sábado, 2 de fevereiro de 2013

Nada

Queria que sentisses raiva de mim,
Aquela raiva que sentimos quando somos traídos.
A raiva que nos faz, por uma fração de segundos,
sermos capazes de apertar o gatilho, tomar o veneno,
chegarmos à júri popular.

Podias talvez sentir nojo,
O nojo de imaginar teres tocado na pele suja de um suor que não era o teu.
O Nojo do cheiro de cigarro impregnado na roupa, nojo do sorriso dado para outra pessoa fotografar.

Ou saudade.
Falta da presença constante,
Moribunda,
Saudade Do olhar que te segue,
admira e deseja.
Podias sentir saudade do abraço, do cheiro, de qualquer coisa.

Mas não sentes Nada.
Nada disso.
és indiferente.
Não sentes
Raiva,
Nojo,
Saudade.
Não sentes nada.
Nada.



2 comentários:

Flavia disse...

Quando terminei de ler, exclamei: "Que horror!". Pois é exatamente a indiferença do outro que tenho sentido nos últimos meses. E dói, como dói!

Ceres Arantes disse...

Que surpresa boa navegar pela internet e encontrar seus poemas. Adorei! Irei te acompanhar e te convido a conhecer meu blog também
www.sonhosemmosaico.wordpress.com
Parabéns pelo talento!