quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009: reencontros e descobertas

Quando essa época chega, muitos ficam aflitos. Sempre fiquei. É uma confusão de esperança (com o que virá) e impotência (com o que deixamos de fazer). É como se nos poucos dias que nos sobram no ano pudéssemos listar tudo o que não fizemos e organizar uma nova lista com tudo o que queremos concretizar. Acho que todos me entendem.
Pois bem, esse ano, para mim, chegou ao fim naturalmente. Não que eu não esteja fazendo planos para 2010. Estou sim! E são muitos! Mas posso ver, talvez pela primeira vez, que não fui atropelada por 2009. Tive um ótimo ano!
Os mais atentos podem me perguntar: ótimo? Nós sabemos que aconteceu isso, aquilo e aquilo outro. É verdade. Mas quase tudo me ensinou algo de bom. O ano começou pesado como talvez nenhum outro. Suas toneladas (com a doença de alguém muito querido) me abalaram, sensibilizaram, fizeram quase perder o rumo. Em alguns dias eu pensava: o que vai ser desse ano meu Deus! Se mal entrou e já fez tanto estrago... Mas no pior momento dele (sem parecer livro de auto-ajuda, gente...) redescobri o que de melhor tenho em minha volta. Descobri amigos por todos os cantos, descobri solidariedade em pessoas que estavam distantes, descobri carinho em quem mal me conhecia. Redescobri a alegria de ter com quem compartilhar momentos pesados, tristes. É realmente complexo explicar como os maus momentos nos tornam fortes na fragilidade. Quando eu estava frágil como uma folhinha seca, vieram amigos para me nutrir com esperança na vida. 2009 foi, nesse sentido, um ano ímpar. Por que reencontrei pessoas e talvez, em certo sentido, tenha reencontrado muito de mim nessas pessoas.
Foi também um ótimo ano em nosso mandato. Uma equipe redondinha, que tem um nível de amizade supreendente mas uma capacidade de trabalho ainda maior. Conseguimos girar o estado, organizar nossos debates, ajudar a construir soluções para problemas em Brasília e terminamos o ano com o trabalho dessa equipe reconhecido: ganhamos o prêmio de parlamentar que melhor representa a população na Câmara, pelo Congresso em foco. E estou destacando pessoalmente aqui. Politicamente fizemos a prestação de contas de três anos de trabalho (está no site http://www.manuela.org.br/). Mas enquanto ser humano posso garantir que a rotina do nosso trabalho é exaustiva. Para todos da equipe. Viajar dentro do estado e fora dele (não apenas as viagens semanais para Brasília. mas fomos para outros estados debater estágios, estatuto da juventude), ficar no plenário até duas da manhã, distribuir prestação de contas no final de semana... Tudo isso cansa. E só foi possível intensificar o trabalho, o rendimento porque temos um time que joga junto.
Por essas razões já teria motivos de sobra para afirmar que tive um ótimo 2009. Se ele foi todo bom? Evidente que não. Ele foi péssimo em muitos momentos. Mas foi um ano de descobertas e reecontros. Mas isso ainda é pouco perto de tudo o que vivi nesse ano. Tenho uma família cheia de defeitos e que é maravilhosa (agora com uma de minhas irmãs grávida e tudo...), tenho amigas e amigos sempre dispostos (para conversar, ajudar, brigar, me ouvir chorar, me fazer rir, para comer na Cidade Baixa....), ou seja, tenho amigos ótimos, temos uma equipe de trabalho leal e amiga, tenho um namorado que me aguenta (e eu aguento ele, vocês acham que é fácil namorar um deputado? hehehe) e que eu amo, milito em um partido cada vez mais forte e com uma militância convicta, estamos todos com saúde... Reclamar? Do que? Eu só posso agradecer às pessoas de carne e osso que estiveram ao meu lado esse ano. Só me resta dizer: obrigada.
Que venha 2010! Com eleições e tudo! Minha única promessa pessoal de virada de ano é que vou lutar para ser feliz como fui em 2009! E para ficar bem perto de todas as pessoas que amo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vitórias de Joãos

