo secreto
Um grande homem,
a camisa de força.
O sakê,
O leme quebrado,
As palavras bonitas.
Tanta coisa sem sentido
Dando sentido pra vida.



Avenida

Quero tua mão.
Como as mães querem as mãos gordas de suas criancas
ou como os filhos querem as mãos magras de suas velhas mães.

Quero tua mão para Cruzar uma avenida movimentada
- talvez a da esquina de tua casa -
E te mostrar que tudo segue
no rumo que planejaste.
Tua vida segue ali,
Na outra calçada.

Quero tua mão
para cruzar essa avenida da vida.
Dessa vida louca
em que as folhas do calendário voam
feito os carros na descida.

Mas tu,
Tu não precisas correr.
Basta esperar o sinal fechar.

Ali,
Do outro lado,
Depois que atravessares,
tudo segue tranquilo.
Podes seguir caminhando.
Está tudo certo do lado de lá.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Cartas antigas

Encontro cartas antigas tuas,
Sonhos não realizados,
Planos que naufragaram.
Encontro cartas antigas tuas,
Tranco o choro dos últimos meses.
Torço para que tudo vá bem,
Rezo para que não sejas atropelado ao atravessar as ruas mais duras da cidade e da vida.
Encontro cartas antigas tuas.
A vida passada fez sentido.

Assassina

Culpada.
Sou ré confessa.
Eu matei parte de mim.

Com marretadas em azulejos,
pinceladas nas paredes,
Desfiando os cabelos
Matei.

Com Pauladas pelo corpo,
Rabiscos nas pernas,
Chorando cartas de final,
Matei.

Matei parte de mim.
E quando te vejo dormir,
Sei que valeu a pena.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Traição

Na cesta de vime
uma pérola.
Era anel?
Foi presente?
Era loira.
E alta.
Como o chama?
Imaginação.

Na pequena cesta de vime,
um bilhete
Papel de cigarro,
Prateado como o anel.
Ia a missa.
Pedia perdão ao padre.
Dias de traição.
Imaginação.

Na pequena cesta de vime,
Ao lado da cama,
deixou rastros.
Brincou de ferir,
Com imaginação
fez do amor dos outros
Caixão.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Dança

Ouço a música,
Tuas mãos me tiram para dançar.
Aceito.

Não sabes para onde ir,
Nossos pés se encontram,
nos machucamos.
sorrimos ao final.

Sonho com os passos de nossa dança

Com desafios,
Andar ao lado,
Pegar a mão,
Sentir o cheiro.

Dançar é confiar,
Contar com outro,
Sentir o outro,
Cuidar do outro.

Levanto da cama,
Tenho os pés machucados.
Mas dançar contigo vale a pena.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Louça

Abro a torneira, mãe.
Pelo ralo mando embora
a gordura dos pratos,
a sujeira das mãos,
as mágoas,
os desentendimentos.
Abro a torneira, mãe.
Sozinha.
Lavo a louça sozinha.
Sozinha,
Nasço,
Morro.
Vivo acompanhada.
A louça?
Lavo sozinha.
Sei que apenas tu és capaz de entender.

Erros

Roupas
Livros
Temperos
Esmaltes.
Na casa é tudo único.
Exceto os erros.
Esses repito sempre.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Rebobinando

Tem como rebobinar a fita?
Preciso.
É o único jeito.
Assim desconheço o que disseste ontem.
Rebobinar a vida é mais fácil que esquecer.
Não sei quem és.
Não reconheço a mão que pega na minha após cuspires em minha cara.

Sobras

sobro.
Sobram em mim braços,
pernas e quadris.
Sobra volume na voz e cumprimentos na rua.
Sobra tamanho.

sobro.
Sobra a minha piada dita ao garçom,
Meus comentários na internet
Problemas que carrego,
Sobra zelo.

sobro.
Sobra agressividade,
Passionalidade,
Personalidade difícil.
Sobra opinião.

sobro.
Tudo o que sou, sobra.
Eu sobro.

Sobras.
Para mim,
Sobras.

Loucura

Partiu.
Palavras que cortam.
Olhares que gritam.
Espaço ocupado.
Vazio.
Neurose
Loucura
Chatice
Excesso
Esforço
Sacrifício.
Não quero.
Não entendo.
Não creio.
Não tem sentido.
Não temos sentido
Mais nada.