quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

2009: reencontros e descobertas

Quando essa época chega, muitos ficam aflitos. Sempre fiquei. É uma confusão de esperança (com o que virá) e impotência (com o que deixamos de fazer). É como se nos poucos dias que nos sobram no ano pudéssemos listar tudo o que não fizemos e organizar uma nova lista com tudo o que queremos concretizar. Acho que todos me entendem.
Pois bem, esse ano, para mim, chegou ao fim naturalmente. Não que eu não esteja fazendo planos para 2010. Estou sim! E são muitos! Mas posso ver, talvez pela primeira vez, que não fui atropelada por 2009. Tive um ótimo ano!
Os mais atentos podem me perguntar: ótimo? Nós sabemos que aconteceu isso, aquilo e aquilo outro. É verdade. Mas quase tudo me ensinou algo de bom. O ano começou pesado como talvez nenhum outro. Suas toneladas (com a doença de alguém muito querido) me abalaram, sensibilizaram, fizeram quase perder o rumo. Em alguns dias eu pensava: o que vai ser desse ano meu Deus! Se mal entrou e já fez tanto estrago... Mas no pior momento dele (sem parecer livro de auto-ajuda, gente...) redescobri o que de melhor tenho em minha volta. Descobri amigos por todos os cantos, descobri solidariedade em pessoas que estavam distantes, descobri carinho em quem mal me conhecia. Redescobri a alegria de ter com quem compartilhar momentos pesados, tristes. É realmente complexo explicar como os maus momentos nos tornam fortes na fragilidade. Quando eu estava frágil como uma folhinha seca, vieram amigos para me nutrir com esperança na vida. 2009 foi, nesse sentido, um ano ímpar. Por que reencontrei pessoas e talvez, em certo sentido, tenha reencontrado muito de mim nessas pessoas.
Foi também um ótimo ano em nosso mandato. Uma equipe redondinha, que tem um nível de amizade supreendente mas uma capacidade de trabalho ainda maior. Conseguimos girar o estado, organizar nossos debates, ajudar a construir soluções para problemas em Brasília e terminamos o ano com o trabalho dessa equipe reconhecido: ganhamos o prêmio de parlamentar que melhor representa a população na Câmara, pelo Congresso em foco. E estou destacando pessoalmente aqui. Politicamente fizemos a prestação de contas de três anos de trabalho (está no site http://www.manuela.org.br/). Mas enquanto ser humano posso garantir que a rotina do nosso trabalho é exaustiva. Para todos da equipe. Viajar dentro do estado e fora dele (não apenas as viagens semanais para Brasília. mas fomos para outros estados debater estágios, estatuto da juventude), ficar no plenário até duas da manhã, distribuir prestação de contas no final de semana... Tudo isso cansa. E só foi possível intensificar o trabalho, o rendimento porque temos um time que joga junto.
Por essas razões já teria motivos de sobra para afirmar que tive um ótimo 2009. Se ele foi todo bom? Evidente que não. Ele foi péssimo em muitos momentos. Mas foi um ano de descobertas e reecontros. Mas isso ainda é pouco perto de tudo o que vivi nesse ano. Tenho uma família cheia de defeitos e que é maravilhosa (agora com uma de minhas irmãs grávida e tudo...), tenho amigas e amigos sempre dispostos (para conversar, ajudar, brigar, me ouvir chorar, me fazer rir, para comer na Cidade Baixa....), ou seja, tenho amigos ótimos, temos uma equipe de trabalho leal e amiga, tenho um namorado que me aguenta (e eu aguento ele, vocês acham que é fácil namorar um deputado? hehehe) e que eu amo, milito em um partido cada vez mais forte e com uma militância convicta, estamos todos com saúde... Reclamar? Do que? Eu só posso agradecer às pessoas de carne e osso que estiveram ao meu lado esse ano. Só me resta dizer: obrigada.
Que venha 2010! Com eleições e tudo! Minha única promessa pessoal de virada de ano é que vou lutar para ser feliz como fui em 2009! E para ficar bem perto de todas as pessoas que amo.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vitórias de Joãos

Acredito que aqui pelo blog é possível perceber minha paixão pelo nosso continente.
Num dos primeiros posts, ainda em 2008, escrevi sobre Juan, um jovem argentino que recuperou sua identidade aos 25 anos. Quem reler esse post (chama-se Yo soy Juan) entenderá minha alegria no dia de hoje ao ler a notícia que os "filhos" dos donos do jornal Clarín farão teste de DNA (se vocês buscarem na FSP ou no Estadão de hoje encontrarão as matérias).
Sintetizando: na cruel ditadura argentina muitas jovens grávidas (ou com filhos) foram presas. E essas crianças foram entregues aos "aliados" dos militares (ou militares mesmo) para serem criadas. Foram cerca de 500. Há muito tempo as chamadas "mães da praça de Maio" criaram um movimento chamado "avós da praça de maio" para tornar pública a situação e tentar encontrar seus netos. Uns 90 já foram encontrados. Os donos do Jornal Clarin (um dos maiores da Argentina) sempre foram suspeitos de terem criado duas dessas crianças. Esses dois (hoje jovens) nunca quiseram fazer o DNA (imaginem a confusão psicológica que é ser criado por quem ajudou a esconder a morte de teus pais). Agora há uma lei que os obriga. E hoje é o dia que eles farão o bendito exame.
Eu vejo que é possível fazer justiça com pais e mães desaparecidos. Com avós que esperaram décadas para verem em seus netos os rostos dos filhos que já se foram.O dia de hoje simboliza, em certa medida, que é possíel fazer justiça mesmo quando estamos enfrentado os mais poderosos, como são os donos do Clarín. Hoje é um dia de vitória dos Joãos e Marias da América Latina.


(O vídeo acima faz parte de uma série de TV chamada "TV por identidade". Retrata a criação do jovem Juan (que participou de um seminário do mandato este ano) pelo pai-sequestrador. A música é de Leon Gieco, em homenagem ao jovem.)

sábado, 26 de dezembro de 2009

O consultório

“Para, Maluela, o vô vai nos ver”. “Não vai não Fer, cala a boca, se a gente ficar atrás da cadeira ele nem vai saber que estivemos aqui.” Assim, passávamos as manhãs escondidos no consultório de dentista de meu avô. Ele obturando os dentes, os pacientes gemendo de dor e nós apenas nos concentrando para não sermos vistos. Recentemente, passados mais de vinte anos, perguntei a ele se alguma vez havia nos visto. Nenhuma. Talvez conseguíssemos mesmo ficar invisíveis.

Por onde andam as luzes de Natal?

