domingo, 31 de outubro de 2010

Balões

Ele explodia, com fina agulha, os sonhos.
Como se fossem balões de festas de criança.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E segui cantando...

Melhor

Gosto de gente que faz eu querer, com todas as forças, apenas ser alguém melhor.
Gente que faz eu gostar mais do mundo, gente que faz eu querer lutar ainda mais para melhorar o mundo. Gosto de gente que me faz sorrir e que me conforta quando choro. Gosto de gente que gosta de gente.

Ausência

Peço desculpas aos leitores do blog pela maior de todas as ausências desde que ele existe. Dois são os motivos. O primeiro: a correria da campanha eleitoral e a exaustão provocada por quatro meses de um trabalho emocionalmente desgastante. O segundo motivo é a vida estar toda "pra fora". Esse blog é, mais do que qualquer outra coisa, fruto de minha vontade de jogar o que há dentro de mim para fora. Se dou tudo de mim para a luta política, sobra pouquinho para o blog. Beijo e boa semana.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Qual projeto?

No futebol, muitas vezes nosso time joga pelo empate. Na política não existe esse resultado. Aqui no Rio Grande encerramos o campeonato local, o Gauchão: elegemos Tarso governador, com um projeto de desenvolvimento local que uniu forças políticas e a sociedade. Garantimos a reeleição de nosso Senador Paulo Paim, metalúrgico comprometido com os direitos dos trabalhadores aposentados e ativos. O meu partido teve um ótimo resultado. Nossos aliados também. Posso afirmar que vencemos o campeonato. O gauchão é importante. Mas, colorados e gremistas sabem que existem campeonatos ainda mais relevantes. É precisamente esse o caso das eleições presidenciais. Mais do que um campeonato Brasileiro, estamos em uma batalha que tem significado para a América e para o mundo.
Mais de dez dias já passaram no segundo turno. O time adversário, joga da mesma forma das equipes de futebol que apelam para o vale tudo. Chuta canelas, comete sistemáticas faltas. Baixa o nível do debate. O que Serra quer para a educação? Qual papel do nosso sistema educacional no projeto de desenvolvimento nacional? Qual desenvolvimento Serra defende? Aquele submisso as grandes potências em decadência? Aquele que não distribui renda, não diminui a miséria, não aumenta o número de empregos? Quais relações que o Brasil manterá com seus vizinhos? A grande potência aliada aos EUA? Como garantirá saúde para os brasileiros? Com mutirões eventuais? Como será a exploração do petróleo? Privatizada? O time adversário não responde. Ataca, chutando as canelas. Traz para o Brasil valores que não são marcas de nossa sociedade, que convive de maneira fantástica com a diversidade religiosa. Porque escondem o verdadeiro jogo? Porque não tem? Não. Porque não é o jogo que o povo brasileiro quer. Nosso povo viu o Brasil mudar. Viu que nosso destino não era ser uma “semi-nação” como queria Fernando Henrique. Que podemos ser grandes e nos relacionar de maneira independente com todos os países do mundo. Viu que é possível ver um filho de trabalhador na universidade pública ou no PROUNI, viu que é possível ter a carteira assinada, ter luz em casa, ter casa!
Eles escondem o jogo. Nós temos a obrigação de jogar bonito. Não podemos cair na provocação. Não chutaremos canelas daqueles que nos chutam. Porque temos o que mostrar. Nosso jogo é o jogo do projeto. Nós mostramos que a universidade pública não precisava ser privatizada. Aliás, dobramos as vagas nas universidades e hoje, elas estão produzindo conhecimento para libertar tecnologicamente o Brasil. Nós democratizamos o conhecimento, quando permitimos que mais de meio milhão de jovens ingressassem no Ensino Superior com o PROUNI e criamos Escolas técnicas em todo o país. Nós geramos 14 milhões de empregos num momento em que o mundo vivia sua maior crise econômica! Nós defendemos que o Estado tenha papel no desenvolvimento do País e criamos o PAC, garantindo infra-estrutura. Nós criamos o Minha casa, minha vida, o Luz para todos. Mas sabemos que mais luz e casa, esses programas garantem dignidade para as famílias. Nós não vendemos a Petrobras. Também não mudamos o nome de nossa maior estatal para “PETROBRAX”. Mas mais do que isso, nossa empresa pública foi decisiva para descobrirmos o Pré-sal. E nós queremos que esse recurso seja público, para transformarmos nossa educação de maneira estruturante, para garantir mais desenvolvimento, mais distribuição de renda.
Esse é o nosso jogo. O jogo de quem carrega sonhos, projetos. O sonho de quem sabe jogando bonito também se vence campeonato.
Agora, faltam quinze dias para as eleições. A bola está com cada brasileiro comprometido com o Brasil desenvolvido, solidário, soberano. Conversem, mostrem o que fizemos. Essa vitória é mais importante do que qualquer campeonato. Ela é decisiva para nosso país seguir mudando.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma análise inicial sobre o debate da Band