Acredito que aqui pelo blog é possível perceber minha paixão pelo nosso continente.
Num dos primeiros posts, ainda em 2008, escrevi sobre Juan, um jovem argentino que recuperou sua identidade aos 25 anos. Quem reler esse post (chama-se Yo soy Juan) entenderá minha alegria no dia de hoje ao ler a notícia que os "filhos" dos donos do jornal Clarín farão teste de DNA (se vocês buscarem na FSP ou no Estadão de hoje encontrarão as matérias).
Sintetizando: na cruel ditadura argentina muitas jovens grávidas (ou com filhos) foram presas. E essas crianças foram entregues aos "aliados" dos militares (ou militares mesmo) para serem criadas. Foram cerca de 500. Há muito tempo as chamadas "mães da praça de Maio" criaram um movimento chamado "avós da praça de maio" para tornar pública a situação e tentar encontrar seus netos. Uns 90 já foram encontrados. Os donos do Jornal Clarin (um dos maiores da Argentina) sempre foram suspeitos de terem criado duas dessas crianças. Esses dois (hoje jovens) nunca quiseram fazer o DNA (imaginem a confusão psicológica que é ser criado por quem ajudou a esconder a morte de teus pais). Agora há uma lei que os obriga. E hoje é o dia que eles farão o bendito exame.
Eu vejo que é possível fazer justiça com pais e mães desaparecidos. Com avós que esperaram décadas para verem em seus netos os rostos dos filhos que já se foram.O dia de hoje simboliza, em certa medida, que é possíel fazer justiça mesmo quando estamos enfrentado os mais poderosos, como são os donos do Clarín. Hoje é um dia de vitória dos Joãos e Marias da América Latina.


(O vídeo acima faz parte de uma série de TV chamada "TV por identidade". Retrata a criação do jovem Juan (que participou de um seminário do mandato este ano) pelo pai-sequestrador. A música é de Leon Gieco, em homenagem ao jovem.)

sábado, 26 de dezembro de 2009

O consultório

“Para, Maluela, o vô vai nos ver”. “Não vai não Fer, cala a boca, se a gente ficar atrás da cadeira ele nem vai saber que estivemos aqui.” Assim, passávamos as manhãs escondidos no consultório de dentista de meu avô. Ele obturando os dentes, os pacientes gemendo de dor e nós apenas nos concentrando para não sermos vistos. Recentemente, passados mais de vinte anos, perguntei a ele se alguma vez havia nos visto. Nenhuma. Talvez conseguíssemos mesmo ficar invisíveis.

Por onde andam as luzes de Natal?

Esses dias, andando de carro em Porto Alegre me perguntava onde andam as luzes da Natal que iluminavam nossas infâncias. Por onde andam as casas com as luzes (de tamanho de uma luz de casa, não essas pequeninas) que geravam disputas intermináveis entre os cinco irmãos pequenos sentados no carro? Lembro de muitos Natais, em que saímos de Estância Velha e íamos competindo quem mais contava casas com luzes de Natal até Canela, na casa de meus avós. Nunca ninguém ganhava porque brigávamos pelos números. Mas as casas com luzes estavam ali para serem contadas. Deviam ser mágicas, coisas de crianças: desapareceram todas.

Deixamos de ser crianças

Estávamos aflitos. Era a primeira vez que um ano virava para o zero. Era 89. Ficamos no pátio esperando a década de 90 entrar arrebentando nossos corações infantis que não imaginavam que mais que um ano redondinho estaríamos entrando na década em que deixamos de ser crianças. E lá se vão vinte anos.

O amanhã sempre chega

“Até amanhã, filhinha!” – gritava Seu Vinicius antes do seu carro partir ou do nosso carro partir. “Mas nós vamos nos ver amanhã, vô?”. Não, não íamos. Mas até hoje, que ficamos meses sem nos ver, ele se despede dizendo: “até amanhã, filhinha”, agora no ápice dos seus oitenta anos ele parece ter a certeza de que o amanhã sempre chega.