Esses dias, andando de carro em Porto Alegre me perguntava onde andam as luzes da Natal que iluminavam nossas infâncias. Por onde andam as casas com as luzes (de tamanho de uma luz de casa, não essas pequeninas) que geravam disputas intermináveis entre os cinco irmãos pequenos sentados no carro? Lembro de muitos Natais, em que saímos de Estância Velha e íamos competindo quem mais contava casas com luzes de Natal até Canela, na casa de meus avós. Nunca ninguém ganhava porque brigávamos pelos números. Mas as casas com luzes estavam ali para serem contadas. Deviam ser mágicas, coisas de crianças: desapareceram todas.

Deixamos de ser crianças

Estávamos aflitos. Era a primeira vez que um ano virava para o zero. Era 89. Ficamos no pátio esperando a década de 90 entrar arrebentando nossos corações infantis que não imaginavam que mais que um ano redondinho estaríamos entrando na década em que deixamos de ser crianças. E lá se vão vinte anos.

O amanhã sempre chega

“Até amanhã, filhinha!” – gritava Seu Vinicius antes do seu carro partir ou do nosso carro partir. “Mas nós vamos nos ver amanhã, vô?”. Não, não íamos. Mas até hoje, que ficamos meses sem nos ver, ele se despede dizendo: “até amanhã, filhinha”, agora no ápice dos seus oitenta anos ele parece ter a certeza de que o amanhã sempre chega.

Assim era o Natal

Éramos sete numa Belina 79. Cinco crianças, dois adultos. Entre beliscões e brincadeiras de “Qual é a música” rumávamos de Pedro Osório à Jaguarão. Corríamos todos para a “frigider” da garagem. Ali repousavam uma centena de “rei Alberto”, doce típico da região sul do Rio Grande. Gelatina vermelha com abacaxi picadinho, ameixa amassada, creme de gelatina, ovos moles e sei lá mais o que. Tudo feito à mão pela Dona Solange, minha avó. Também nos aguardava uma bela ambrosia de forno (doce único), um bolinho 1, 2, 3 (uma xícara de leite, duas de açúcar, três de farinha ou qualquer coisa nesta proporção). Um belo pastelão de forno de guisado e uma lingüiça caseira. Passávamos dois dias dormindo no chão, no sótão, tomando banho na Lagoa no Uruguai, andando no Del Rey 84 (bem mais moderno do que a Belinosa). Também havia parte de tentar acordar a Tia, que sempre dormia mais do que as crianças. Depois, somavam-se as incontáveis e intermináveis visitas. Elas iam até o momento em que fechávamos a primeira porta da rua. Eram duas as portas da casa. A primeira era a que simbolizava que estavam dispostos a receber visitas. No dia 24, Seu Vinicius assistia à Missa do Galo. No dia 25 Dona Solange se arrenegava porque nunca entendia como era possível que cem “reis Albertos” fossem comidos. Mas todos os anos eram comidos os cem. Era assim. Tudo simples. Tudo perfeito. Sem grandes trocas de presentes. Aliás, nem me recordo de haver trocas de presentes. Mas eram assim os Natais familiares no início da década de 90 quando éramos sete. Todos crianças, todos morando junto, todos felizes.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Estou lendo vários livros ao mesmo tempo. Acabo de terminar "Quando fui mortal", do grande espanhol Javier Marias. São nove contos. Todos deliciosos de ler. Não são leves como não é leve "Amanhã, na batalha, pensa em mim", do mesmo autor. Mas vale a dica.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boas festas

É certo que eu ainda vou aparecer por aqui até o final do ano. Quero escrever sobre esse ano bem importante no mandato e na minha vida. Mas por hoje, deixo a nossa mensagem, da nossa equipe para todos vocês. Como aprendi com um velho amigo: saúde e paz.

Prestação de contas

Gente, aqui vai o link para o que apresentamos no domingo, na plenária.

http://www.manuela.org.br/prestacao-contas/

domingo, 20 de dezembro de 2009

Foi um ótimo final de semana

Quando decidimos fazer o seminário e a plenária do mandato neste final de semana (em função de várias agendas nos anteriores) eu tive medo que não desse certo. Este é, afinal, o último fim de semana útil do ano. Todos já estamos esgotados e sem muita disposição e o calor em Porto Alegre sabe ser insuportável como poucas coisas no mundo. Mas eu estava errada.
Tivemos um ótimo seminário do mandato. Anualmente relizamos dois encontros de toda a equipe do mandato. Um para analisar e pensar o ano, outro para vermos o próximo em perspectiva. Este ano criamos um terceiro mandato: apresentamos para pessoas que não são da equipe a avaliação e as metas.
Foi um sucesso. Já devemos colocar no site este resumo, distribuímos em forma de DVD. Se alguém quiser, prenda o grito. Ou deixe o endereço
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P.S. Esta postagem foi escrita ontem. E não sei o porquê mas ficou armazenada. Hoje tive um dia agitado e curto. Vou trabalhar até quinta, como a maioria de vocês. Beijos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pressão

Dia de Guaíba e Alvorada. Ontem foi São Leopoldo, Novo Hamburgo, festa colorada. Muitas crianças nas praças do Programa Federal que fomos lançar (PRONASCI). Muita esperança nas mulheres da paz. Muita felicidade nas mãos dos jovens. É sempre emocionante ver segurança pública com ênfase na justiça social.
Tudo isso com a pressão arterial lááááá em baixo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bem perto do fim

Hoje me dei conta que o ano está acabando mesmo. Pensei numa frase de um amigo em meu aniversário quando eu reclama que tudo estava passando rápido demais. Ele disse que se eu parasse para pensar bem perceberia que havia passado bem devagar. Faltam apenas quinze dias. Mas está bem perto do fim.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Tenho manias inconfessáveis. Mas uma eu adoro: a de me apaixonar por livros e temas diferentes a cada dia. Por exemplo, já fiz uma busca virtual dos livros que quero ler nas minhas férias. E já os fico imaginando. Nos dois últimos dias devorei um entre o avião e as noites insones. Chama-se "A outra vida de Catherine M", da francesa Catherine Millet.

Desde Sartre e Beauvoir muito foi escrito e debatido sobre relacionamentos diferentes ou abertos. Há inclusive um fantástico livro com o conteúdo dos diários da própria Simone de Beauvoir. Comprei esse livro francês por acaso, na banca do aeroporto. Havia esquecido "Espelhos" (de Galeano) no carro e tinha que ter algo para ler na última poltrona do avião. É uma edição que saiu em português graças ao ano Brasil/França.

É um belo livro porque Catherine é a editora da Revista Art Press (principal revista de crítica de arte da França). Ou seja, é uma mulher realizada mas que também sofre com as coisas mundanas como todas nós. Fica a dica para quem gosta de livros com uma ênfase mais psicológica ou comportamental. Eu os adoro. Decifrar o ser humano é uma das minhas paixões. Inclusive porque sei que é impossível!