Quero escrever algumas linhas sobre o que assisti no debate de ontem. Alguns exclamarão: “como assim?!? Ela já tem candidata! É óbvio que concordará com o que Dilma disse.” A esses respondo: me sinto com o mesmo direito de análise que tem, por exemplo, o jornal Estadão (a diferença é que eles declararam o voto em Serra após 60 dias de cobertura pretensamente neutra. Eu sou Dilma desde que ela é candidata) .
Esse formato de debate não abre tanto espaço para a discussão de propostas concretas. São feitos para o enfrentamento de projetos. Talvez por isso não sejam muitos os votos disputados em debates. Alguns especialistas afirmam que os candidatos participam com dois objetivos centrais: o primeiro é condensar a base de apoio, dar argumentos para quem já decidiu o voto; o segundo é não perder votos. Eu incluiria outros: responder dúvidas legítimas dos eleitores; desconstruir determinadas imagens e opiniões.
Ontem gostei da participação de minha candidata no debate. Primeiro porque usou o espaço mais nobre da eleição, a televisão, para desconstruir a campanha baixíssima feita contra ela. Quando Dilma teve coragem de pautar o tema do aborto, tirou o tema do submundo da eleição (cartazes e panfletos anônimos, montagens de internet etc.) e o teve a possibilidade de esclarecer aos cidadãos. Afinal, o uso que determinados setores tem feito desse tema é assustador. Primeiro porque ela e Serra têm exatamente a mesma opinião. A lei atual, de 1940, deve ser cumprida, garantindo que o SUS dê segurança para mulheres que correm risco de vida na gravidez ou que sejam vitimas de estupro. Mesmo que ambos tivessem outra opinião, deveriam submeter na forma de projeto de lei, ao Congresso Nacional. Porque fazem essa campanha, então? Porque esse tema desperta paixões nas pessoas. E as paixões estão localizadas fora da racionalidade. As pessoas ouvem e nem questionam: qual a posição do outro? Isso é possível? Também usam porque sabe que, por Dilma ser mulher, isso “pega”. Homens, a princípio, por não terem útero, não são chamados a refletir sobre o aborto. Ou seja, também é uma pauta que surge para aproveitar os traços culturais ainda machistas de setores da sociedade.
Mesmo no ambiente de confronto (que não é o ideal para propostas serem apresentadas) Dilma conseguiu politizar o debate. Ao insistir no tema das privatizações trouxe a tona mais do que o governo Fernando Henrique (escondido por Serra). Fez com diferenças centrais entre dois projetos aparecessem. Muitos cidadãos afirmam na época das eleições: “todos os programas são iguais! Todo mundo diz que vai melhorar a saúde, a educação, a segurança.” Sim. Isso é, em parte, verdade. Na TV muitos programas partidários podem soar parecidos. Mas na essência são muitos distintos. As privatizações são “a cara” dessas diferenças. “Por que?”, alguns podem perguntar. Porque expressam o tipo de Brasil que queremos. De todos ou de poucos. Público ou privado. Serra diz que esse é um tema do passado. Não é verdade. Foi também um tema do passado. Aliás, eu mesma comecei a fazer política para combater o processo de privatização da universidade pública. Mas este tema não está superado. Vejamos o Pré-sal. Nós defendemos que esse dinheiro deve ser a alavanca para o desenvolvimento de nosso país de maneira estruturante. Custear a educação, pesquisas cientificas, por exemplo. Se o petróleo acaba, devemos transformar esse dinheiro em coisas que não acabam, ou seja, na melhoria da capacitação de nosso povo! Isso é futuro. É decisão do próximo presidente. A turma do Serra defende a privatização da exploração dessa riqueza natural brasileira. Dilma, que foi Secretaria e Ministra de Minas e Energia defende que o recurso do Pré-sal é público.
Aliás, o tamanho político de cada candidatura foi resumido de maneira brilhante pelo Senador Sergio Guerra (Presidente do PSDB). Disse ele: “Aborto é tema de interesse nacional, privatização é tema do PT”. Porque digo que ele foi brilhante? Porque de fato, apesar de Dilma e Serra terem a mesma opinião sobre o aborto, os tucanos tentam fazer desse tema (de forma passional e machista) o tema da campanha. Não querem comparar os governos, não querem dizer o que pensam sobre o Estado Nacional e o patrimônio público. Não querem assumir compromissos com a destinação dos recursos do Pré-sal.