Assim era o Natal

Éramos sete numa Belina 79. Cinco crianças, dois adultos. Entre beliscões e brincadeiras de “Qual é a música” rumávamos de Pedro Osório à Jaguarão. Corríamos todos para a “frigider” da garagem. Ali repousavam uma centena de “rei Alberto”, doce típico da região sul do Rio Grande. Gelatina vermelha com abacaxi picadinho, ameixa amassada, creme de gelatina, ovos moles e sei lá mais o que. Tudo feito à mão pela Dona Solange, minha avó. Também nos aguardava uma bela ambrosia de forno (doce único), um bolinho 1, 2, 3 (uma xícara de leite, duas de açúcar, três de farinha ou qualquer coisa nesta proporção). Um belo pastelão de forno de guisado e uma lingüiça caseira. Passávamos dois dias dormindo no chão, no sótão, tomando banho na Lagoa no Uruguai, andando no Del Rey 84 (bem mais moderno do que a Belinosa). Também havia parte de tentar acordar a Tia, que sempre dormia mais do que as crianças. Depois, somavam-se as incontáveis e intermináveis visitas. Elas iam até o momento em que fechávamos a primeira porta da rua. Eram duas as portas da casa. A primeira era a que simbolizava que estavam dispostos a receber visitas. No dia 24, Seu Vinicius assistia à Missa do Galo. No dia 25 Dona Solange se arrenegava porque nunca entendia como era possível que cem “reis Albertos” fossem comidos. Mas todos os anos eram comidos os cem. Era assim. Tudo simples. Tudo perfeito. Sem grandes trocas de presentes. Aliás, nem me recordo de haver trocas de presentes. Mas eram assim os Natais familiares no início da década de 90 quando éramos sete. Todos crianças, todos morando junto, todos felizes.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Estou lendo vários livros ao mesmo tempo. Acabo de terminar "Quando fui mortal", do grande espanhol Javier Marias. São nove contos. Todos deliciosos de ler. Não são leves como não é leve "Amanhã, na batalha, pensa em mim", do mesmo autor. Mas vale a dica.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boas festas

É certo que eu ainda vou aparecer por aqui até o final do ano. Quero escrever sobre esse ano bem importante no mandato e na minha vida. Mas por hoje, deixo a nossa mensagem, da nossa equipe para todos vocês. Como aprendi com um velho amigo: saúde e paz.

Prestação de contas

Gente, aqui vai o link para o que apresentamos no domingo, na plenária.

http://www.manuela.org.br/prestacao-contas/

domingo, 20 de dezembro de 2009

Foi um ótimo final de semana

Quando decidimos fazer o seminário e a plenária do mandato neste final de semana (em função de várias agendas nos anteriores) eu tive medo que não desse certo. Este é, afinal, o último fim de semana útil do ano. Todos já estamos esgotados e sem muita disposição e o calor em Porto Alegre sabe ser insuportável como poucas coisas no mundo. Mas eu estava errada.
Tivemos um ótimo seminário do mandato. Anualmente relizamos dois encontros de toda a equipe do mandato. Um para analisar e pensar o ano, outro para vermos o próximo em perspectiva. Este ano criamos um terceiro mandato: apresentamos para pessoas que não são da equipe a avaliação e as metas.
Foi um sucesso. Já devemos colocar no site este resumo, distribuímos em forma de DVD. Se alguém quiser, prenda o grito. Ou deixe o endereço
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P.S. Esta postagem foi escrita ontem. E não sei o porquê mas ficou armazenada. Hoje tive um dia agitado e curto. Vou trabalhar até quinta, como a maioria de vocês. Beijos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pressão

Dia de Guaíba e Alvorada. Ontem foi São Leopoldo, Novo Hamburgo, festa colorada. Muitas crianças nas praças do Programa Federal que fomos lançar (PRONASCI). Muita esperança nas mulheres da paz. Muita felicidade nas mãos dos jovens. É sempre emocionante ver segurança pública com ênfase na justiça social.
Tudo isso com a pressão arterial lááááá em baixo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bem perto do fim

Hoje me dei conta que o ano está acabando mesmo. Pensei numa frase de um amigo em meu aniversário quando eu reclama que tudo estava passando rápido demais. Ele disse que se eu parasse para pensar bem perceberia que havia passado bem devagar. Faltam apenas quinze dias. Mas está bem perto do fim.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Tenho manias inconfessáveis. Mas uma eu adoro: a de me apaixonar por livros e temas diferentes a cada dia. Por exemplo, já fiz uma busca virtual dos livros que quero ler nas minhas férias. E já os fico imaginando. Nos dois últimos dias devorei um entre o avião e as noites insones. Chama-se "A outra vida de Catherine M", da francesa Catherine Millet.