Do gosto das coisas

Ontem foi um dia de diversos sabores. Tive a oportunidade de, ainda pela manhã, fazer uma justa homenagem a minha universidade (e de mais de cento e oitenta mil pessoas que passaram por lá) UFRGS pelos seus 75 anos aqui na Câmara. É evidente que o principal papel da universidade é produzir conhecimento para garantir o desenvolvimento do Brasil. Mas além disso tem um gosto doce pensar na minha vida desde a UFRGS. Poderia dizer que é porque que ali comecei a fazer política (ali e na PUCRS) mas não é só isso. Também não é apenas porque ali comecei amizades marcantes na minha vida e na minha personalidade. Talvez para melhor resumir e não contar toda a história de vida de minha família poderia dizer que aquele universidade permitiu que minha mãe e meu pai se conhecessem. Ou seja, literalmente, boa parte de minha vida passa por aqueles prédios, aqueles corredores, bares, salas de aulas.
Ainda ontem teve início a Conferência Nacional de Comunicação. Conferência marcada por conflitos e disputas mas que dá a todos os que lutam pela democratização da comunicação um gosto de vitória. Vitória porque apesar dos pesares e dos "vocês" nós conseguimos realizar a conferência e abrir, iluminar o problema do monópolio midiático no Brasil. Ver um presidente da República, mesmo que apenas após 7 anos, abordando estas questões nos faz sorrir, ter um pouco mais de esperança. É claro que é só um primeiro passo. Mas nós já andamos tanto na luta pela democratização da comunicação. Óbvio que não vamos mudar tudo e conquistar tudo, que teremos que negociar para construir uma unidade e as mudanças possíveis. Mas estamos andando. E depois que se aprende a andar... Ninguém mais segura.
Por isso tudo prefiro guardar o gosto bom das coisas. O gosto amargo a gente não esquece. Mas guarda num cantinho bem menor do que aquele reservado ao doce gosto de lutar para transformar a sociedade. E eu vi centenas de pessoas com esse gosto de luta ontem na 1a CONFECOM.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Pense duas vezes


Nem todos conhecem os lugares que muitos brasileiros vivem. Comunidades sem saneamento, sem infra-estrutura alguma. Vivem em meio a dejetos cloacais. Ou das fezes de seus banheiros sem esgoto. Ou suas crianças brincam em valões imundos. Muitos brasileiros vivem na merda, de fato. E sofrem com isso. Trabalham, educam seus filhos (ou tentam garantir a vaga na escola). São as brasileiras sem vagas para seus filhos em creche, os jovens que muitas vezes são alistados pelo narcotráfico. Muitos adoecem, muitos morrem pela falta de higiene (não suas... visitem suas limpas casas) mas da higiene da rua, do bairro, da cidade. Parte disso chamamos de saneamento. Ontem, portanto, o Presidente Lula não usou a palavra merda no sentido figurado ou como palavrão. A usou no sentido literal. Lançava o programa Minha Casa, minha vida. Um programa que além da moradia prevê infra-estrutura urbana.

Mas e se tivesse usado a palavra merda no sentido figurado? O que isso o diminuiria? Ontem, comentei rapidamente no twitter o choque que levei com a reação moralista de alguns articulistas políticos e também de muitos cidadãos. Capa de jornais, colunas inteiras. E o Arruda? E os 7 pedidos de afasmento dele? Ah! Ficaram satisfeitos com a saída dos DEMOcratas? Eu não!Alguns com razão afirmavam irritados que os exemplos devem vir de cima. Concordo 100%! Mas qual é o exemplo? Usar uma palavra feia (que não é em si um palavrão) é um mal exemplo?

Estou acostumada com pessoas que gostam de falar de maneira rabiscada. Quase teatral. Jamais usariam uma expressão (mesmo errada) de maneira natural. Tudo é pensado. Ajuda alguma coisa? Muda a realidade? Educa nossas crianças para não se conformarem com as injustiças, com as crianças iguais a elas que vivem nas ruas, para não pegar a canetinha do coleguinha na escola? Não.

Portanto, pense duas vezes. Primeiro, na verdade inconveniente relevada por Lula: muitas pessoas vivem sem saneamento. Isso existe mesmo que tu não vejas em teu caminho para o trabalho. E é muito importante garantir dignidade para elas. Segundo, quantas vezes tu que és honesto, trabalhador, se indigna com algo que vê e pensa: "Ai, que merda!!"? Muitas, não? Eu prefiro ter um Presidente parecido comigo, contigo, com todos. Alguém de verdade que fala português e que, depois de 7 anos na Presidência, ainda fica P da vida com as injustiças.

E se tu, depois de tudo isso, consideras que ele errou, pense: errar é humano. Quem faz política também é humano? Ainda bem, né?

O bêbado e a equilibrista

Eu: a equilibrista. O bêbado: um desconhecido. O cenário: um hotel em plena Cidade Baixa em Porto Alegre. Depois do avião, depois de dormir com o pescoço caído, depois de não almoçar, não jantar chego em casa. Minha casa, minhas coisas, meu cheiro... Meu cheiro? Nada. Cheiro de gás, Gás forte. Minhas vizinhas velinhas devem ter esquecido o forno ligado. Devem estar morrendo. Que horror!!! Que horror, era um horror menos horror, mas um horror: o gás era meu. Minha casa. Minhas coisas. Sem o cheiro. Com cheiro de gás. Pânico, ligações, amigo sempre presente (Alexandre), problema resolvido. Mas sem gás para usar e com gás pela casa. Vou para um hotel. Que hotel? Conheço quase toda cidade, algum hotel vou me lembrar. Lembrei. Cidade Baixa. Hotel. Tem vaga? Tinha vaga. E tinha um bêbado também.
Primeiro ato bêbado: por que tu vai dormir sozinha?
Segundo ato bêbado: teu marido te correu de casa!
Terceiro ato bêbado: Tu pegou teu marido com outra!
Quarto ato bêbado: Tu és a Manuela?
Quinto ato bêbado: Já sei... É armação política!!! Só pode!
Primeiro ato Manuela: É... É armação política sim. Só pode ser. O senhor estar aqui me provocando é armação política. Depois de tudo o que eu passei lhe aguentar só pode ser armação política para ver se eu lhe agrido e saio nas capas dos jornais!
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Hello!!! Eu nasci em agosto. Meu inferno astral já passou!!! Acho que Deus está enganado!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dica de leitura


Roberto Bolaño já foi citado nesse blog. É um escritor chileno daqueles que eu não gosto de gostar porque já morreu. Ou seja, eu economizo seus livros porque sei que não virão novos. E a primeira leitura é a primeira... Li, no avião para Brasília, Estrela distante. É um livro pequeno (140 p) mas intenso. "Estão lá a relação entre poesia e revolução, a figura do poeta como herói (ou antiherói), o cenário de violência da ditadura chilena, o exílio como condição permanente, a busca por um escritor desaparecido, as referências literárias, em que se misturam nomes reais e fictícios, os acenos ao surrealismo (ou à pura bizarrice), acenos também aos labirintos elegantes de Borges, a expressão da vida marginal, com sua tríade sexo, literatura e álcool, e, claro, a figura do alterego, seu melhor personagem." (Daniel Benecides, UOL).