Ele entregou a estratégia da campanha deles! Não debater política, projeto.
Por fim gostaria de comentar outro detalhe, não menos importante, do que assisti ontem na televisão e acompanhei pelas redes sociais, como o twitter. A caracterização que Serra tentou pendurar em Dilma. Qualquer palavra dita, ele a caracterizava de “agressiva”. Isso também é parte da estratégia de debates. Repetir algo muitas vezes para que as pessoas passem a refletir sobre o assunto. Mas quando algo é artificial é fácil ser identificado. E ele deixou claro isso. Dilma perguntou: “qual garantia que o senhor vai manter os programas sociais do governo Lula?”. Devo confessar que nem entendi porque ela levantou a bola para ele. Eu apenas responderia: “a garantia é a minha palavra”, qualquer coisa dessa natureza. Ele não respondeu (provavelmente porque não queira assumir compromissos com essas políticas) e ainda me saiu com a seguinte frase: “Estou impressionado com o nível de agressividade da Dilma”. Qual agressividade nessa pergunta? Nenhuma. O que Serra tentou fazer, mais uma vez, foi usar o machismo de setores de nossa sociedade contra Dilma.
Nossa cultura avançou muito. Prova disso é que mais de 60% do eleitorado brasileiro votou nas duas mulheres para presidente da República. Mas conheço bem esse tipo de adjetivação. Mulheres são adjetivadas na política. Homens muito menos. Lembro quando conquistamos meu mandato de vereadora. Na mesma eleição um jovem homem elegeu-se. O locutor do rádio dizia: “quem esta entrando é aquela jovem bonitinha”. Quanto ao homem afirmava: “é um jovem competente com origem no movimento estudantil”. Casualmente militávamos na mesma universidade. Eu na oposição, ele na situação. Eu havia feito mais votos. Mas era a bonitinha.
Cada vez que subimos na tribuna indignadas somos tachadas de histéricas. Eles são convictos e ficam perplexos. Nós temos a vida pessoal vasculhada (somos “sapatonas”, como li ontem no twitter sobre Dilma; mantemos relações sexuais com alguém para chegar onde chegamos...). Eles? Bem, ninguém tem nada com a vida pessoal, devemos nos preocupar com a vida pública.
Nós mulheres, em todos os espaços, estamos acostumadas a enfrentar isso. As mulheres políticas não sofrem nem mais, nem menos do que outras milhares de mulheres. Mas ao chamar, de maneira repetitiva e descontextualizada, Dilma de “agressiva”, Serra usou essa velha tática. Velha tática que nossa sociedade tenta superar.
Sei que muitos gostariam de outro tipo de debate. Por isso, acho que os melhores são aqueles com temas a serem enfrentados pelos candidatos (um bloco para educação, outro para desenvolvimento, outro para trabalho e renda). Às vezes, cidadãos e cidadãs são chamados a perguntas. Noutras vezes os jornalistas cumprem esse papel. Mas isso não torna o debate de ontem menos importante. Não podemos cair no papo de que o debate, por ter esse nível de enfrentamento, não serviu para nada. Serviu sim. Para confrontarmos elementos do projeto de País, para trazermos questões ao debate, para vermos o baixo nível que alguns chegam.
Se a gente vai atrás do que cada um já fez na vida pública, se debatermos o currículo da Dilma e do Serra (o Currículo inteiro, não apenas quantas vezes concorreram eleições, mas onde cada um esteve e que posição teve em cada momento decisivo da história e do presente do Brasil), se a gente faz esse exercício, procura, busca, pesquisa, vai entender exatamente porque Dilma é mais preparada. Não apenas para os debates. Ela é mais preparada para governar o Brasil. Porque representa a superação de velhas táticas políticas, representa um projeto, não esconde posições, não esconde erros e acertos do Governo do presidente Lula. Não fomos perfeitos. Evidente que não. Mas começamos uma bela caminhada de transformações no Brasil. E os avanços só podem ser feitos por quem acredita nesse caminho. Caminho de soberania, de direitos, de educação. Caminho de combate da miséria e da desigualdade. Caminho da solidariedade e de sonhos. De superações. De igualdade entre homens e mulheres. Caminho do amor. E não do ódio.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bonitinho