Desde Sartre e Beauvoir muito foi escrito e debatido sobre relacionamentos diferentes ou abertos. Há inclusive um fantástico livro com o conteúdo dos diários da própria Simone de Beauvoir. Comprei esse livro francês por acaso, na banca do aeroporto. Havia esquecido "Espelhos" (de Galeano) no carro e tinha que ter algo para ler na última poltrona do avião. É uma edição que saiu em português graças ao ano Brasil/França.

É um belo livro porque Catherine é a editora da Revista Art Press (principal revista de crítica de arte da França). Ou seja, é uma mulher realizada mas que também sofre com as coisas mundanas como todas nós. Fica a dica para quem gosta de livros com uma ênfase mais psicológica ou comportamental. Eu os adoro. Decifrar o ser humano é uma das minhas paixões. Inclusive porque sei que é impossível!

Do gosto das coisas

Ontem foi um dia de diversos sabores. Tive a oportunidade de, ainda pela manhã, fazer uma justa homenagem a minha universidade (e de mais de cento e oitenta mil pessoas que passaram por lá) UFRGS pelos seus 75 anos aqui na Câmara. É evidente que o principal papel da universidade é produzir conhecimento para garantir o desenvolvimento do Brasil. Mas além disso tem um gosto doce pensar na minha vida desde a UFRGS. Poderia dizer que é porque que ali comecei a fazer política (ali e na PUCRS) mas não é só isso. Também não é apenas porque ali comecei amizades marcantes na minha vida e na minha personalidade. Talvez para melhor resumir e não contar toda a história de vida de minha família poderia dizer que aquele universidade permitiu que minha mãe e meu pai se conhecessem. Ou seja, literalmente, boa parte de minha vida passa por aqueles prédios, aqueles corredores, bares, salas de aulas.
Ainda ontem teve início a Conferência Nacional de Comunicação. Conferência marcada por conflitos e disputas mas que dá a todos os que lutam pela democratização da comunicação um gosto de vitória. Vitória porque apesar dos pesares e dos "vocês" nós conseguimos realizar a conferência e abrir, iluminar o problema do monópolio midiático no Brasil. Ver um presidente da República, mesmo que apenas após 7 anos, abordando estas questões nos faz sorrir, ter um pouco mais de esperança. É claro que é só um primeiro passo. Mas nós já andamos tanto na luta pela democratização da comunicação. Óbvio que não vamos mudar tudo e conquistar tudo, que teremos que negociar para construir uma unidade e as mudanças possíveis. Mas estamos andando. E depois que se aprende a andar... Ninguém mais segura.
Por isso tudo prefiro guardar o gosto bom das coisas. O gosto amargo a gente não esquece. Mas guarda num cantinho bem menor do que aquele reservado ao doce gosto de lutar para transformar a sociedade. E eu vi centenas de pessoas com esse gosto de luta ontem na 1a CONFECOM.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pense duas vezes


Nem todos conhecem os lugares que muitos brasileiros vivem. Comunidades sem saneamento, sem infra-estrutura alguma. Vivem em meio a dejetos cloacais. Ou das fezes de seus banheiros sem esgoto. Ou suas crianças brincam em valões imundos. Muitos brasileiros vivem na merda, de fato. E sofrem com isso. Trabalham, educam seus filhos (ou tentam garantir a vaga na escola). São as brasileiras sem vagas para seus filhos em creche, os jovens que muitas vezes são alistados pelo narcotráfico. Muitos adoecem, muitos morrem pela falta de higiene (não suas... visitem suas limpas casas) mas da higiene da rua, do bairro, da cidade. Parte disso chamamos de saneamento. Ontem, portanto, o Presidente Lula não usou a palavra merda no sentido figurado ou como palavrão. A usou no sentido literal. Lançava o programa Minha Casa, minha vida. Um programa que além da moradia prevê infra-estrutura urbana.

Mas e se tivesse usado a palavra merda no sentido figurado? O que isso o diminuiria? Ontem, comentei rapidamente no twitter o choque que levei com a reação moralista de alguns articulistas políticos e também de muitos cidadãos. Capa de jornais, colunas inteiras. E o Arruda? E os 7 pedidos de afasmento dele? Ah! Ficaram satisfeitos com a saída dos DEMOcratas? Eu não!Alguns com razão afirmavam irritados que os exemplos devem vir de cima. Concordo 100%! Mas qual é o exemplo? Usar uma palavra feia (que não é em si um palavrão) é um mal exemplo?