Pronto. Ele escreve melhor do que eu sobre o livro.

Teatro

Tenho uma irmã linda que é atriz. Aliás, lá em casa deu "de um tudo um pouco", como o nosso povo diz. Eu estarei em Brasília na homenagem da Câmara aos 75 anos da UFRGS e na Conferência de Comunicação. É a primeira apresentação dela que não dou um jeito de ver. Quem quiser ir...
Ah! A Mari Vellinho é a minha irmã, não procurem pelo sobrenome porque lá em casa temos diferentes. Ela não é d'Ávila como eu.
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Gostei de dar dicas culturais além das de livro. Como vou pouco ao teatro e ao cinema em função da vida, me ajudem!

Do ramo?

Recebi uma mensagem de um cidadão que dizia que eu "não era do ramo". Acho que ele a escreveu em tom de crítica. Eu vi, sinceramente, como elogio. Acho que nós devemos nos questionar mais sobre o que é ser político hoje e o que é fazer política. O que é ser do ramo hoje em dia? O que a população pensa que é ser do ramo? Não acredito que sejam coisas boas nem bons símbolos.
Pode ser alguém que mora numa casa enorme em Porto Alegre ou que transforma Brasília num forno para assar o tanto de panetones que diz ter distribuído. Pode ser alguém que diz que perdeu a esperança e que nem lembra que há apenas vinte anos tínhamos nossas primeiras eleições diretas. Pode ser alguém fala complicado, cheio de termos jurídicos e que faz questão de não ser entendido justamente por aqueles que precisam compreender a realidade porque necessitam urgentemente transformá-la.
Nesse sentido eu tenho orgulho de não ser do ramo... Embora dedique mais de uma década de minha vida à política e que hoje viva dela, eu continuo acreditando, continuo sendo eu mesma, continuo lutando com milhares de brasileiros por uma vida feliz. E quem não vê o filho morrendo do tráfico, quem tem um trabalho decente, quem tem uma moradia digna, quem não morre na fila da saúde tem mais chances de ser feliz.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A verdade


é que fiquei muito emocionada ontem com o Prêmio Congresso em foco. É complicado explicar mas receber esse prêmio é uma lavar a alma. Vejam só: os jornalistas indicam (significa que aquele monte de pauta de "musa" fez com que eles me respeitassem, como eu os respeito). Os internautas votaram, a galera quis que uma mulher, jovem, comunista ganhasse. Fui a primeira mulher, numa terra em que somos poucas. Isso nos provoca a reflexão sobre a reforma política. A sociedade se vê nas mulheres. O nosso sistema não permite que as mulheres cheguem aqui. Foi bonito tudo, fiquei feliz. E me deu ainda mais garra para lutar por um Brasil desenvolvido e justo. Obrigada e beijos!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mensagem à poesia

Meia palavra basta, né galera? Mas o Vinicius disse isso tudo para explicar o que todos sentimos de vez em quando.

Mensagem à poesia - Vinicius de Moraes

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.

Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.

Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Como Deus manda


Eu poderia escrever sobre o que farei com minha parte de final de semana. De agora até amanhã de manhã me dei folga. Vou fazer coisas boas. Ficar com minhas amigas! Mas esse é o título de último livro que li. Ainda na Holanda, ocupei boa parte das minhas noites devorando essas quase 400 páginas de pura adrelina. O escritor é um jovem italiano Nicolo Ammanti.
Eu gosto de ler ou de ver filmes que me façam refletir sobre valores. Esse livro é atual porque trabalha com uma família de tipo moderno (pai e filho), num ambiente completamente perturbado. A narrativa me lembrou Pulp Fiction. Algumas pessoas acham graça porque eu gosto de imaginar os livros. E o que vi foi semelhante ao grande filme citado. Leiam. É pesado. Mas bom.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Boa noite

tive um dia bem cansativo e escrevo do celular. Amanha de manha conto. Boa noite!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Supermercado

Um jornalista acaba de me ligar na fiscalização que estão fazendo de todas as notas fiscais dos parlamentares. É dose ser posta na vala comum. Mas aqui aprendi que não basta ser honesta, temos que parecer também. E que ele está fazendo a parte dele. E, ao que me parece, lendo as matérias do blog e do site entendeu que eu de fato estive lá a trabalho.
Ao longo de cinco anos de vida pública aprendi muitas coisas. Mas tem uma muito singela que algumas pessoas compreendem. Aprendi o valor de ir ao supermercado. Minha meta de vida é morrer indo ao supermercado e poder ouvir críticas, elogios, sugestões de cabeça em pé. Pode parecer muito pequeno para alguém que é comunista e que luta para mudar estruturalmente o Brasil dizer que quer morrer indo ao supermercado. Sim, quero ir ao supermercado num país bem melhor do que o que vivemos hoje. Mas estarei lá.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Em Brasília

chove. Mesmo que no fundo esteja pegando fogo, como disse um amigo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O tamanho da vontade de viver

Estou me sentindo em paz hoje. Uma paz profunda, aquela que brota apenas de vez em quando, quando estamos realmente tranquilos. Não é comum isso acontecer menos pela vida e mais por tudo o que vemos no mundo: tanta desigualdade, tanto injustiça. Mas hoje fiquei feliz e quero agradecer aos nossos idosos. Por que?
Durante todo o ano realizamos o Ciclo de seminários para um Envelhecimento Saúdavel. Foram uns oito ou nove, um por mês. Vamos seguir no próximo ano. Mas hoje realizamos o debate de encerramento do ano e fizemos uma confraternização com a apresentação cultural dos próprios idosos. Gente, foi sensacional. Uma alegria, uma vontade de viver, uma felicidade, um amor-próprio... Aquelas pessoas são felizes com suas dores, com suas ausências, com suas baixas aposentadorias. Elas amam a vida. Estão junto conosco lutando para melhorar a vida. Melhorar a cidade e o país. Mas estão em paz com elas mesmas.
Uma das gurias (são gurias mesmo de alma)resumiu como eu me sentia: "deve ser mesmo muito emocionante para uma jovem como tu, ver o tamanho da nossa vontade de viver". É verdade. Obrigada. Vocês nos ensinam a ser felizes.
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Aproveito o post para desejar um Feliz Aniversário para a Marinha. Ela organiza o nosso ciclo pelo mandato e tivemos a oportunidade de juntos cantarmos parabéns para ela. Mara, a gente te ama e está sempre contigo. Parabéns por seres a (boa) pessoa que és.

domingo, 29 de novembro de 2009

Iluminando problemas


Esperei alguns dias para falar sobre um dos temas que estudei na Holanda e que é muito polêmico aqui no Brasil e no mundo inteiro: a política de drogas do país. Esperei porque acredito que, às vezes, temos que digerir muito as informações por algum tempo para opinar com mais qualidade. O título desse post é a conclusão mais importante que cheguei sobre o assunto.