Nossas crianças são a parte mais lindo do mundo. Vejam esse vídeo.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Para todos o direito de sonhar!

Hoje é quarta. Três dias se passaram e eu ainda tenho dificuldade de articular o meu agradecimento. Foram 482 mil 590 pessoas que saíram de suas casas e depositaram a confiança, a esperança, a vontade de ver a política dar valor para vida das pessoas. 482mil 590 pessoas que acreditam que é possiível, sim, construir um mundo mais justo, mais humano, mais solidário. É meio louco pensar que chegamos até aqui.
No domingo, chorei muito na frente de nossa militância. Chorei de alegria, ao vê-los, dessa vez, comemorar a avaliação positiva de nosso trabalho. Nosso sim! Nosso porque são centenas de militantes que caminham juntos, nosso, porque minha equipe é tão dedicada quanto eu sou. Chorei porque me lembrei da menina que entrou na Câmara de Vereadores há seis anos. O passo inseguro, a expressão segura (não podia demomonstrar o medo, né?). Chorei porque lembrei de cada erro, de cada acerto, de cada dia duro, de cada noite não dormida. Lembrei de muita gente e de tantos rostos que não conheço. Das palavras pesadas das críticas, das palavras doces de estímulo. Chorei porque recordei do preconceito que enfrentei quando mal sabia andar pelos corredores do Congresso. E também por lembrar que as pernas tremeram quando subi pela primeira vez na Tribuna.
Lembrei do dia em que li meu primeiro relatório em Brasília e pedi para o meu querido amigo Renildo descer do gabinete para eu ter um ponto, apenas um ponto, de segurança. Lembrei de amigos que me mostraram, no cotidiano da vida parlamentar, que não é preciso mudar para travar a boa luta. Lembrei de minha família, que me viu tão ausente nos últimos doze anos, os doze que me dedico ao PCdoB. Minhas irmãs que não contaram comigo em dias duros de suas vidas. Lembrei da menina que insiste em viver dentro de mim, apesar de tudo.
Mas muito mais do que isso, recordei dos sonhos que me fizeram optar, de forma consciente, pelo PCdoB. Quando tudo isso era muito distante. Quando não elegíamos nem um vereador na Capital do Estado. O sonho de uma universidade para todos. O sonho de um mundo sem desigualdade, com respeito a todas as diferenças. Recordei de cada conquista.
Aqui no Rio Grande, tivemos uma campanha que devolveu ao povo o direito de sonhar (meu primeiro slogan foi: para todos o direito de sonhar!). Tarso foi eleito governador, no primeiro turno, pelo programa de governo, sim. Também o foi porque o povo aceitou o convite a viver com mais esperança. E é isso que mostraremos agora no segundo turno, nacionalmente.
Por isso, peço desculpas por levar três dias para escrever esse post. Além do trabalho, minha vida passou na minha cabeça como um vídeo. A minha e outras tantas vidas dedicadas a isso passaram em minha cabeça como um filme. E essa votação tão expressiva faz com que eu leve para Brasília a certeza de que estamos no caminho certo, uma vontade ainda maior (se é possível) de fazer a minha parte. Mas faz também, que eu leve para lá a menina que vive dentro de mim e que, apesar de tudo, insiste em me dizer que é possível sim construir outro mundo, outro Brasil, outro Rio Grande.
Obrigada a todas e a todos.

sábado, 2 de outubro de 2010

De coração, obrigada!

Pensei que os anos tivessem a força para apagar determinadas emoções. Não, não tem. Aqui estou eu, sábado, final do dia, mais uma vez com os olhos marejados e o coração apertado por ver anos, meses, dias passarem em minha mente como um filme. Dos bons filmes. Aqui estou eu lembrando dos olhos brilhando de centenas de crianças, mulheres, senhores. Aqui estou eu a lembrar dos olhares que ao brilhar, gritam: esperança! luta! justiça!
Hoje, na Zona Norte de minha cidade, olhei rostinhos escondidos por vidros. Sorriam. Não a mim. Sorriam ao mundo novo que ousamos sonhar e lutar para construir. Eleição é, para mim, antes de qualquer coisa, renovação da luta por uma sociedade mais justa, mais humana, mais solidária.
Aqui estou eu... Pensando nos doze anos que me dedico a militância política. Anos que voaram, dias que foram longos. "Ser revolucionário é uma opção cotidiana". Todos os dias tive momentos de reflexão. E todos os dias optei, optamos por seguir em frente, por continuar acreditando que um Brasil com educação, com saúde, com justiça é possível. Que um Rio Grande com mais unidade é possível! Que nosso sonho de uma sociedade mais justa, mais humana, mais solidária é possível!
Hoje eu quero agradecer. Não sei o que vai acontecer amanhã, ninguém sabe ainda. Mas saio dessas eleições mais humana ainda. Foi a mais dura que enfrentei. As responsabilidades são mais elevadas a cada pleito (e esse é o 4o!). Mas, mesmo sendo a mais complexa, foi também a mais bonita. Em 24 horas teremos novos governantes eleitos para nosso país e nosso Rio Grande. Queremos Dilma, queremos Tarso. E eu, independente do resultado da disputa que travo agora, seguirei lutando. Junto com mulheres e homens. Lutando para que meninas como aquela, do outro texto, logo ali embaixo, sejam tratadas com o respeito, com os direitos, com o amor que merecem.
Obrigada a vocês todos, de coração.