Estou acostumada com pessoas que gostam de falar de maneira rabiscada. Quase teatral. Jamais usariam uma expressão (mesmo errada) de maneira natural. Tudo é pensado. Ajuda alguma coisa? Muda a realidade? Educa nossas crianças para não se conformarem com as injustiças, com as crianças iguais a elas que vivem nas ruas, para não pegar a canetinha do coleguinha na escola? Não.

Portanto, pense duas vezes. Primeiro, na verdade inconveniente relevada por Lula: muitas pessoas vivem sem saneamento. Isso existe mesmo que tu não vejas em teu caminho para o trabalho. E é muito importante garantir dignidade para elas. Segundo, quantas vezes tu que és honesto, trabalhador, se indigna com algo que vê e pensa: "Ai, que merda!!"? Muitas, não? Eu prefiro ter um Presidente parecido comigo, contigo, com todos. Alguém de verdade que fala português e que, depois de 7 anos na Presidência, ainda fica P da vida com as injustiças.

E se tu, depois de tudo isso, consideras que ele errou, pense: errar é humano. Quem faz política também é humano? Ainda bem, né?

O bêbado e a equilibrista

Eu: a equilibrista. O bêbado: um desconhecido. O cenário: um hotel em plena Cidade Baixa em Porto Alegre. Depois do avião, depois de dormir com o pescoço caído, depois de não almoçar, não jantar chego em casa. Minha casa, minhas coisas, meu cheiro... Meu cheiro? Nada. Cheiro de gás, Gás forte. Minhas vizinhas velinhas devem ter esquecido o forno ligado. Devem estar morrendo. Que horror!!! Que horror, era um horror menos horror, mas um horror: o gás era meu. Minha casa. Minhas coisas. Sem o cheiro. Com cheiro de gás. Pânico, ligações, amigo sempre presente (Alexandre), problema resolvido. Mas sem gás para usar e com gás pela casa. Vou para um hotel. Que hotel? Conheço quase toda cidade, algum hotel vou me lembrar. Lembrei. Cidade Baixa. Hotel. Tem vaga? Tinha vaga. E tinha um bêbado também.
Primeiro ato bêbado: por que tu vai dormir sozinha?
Segundo ato bêbado: teu marido te correu de casa!
Terceiro ato bêbado: Tu pegou teu marido com outra!
Quarto ato bêbado: Tu és a Manuela?
Quinto ato bêbado: Já sei... É armação política!!! Só pode!
Primeiro ato Manuela: É... É armação política sim. Só pode ser. O senhor estar aqui me provocando é armação política. Depois de tudo o que eu passei lhe aguentar só pode ser armação política para ver se eu lhe agrido e saio nas capas dos jornais!
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Hello!!! Eu nasci em agosto. Meu inferno astral já passou!!! Acho que Deus está enganado!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Roberto Bolaño já foi citado nesse blog. É um escritor chileno daqueles que eu não gosto de gostar porque já morreu. Ou seja, eu economizo seus livros porque sei que não virão novos. E a primeira leitura é a primeira... Li, no avião para Brasília, Estrela distante. É um livro pequeno (140 p) mas intenso. "Estão lá a relação entre poesia e revolução, a figura do poeta como herói (ou antiherói), o cenário de violência da ditadura chilena, o exílio como condição permanente, a busca por um escritor desaparecido, as referências literárias, em que se misturam nomes reais e fictícios, os acenos ao surrealismo (ou à pura bizarrice), acenos também aos labirintos elegantes de Borges, a expressão da vida marginal, com sua tríade sexo, literatura e álcool, e, claro, a figura do alterego, seu melhor personagem." (Daniel Benecides, UOL).

Pronto. Ele escreve melhor do que eu sobre o livro.

Teatro

Tenho uma irmã linda que é atriz. Aliás, lá em casa deu "de um tudo um pouco", como o nosso povo diz. Eu estarei em Brasília na homenagem da Câmara aos 75 anos da UFRGS e na Conferência de Comunicação. É a primeira apresentação dela que não dou um jeito de ver. Quem quiser ir...
Ah! A Mari Vellinho é a minha irmã, não procurem pelo sobrenome porque lá em casa temos diferentes. Ela não é d'Ávila como eu.
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Gostei de dar dicas culturais além das de livro. Como vou pouco ao teatro e ao cinema em função da vida, me ajudem!