Primeiro gostaria de desfazer alguns mitos:

1. a Holanda não é um país em que as pessoas fumam maconha em tudo o que é canto e injetam heroina em público como alguns contam. Até concluí que muita gente vai para lá e nem percebe que, tirando as áreas muito turísticas de Amsterdam (Zona da Luz vermelha, por exemplo), os coffee shop são locais super pequenos e discretos. Conheci muitas cidades, foram mais de quinze dias pegando trem, comendo, "trabalhando", indo ao super etc. Definitivamente essa é uma imagem equivocada e distorcida do país. Acredito que essa imagem que alguns acham legal até prejudica o debate franco sobre os avanços que eles conquistaram.

2. Também é mentira que as drogas são legalizadas no país. O tráfico é combatido e o que não é crime é consumir drogas e portar uma quantidade pequena delas. Lá, como aqui depois da nova lei, o tratamento do traficante e do usuário é diferente.

Bem, dito isto, vou compartilhar algumas informações e opiniões com vocês.

1. De onde surge a idéia dos coffee shop, como funciona, quais limites e quais alternativas que eles estão construindo? Como é a política com a MACONHA?

Surge da tentativa de afastar consumidores do tráfico e do crime. Ou seja, não há porque envolver pessoas na rede do crime se essa é uma droga leve. Também da idéia de que se se fuma ali dentro é possível exercer algum controle sobre a qualidade da droga. Isso é importante para a saúde da população pois a maconha só é considerada droga leve (vejam o nível de pesquisa deles) se tiver até 9% de THC. O que tem acontecido hoje é que, com as mudanças genéticas já produzem com até 16% (como aqui misturam com merla, que cria dependência). O impacto disso é brutal. Eles avaliam as drogas sobre diversos prismas. Um deles é o impacto na saúde. Segundo o Ministério da Saúde o consumo de maconha com THC de 16%, por exemplo, está vinculado ao desenvolvimento de diversas doenças psiquiátricas.

Se o tráfico é proíbido como funcionam os cafés? Esse é um dos grandes problemas deles. Pois os donos dos estabelecimentos seguem tendo um vínculo com o crime. Eles tem uma espécie de política de "não estou vendo" mas querem combater esse mal. Como? Uma das alternativas é a proibição de grandes cafés e a autorização para pequenos. Logo, os donos poderiam produzir o fumo e eles teriam maior controle da qualidade.

Há um outro debate implícito nessa discriminalização da maconha que eles tem por lá. Se o mundo do crime é um só, quem pula a cerca que o separa do mundo "da lei", pula novamente. Ou seja, se eu convivo com um traficante para fumar, eu posso conviver para comprar cocaína ou heroína. E eles não querem que as pessoas convivam com essa "pulada de cerca".

Sabe qual é a conclusão mais surpreendente? Eles não tem indíces altos de jovens que fumam maconha. Na tabela européia, por exemplo, eles estão no meio da lista. Menos gente fumando e menos força para o tráfico.

Ou seja, a visibilidade não faz com que as pessoas saiam fumando. E ainda por cima, não mata milhares no tráfico.

2.E as outras drogas? Uma política gigantesca de redução de danos. Qual o conceito? Rede de saúde pronta para atender os dependentes. Conheci as clínicas, os métodos, a legislação de saúde para área. A média de recuperação é de 60%. Posso fazer um outro post só sobre isso pois é incrível. Porém, o mais inovador é o sistema de tratamento de dependentes em heroína.

A Europa, como muitos devem saber, teve um processo semelhante com o que o Brasil vive com o crack com a heroína na década de 90. Chegaram a ter 50 mil dependentes na Holanda (um país com 16 milhões de habitantes). A política de redução de danos é a seguinte: se o sujeito comprova que tentou por pelo menos 3 vezes se livrar da droga e que não teve sucesso, eles permitem que ele a consuma em 15 espaços públicos distribuídos pelo país. Essa droga tem níveis menos "potentes" (segundo pesquisas que eles desenvolvem) e essa pessoa deixa de ter contato com o tráfico. Também reduz todos os danos paralelos ao consumo: é feito uma espécie de procedimento hospitalar, ou seja, não são compartilhadas seringas. O sujeito não vira um criminoso para consumir a droga. Outras coisas como tomar banho, alimentação, acompanhamento psicológico etc são parte da rotina desses espaços. Ali, também o dependente ganha estímulos para deixar de consumir a droga, buscar trabalho, conviver com a família. Ou seja, ele passa a ser um dependente. Uma pessoa doente. Não um criminoso, que é HIV positivo, que não tem casa, família, nada.

Qual o resultado? Uma legião de dependentes em heroína? Não. Hoje eles tem 15 mil dependentes. Menos de 1/3 de uma década atrás (quando a política foi implementada). Redução brutal de violência e criminalidade nas cidades. Ausência de uma legião de pessoas se picando em esquinas, ruas escuras (muitas pessoas que foram para a Holanda na década passada guardam essas imagens do país, já ouvi relatos).

Outro impacto: os jovens não querem consumir a droga, foi quebrado o fetiche. Por que? Porque o estado dos dependentes ganhou visibilidade. Segundo eles me disseram "é a cara da derrota".

Não estou dizendo isso para que a gente pense que temos que copiar tudo igualzinho. Não. Nunca. Política pública não é receita de bolo. Cada país é um país. Cada povo é um povo. Cada sistema é um sistema. Mas é preciso refletir.

Na América Latina, continente que produz drogas, é muito comum o debate sobre drogas ficar no "campo moral". Ou seja, se é certo ou errado consumir. Esse, na minha opinião, não é um caminho que tem nos ajudado. Perdemos milhares de jovens no tráfico, temos muitos viciados em crack, por exemplo. É preciso colocar a saúde da população em primeiro lugar. Esconder problemas não é a solução para nada. Escondemos por décadas a violência contra a mulher, a pedofilia etc. Precisamos dar visibilidade aos problemas. O tráfico é um deles. Os consumidores e dependentes não precisam estar desse lado, apenas para abordar um dos aspectos.