Do ramo?

Recebi uma mensagem de um cidadão que dizia que eu "não era do ramo". Acho que ele a escreveu em tom de crítica. Eu vi, sinceramente, como elogio. Acho que nós devemos nos questionar mais sobre o que é ser político hoje e o que é fazer política. O que é ser do ramo hoje em dia? O que a população pensa que é ser do ramo? Não acredito que sejam coisas boas nem bons símbolos.
Pode ser alguém que mora numa casa enorme em Porto Alegre ou que transforma Brasília num forno para assar o tanto de panetones que diz ter distribuído. Pode ser alguém que diz que perdeu a esperança e que nem lembra que há apenas vinte anos tínhamos nossas primeiras eleições diretas. Pode ser alguém fala complicado, cheio de termos jurídicos e que faz questão de não ser entendido justamente por aqueles que precisam compreender a realidade porque necessitam urgentemente transformá-la.
Nesse sentido eu tenho orgulho de não ser do ramo... Embora dedique mais de uma década de minha vida à política e que hoje viva dela, eu continuo acreditando, continuo sendo eu mesma, continuo lutando com milhares de brasileiros por uma vida feliz. E quem não vê o filho morrendo do tráfico, quem tem um trabalho decente, quem tem uma moradia digna, quem não morre na fila da saúde tem mais chances de ser feliz.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A verdade


é que fiquei muito emocionada ontem com o Prêmio Congresso em foco. É complicado explicar mas receber esse prêmio é uma lavar a alma. Vejam só: os jornalistas indicam (significa que aquele monte de pauta de "musa" fez com que eles me respeitassem, como eu os respeito). Os internautas votaram, a galera quis que uma mulher, jovem, comunista ganhasse. Fui a primeira mulher, numa terra em que somos poucas. Isso nos provoca a reflexão sobre a reforma política. A sociedade se vê nas mulheres. O nosso sistema não permite que as mulheres cheguem aqui. Foi bonito tudo, fiquei feliz. E me deu ainda mais garra para lutar por um Brasil desenvolvido e justo. Obrigada e beijos!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mensagem à poesia

Meia palavra basta, né galera? Mas o Vinicius disse isso tudo para explicar o que todos sentimos de vez em quando.

Mensagem à poesia - Vinicius de Moraes

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Como Deus manda


Eu poderia escrever sobre o que farei com minha parte de final de semana. De agora até amanhã de manhã me dei folga. Vou fazer coisas boas. Ficar com minhas amigas! Mas esse é o título de último livro que li. Ainda na Holanda, ocupei boa parte das minhas noites devorando essas quase 400 páginas de pura adrelina. O escritor é um jovem italiano Nicolo Ammanti.
Eu gosto de ler ou de ver filmes que me façam refletir sobre valores. Esse livro é atual porque trabalha com uma família de tipo moderno (pai e filho), num ambiente completamente perturbado. A narrativa me lembrou Pulp Fiction. Algumas pessoas acham graça porque eu gosto de imaginar os livros. E o que vi foi semelhante ao grande filme citado. Leiam. É pesado. Mas bom.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Boa noite

tive um dia bem cansativo e escrevo do celular. Amanha de manha conto. Boa noite!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Supermercado

Um jornalista acaba de me ligar na fiscalização que estão fazendo de todas as notas fiscais dos parlamentares. É dose ser posta na vala comum. Mas aqui aprendi que não basta ser honesta, temos que parecer também. E que ele está fazendo a parte dele. E, ao que me parece, lendo as matérias do blog e do site entendeu que eu de fato estive lá a trabalho.
Ao longo de cinco anos de vida pública aprendi muitas coisas. Mas tem uma muito singela que algumas pessoas compreendem. Aprendi o valor de ir ao supermercado. Minha meta de vida é morrer indo ao supermercado e poder ouvir críticas, elogios, sugestões de cabeça em pé. Pode parecer muito pequeno para alguém que é comunista e que luta para mudar estruturalmente o Brasil dizer que quer morrer indo ao supermercado. Sim, quero ir ao supermercado num país bem melhor do que o que vivemos hoje. Mas estarei lá.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Em Brasília

chove. Mesmo que no fundo esteja pegando fogo, como disse um amigo.