Todo mundo sabe da minha luta para, por exemplo, termos espaços para tratamento de viciados em crack. Mas tenho a convicção de que apenas isto não basta. Precisamos, com calma, tranquilidade, maturidade dar um salto na nossa política de drogas. Precisamos. Temos que construir um caminho nosso, idéias brasileiras para enfrentar o problema que temos aqui que é certamente distinto dos problemas da Holanda. Esses problemas existem e devemos colocar luz neles. Esconder não resolveu e não resolverá.

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Escreverei outros posts sobre os temas que mais dediquei lá (educação e transporte). Aos poucos vou compartilhando com vocês.

Vaca aberta

Ontem pela noite fomos jantar no Matita Perê, levamos a Gabi para comer o prato feito para ela (conforme post anterior). Enquanto estávamos lá nos lembrávamos das coisas mais lamentáveis pelas quais já passamos (e cômicas) fazendo política e, sobretudo, movimento estudantil. As passagens em sala de aula, os corpos nas aulas que interrompíamos de anatomia, os seres engraçados no meio do caminho. Foi aí que me lembrei da vaca aberta. Na Agronomia da UFRGS, numa manhã fria de campanha para o DCE, estávamos eu e a Lúcia no carro. Eis que avistamos uma vaca pastando tranquilamente. Só que a vaca tinha um buraco de uns 30 cm do lado do corpo. Depois alguns estudantes me disseram que era para acompanhar a alimentação ou algo assim dela. Alguém sabe o nome desse procedimento? Não sei como havia me esquecido disso por tantos anos!!!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O prato da Gabi


Gabi é uma jovem normal. Embora completamente anormal. Advoga, dá aulas, estuda, milita. Uma jovem normal. Embora tenha gostos completamente esquisitos. Estávamos as duas na casa de um amigo meu, em São Paulo. Eu não o conhecia tão bem a ponto de pegar o copo para me servir de água na cozinha. Havia apenas alguns petiscos para comermos enquanto nos preparávamos para a noite de sábado. Eis que a Gabi (que nunca tinha visto o indíviduo mais gordo) resolve exclamar sobre sua fome. Gelei. Por que? Porque conheço as fomes da Gabi. Nunca são normais. A Gabi não tem fome de petisco. Mas isso não significa que ela se resolve com um arroz e feijão. Ela tem umas fomes esquisitas. Ela resolve que tem que comer massa com molho de atum. Ou damasco com queijo. Ou lazanha. Ou churrasco. Ou qualquer coisa que não está a disposição. Mas o problema é que dessa vez ela resolveu sentir fome na casa do meu amigo. E ela não podia ir para a cozinha e se resolver. Tive que tirar ela de lá, levar ao teatro 9sabendo que ela odeia sentir fome), passar duas horas rindo no espetáculo para depois ela comer um pão com requeijão que era o que eu tinha para oferecer...

Conto tudo isso para dizer que hoje jantei no Bar perfeito para a Gabi! Conheci uma feijoada compacta. É um filezinho de porco, enrolado num creme de feijoada, empanado, coberto com uma folha de couve e com calda de laranja e pimentas! Ou seja, lá, no meio do nada o sujeito pode dizer: agora quero comer uma feijoada completa. E come. O Matita Perê, na Cidade Baixa, é o lugar perfeito para estar com as pessaos que gostam de coisas boas, em qualquer horário. E para pessoas normais como a Gabi.

Loucura (s)

Nossa... Hoje tive um dia cheio de trânsito. Fui e voltei de Caxias com uma estrada infernal. Seja pelo calor, seja pela quantidade de carros no diminuto espaço físico. Não posso dizer que foi uma estrada comum porque passamos próximo a um acidente terrível com um veículo queimado e três pessoas mortas. Essas notícias sempre nos atormentam e me deixam perplexa, para dizer a verdade. É uma loucura.
Bem, em Caxias tivemos um mega ato na Câmara de Vereadores pela extensão da UFRGS na Serra. Fiquei feliz em ver tantos jovens, tantos trabalhadores, tantos políticos, a sociedade juntos na luta pela universidade pública numa região que contribui tanto para o desenvolvimento de várias cadeias produtivas do estado. Também é bom demais ver que é possível lutar por mais vagas nas universidades. Há pouco tempo atrás lutávamos para que ela não fosse privatizada. Isso acontece porque nós estamos, na prática, construindo de maneira sólida um novo país. Afinal, nada mais sólido do que a educação, a pesquisa.
Ainda lá em Caxias tive o prazer enorme de almoçar com meu querido amigo Deo Gomes e com Jussara. Fiquei muito feliz em rever esse velho combatente. Velho não de idade e nem de idéias. De antiguidade. E ainda descobri que, às vezes, ele dá uma olhadinha aqui no blog. Morri de rir. Quem conhece o Deo vai entender. Mal entrei na casa dele para almoçar e ele me diz: "Não diz mais que tu estás podre. ". Não entendi nada. Depois me explicou que era um post de um dia que eu estava cansada e usei essa expressão... Muita saudade dele.
Peguei uma estrada louca demais na volta, com vários trechos problemáticos pelos estragos da chuva. Por isso, vou descansar agora. O dia foi cheio e amanhã cedinho vou para a reunião com a Ministra Dilma e mais três Ministros para acompanhar o debate sobre liberação de recursos para o RS para dar conta dos desafios da reconstrução de mais de 80 cidades.
Ah! Sobre o texto absolutamente escandaloso na FSP de hoje vou pensar mais antes de escrever. Ainda estou fazendo a digestão de tudo o que pensei sobre o assunto.
Beijo, boa noite de sexta para todos.

Indo para Caxias

Cheguei ontem aqui no RS e devo confessar que foi triste ver o acúmulo de água quando o avião pousava. Mas para além disso fiquei emocionada ao ver Porto Alegre, andar pelas ruas... Quase um mês sem pisar na terrinha é demais para mim. Ontem ainda dei um jeito nas coisas no escritório, organizei uma parte da agenda e depois, pela noitinha, vi parte da minha família (inclusive acompanhei minha irmã para vermos juntas a/o meu sobrinho que está na barriga dela.
Agorinha estou saindo de casa para Caxias do Sul. Lá vamos discutir a extensão da UFRGS para a região da Serra. Beijos e boa sexta!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tentando resumir

Cheguei hoje pela manhã aqui em Brasília. Vim direto para a Câmara para presidir a reunião da Comissão de Trabalho. Estou podre mas a saudade da minha rotina e do meu trabalho me trouxeram até aqui. Sei que andei ausente e este é um dos problemas de manter o blog e o twitter atualizados por mim. Na Holanda tinha pouco tempo livre e quase nenhum acesso ao computador. Vou tentar resumir um pouquinho do que fiz e depois, aos poucos, vou contando.
Como já sabem fiquei os quinze dias em Haia, capital política do país, a uma hora de Amterdam. Nós éramos seis no grupo (dois turcos, dois chineses, dois brasileiros). Tivemos uma programação comum (areas como desenvolvimento, política, estado de bem-estar etc) e uma agenda individual com base em nossos interesses específicos. Escolhi 3 áreas: educação (em todos os níveis), transporte público (todo o sistema) e política de drogas. A primeira conclusão que quero passar para vocês é sobre o papel do Estado nas políticas públicas. O estado é muito forte lá. O estudante ganha, por exemplo, auxílio para morar perto da universidade. Ou seja, o mito do Estado mínimo foi vendido para nós. Muitos acreditaram. mas eles mantiveram um estado que garante saúde, educação, transporte de qualidade. Esse é o pilar para entender grande parte das políticas que vi.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Obrigado galera!!

Ganhamos o Prêmio Congresso em Foco. Quando fui indicada há uns dois meses parecia uma brincadeira. Isso porque a primeira seleção é feita pelos jornalistas que passam seus dias inteiros dentro do Congresso, como muito de nós deputados. Apenas o fato de estar ali já havia me deixado feliz. Agora veio o resultado da participação dos internautas. E é uma pergunta interessante a ser respondida: Qual parlamentar melhor representa a população? Ou seja, tem relação com a representatividade, algo que toda a galera de nosso mandato luta muito para conquistar. Quero fazer alguns agradecimentos: Primeiro aqueles que me indicaram para estar na lista. É muito bom ver que os meus colegas de formação profissional não tem preconceitos com as mulheres e com juventude. Depois aos internautas que votaram, fizeram corrente pelo twitter, blogs, mostrando a força que a rede tem. Por último a toda galera do mandato. Cada um de vocês sabe o quanto todos trabalhamos juntos. Logo o prêmio é de vocês também.

Tem mais um aspecto muito importante: O Flávio Dino ganhou o prêmio como parlamentar que mais combate a corrupção. É bom ver que nosso partido tem tanto reconhecimento. O Flávio, para quem não sabe, tem apenas 40 anos e deixou de ser juiz federal para ocupar a cadeira na Câmara.

No mais... Espero voltar rápido para o Brasil para comemorar com vocês.

Obrigado galera!!!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Hoje passei todo o dia estudando no ministério do transporte o sistema multimodal deles. Estou levando muitos materiais e ideias. Tenho passado umas dez horas por dia em agenda e aprendido muito. Mas tenho que admitir que estou desesperada para voltar para o brasil.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Considerações

Vou fazer algumas considerações iniciais sobre o que eu vi em dois dias no ministério de educação apenas estudando o sistema de ensino médio e superior deles. Primeiro e preciso registrar q eles estão passando por enormes transformações e se preparando para um corte de 10% no orçamento. A crise os pegou em cheio e é bem esquisito ouvi- los falar em perda de direitos. Como já falei o Estado aqui e bem forte e então quase todo o sistema e público. Mas é pago. 1/3 estado, 1/3 estudante, 1/3 família. Mas eles têm uma serie de financiamentos e pagam quase tudo de quase todo mundo. Eles financiam passagem e moradia para todos os maiores de 18 que não querem ou não podem pela distancia viver com os pais. O sistema deles e bem diferente do nosso. Universidade mesmo, com pesquisa, é apenas para 40% de quem esta no ensino superior. O restante fica em escolas técnicas: eles chamam de vocacionais. 60% da juventude chegam a esse nível de ensino. Os "migrants" como eles chamam turcos não nascidos aqui só são 1% desse total.
Eles agora estão debatendo o currículo mínimo para as escolas. Por terem uma preocupação bastante grande com autonomia eles dizem o governo fixará o que ensinar e as escolas escolhem como.
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Transporte estudantil= passe livre para todos os maiores de 18 podem fazer a escolha se querem usar durante a semana ou no final de semana.
Não tem limite e vale para tudo: trem ônibus. Na cidade e intermunicipal.
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Eles estão sofrendo para implementar adivinhem o que? Cartão com chip para os estudantes. Alguém se lembra disso em porto alegre?
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Hoje estou pelo primeiro dia em Amsterdam. Passarei o dia entendendo a educação infantil deles e os espaços para depois da escola
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Ontem tive uma reunião com o ministro de transportes deles. Quinta e sexta me dedicarei ao sistema de transporte público. E muito bom ouvir tantas boas impressões sobre o crescimento do Brasil e o modo como enfrentamos a crise. Esse ministro e literalmente um guri. Muito jovem e brilhante. Todos falam que será 1º ministro em breve.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Reuniões e ciclovias

Hoje vou passar o dia em 9 reuniões no Ministério de Educação. Alias já fiz três delas. Realmente serviram para algumas novas ideias.

Enquanto isso vou atualizar curiosidades do país para aqueles que me perguntaram. Eles têm 16 milhões de habitantes apenas. O sistema de transporte é público e todo baseado em trens. Todas as ruas têm ciclovias. Por isso não se vê mulheres de salto nem saia. Elas pedalam muito. A comida tradicional e sopa de tomate e batata frita com maionese - mas se come muito bem nos restaurantes porque eles tem forte influência da Indonésia. Eles chamam de 'black people' as pessoas morenas, como os turcos e marroquinos. As creches são privadas e custam 18 euros a hora. O famoso uso do laranja vem da família real, que é proveniente de Orange, na França. Eles brincam e fazem piadas com os belgas e franceses como nos fazemos com argentinos e portugueses. Por ora só isso porque depois contarei muito sobre 'multiculturalismo' e educação.

sábado, 14 de novembro de 2009

Um pouco mais

Realmente esta muito dificil atualizar por nao ter computador e esse exigir um grande esforco e ainda nao ter acentuacao... tenho muitas coisas importantes para contar. Estou anotando no meu caderninho so as pequenas curiosidades para depois contar todas para voces.
Por ora gostaria de contar que ontem tive uma das experiencias mais interessantes de minha vida. Se a tivesse tido durante a faculdade de Ciencias Sociais renderia uns quantos artigos. Vou escrever com mais detalhes quando tiver um computador melhor.
Ontem passei o dia sendo apresentada para a sociedade "multicultural" da Holanda. Universidade, grupos de pesquisa etc. Qual nao e minha surpresa? Eles nao chamam de holandeses os caras que nascem aqui mas que ate avos de outros paises. para entenderem melhor: eles dividem a populacao deles em holandeses (79%), migrantes de paises ricos (mais ou menos isso... e uma explicacao simplista.10%) e migrantes de paises pobres (11%). Entao o sujeito nasce aqui e nao e holandes.
Bem, depois eu vou explicar muito mais sobre o que entendi desse assusnto. Mas queria lancar a provocacao. Imaginem nascer no Brasil e nao ser chamado de Brasileiro? Essa talvez seja uma das grandes diferencas entre nossos paises.
Beijos, bom final de semana

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um pouco de 36 horas

Acabo de sair da Fundação de Biociência de Leiden. É o mais antigo centro de pesquisa de genética e biociência. É um espaço tipo o Vale do Silício da área, com incubadoras e incentivos para quem deseja desenvolver pesquisas aqui.

Quando concorri a prefeita falávamos muito disso na área de tecnologia da informação em função do CEITEC. Aqui, em 25 anos, eles realmente formaram um pólo entre universidade, 21 escolas de ensino médio, 60 empresas e governo. O museu que me referi antes faz parte do complexo.

Dentro de minhas curiosidades esta o sistema educacional. Passei uma hora num museu de biologia para ensino médio. Eles realmente fazem com que a gente entenda tudo. Eles se orgulham de ter uma educação que não cobra a decoreba. Estou aos poucos captando como funciona.

Ontem tive a oportunidade de reunir com o conselho de desenvolvimento econômico daqui. A parte que me pareceu mais interessante é a antiguidade. Data de 1945. É independente do governo: composto por um terço de empregados, um terço de empregados e um terço de especialistas, tipo professores universitários. Chama a atenção que as tragédias uniram muito o povo. Aqui, além das guerras as recorrentes enchentes.

Fui também a Rotterdam. Lá fica o maior porto da Europa (são loucos os números da Holanda para um país tão pequeno). Também lá está o maior símbolo da defesa que eles tem contra as águas.

Ainda ontem jantamos com lideranças das organizações de trabalhadores deles. O mais inusitado é o fato de que ser organizam por idade.

Agora pela manhã, na visita ao ministério de economia deles, pude entender a razão das políticas de estado de bem-estar deles serem divididas por idades. No ministério chama a atenção as políticas de assistência para jovens fora do mercado e para aqueles que estão estudando e também para quem tem filhos, como jornada de trabalho reduzida para 28 ou 30 horas. Depois eu conto mais pois estou no pequeno intervalo na universidade de saúde. Beijos.

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Alguns me perguntaram como é o grupo. Somos seis absolutamente distintos. O outro brasileiro é da área de economia, por exemplo. Viemos todos a convite do ministério de economia e de relações exteriores deles.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Faltou tempo

Gente,

quero compartilhar algumas coisas bem legais com voces. Estou estudando por uns dias em Haia, nos Paises Baixos, a convite do governo daqui. E um programa muito interessante para o qual fui convidada juntamente com dois turcos e dois chineses e mais um economista(ia escrever guri) do Brasil. Passaremos os proximos dias num intensivo de economia, politica, educacao, saude e muitos outros temas.
Achei uma experiencia que poderia ser util para mim e para meu aprendizado politico. Eu pude fazer algumas opcoes de estudo individual e escolhi sistema de transporte publico (que aqui e multimodal - trens, onibus e ciclovias), sistema educacional. Acho que algumas experiencias podem me ajudar a pensar em solucoes diferentes para velhos problemas nossos.
Hoje, o primeiro dia, pude conversar com alguns parlamentares e conhecer duas coisas incriveis. A primeira delas e o tratamento dado a agricultura (sao o 2 país na producao agricola). E incrivelmente lindo. mas o que mais me chamou atencao e que todos tratam, o tempo todo, da questao energetica. Esse e o maior desafio deles para fazer qualquer coisa. Sei do apagao por ai, mas nos temos que concluir que somos muito privilegiados. E preciso que nosso povo perceba e aproveite isso.
Fiz muitas coisas que depois,aos poucos, vou contando. mas queria tambem chamar atencao para as ciclovias por aqui. E algo impressionante!!!! Gente, as escadas tem uma rampinha para eles subirem com as bicicletas. Todas as ruas tem ciclovia. Tudo bem... E tudo plano por aqui. Mas nos temos muitas cidades planas sem bicicletas, nao?
Bem, estou sem internet no meu computador e tenho que usar esse (de favor e por pouco tempo...). Vou contando aos poucos tudo o que vejo por aqui.
Beijos e fiquem bem.
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Apenas dois esclarecimentos. O primeiro e que essa viagem nao e paga com recursos da Camara dos deputados. O segundo e que eu nao sei qual mico paguei na segunda no CQC mas imagino que foi grande pelo que li no meu twitter. Se foi, desculpem, ninguem acerta sempre.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um ótimo congresso

Terminamos ontem nosso Congresso do PCdoB. Foram 4 dias de discussões e debates sobre o nosso novo Programa. Centenas de delegados de todo o país participaram e deram importantes contribuições. Sei que para muitos parece estranho que passemos quatro dias sentados debatendo política e um programa de desenvolvimento para o Brasil. Para mim, essa é a chave das diferenças de nosso partido com quase todos os outros. Temos unidade de atuação política porque debatemos muito e chegamos a opiniões mais avançadas. Temos qualidade na nossa atuação política porque nos dedicamos a estudar o Brasil e o povo brasileiro.
Além de nosso novo programa (marcado pelas reformas estruturantes pelas quais o país deve passar), também debatemos a nossa política de quadros e elegemos nosso Comitê Central (CC). Tive a honra de ser eleita pela segunda vez para esse importante espaço de debates e de decisões partidárias. Renato Rabelo foi reconduzido Presidente e Luciana Santos, uma querida amiga ex-prefeita de Olinda, eleita vice-presidente. A Luciana representa a nova geração de nosso partido, nossa capacidade de bem administrar, nossa participação enquanto mulheres na vida partidária. Esse CC terá um enorme desafio pela frente: conduzir nossa atuação em 2010, ano em que todos os progressistas brasileiros terão que suar a camiseta para continuar (e continuar significa avançar) o ciclo inovador de desenvolvimento conduzido por Lula. É evidente que nosso programa ganha mais viabilidade num Brasil mudancista, com forte bancada de esquerda na Câmara e no Senado, com os movimentos sociais ainda mais articulado.
Quando realizamos um congresso no mesmo período em que vinte anos nos dividem da queda do Muro de Berlim também podemos fazer algumas reflexões especiais. Nesses vinte anos nosso partido refletiu sobre os erros da experiência socialista e avançou no sentido de construir um caminho próprio para o socialismo brasileiro. Esse caminho, depois desse 12o Congresso, passa a ser o nosso programa de desenvolvimento nacional. Mas se reflexões e avanços marcam esses vinte anos, também marca a convicção que sempre tivemos de que o rumo para nosso país e nosso povo é o socialismo.
Nesses vinte anos muitos foram iludidos ou desistiram dessa bandeira de libertação para os homens e mulheres. Nós não. Reconhecemos erros. Mas sabemos que a sociedade em que vivemos é repleta de contradições e é marcada pela exploração dos trabalhadores. Nós queremos um Brasil livre. Solidário. Justo. Humano. Desenvolvido. Nós lutamos por um Brasil socialista. E saimos mais animados para a luta nesse 12o Congresso.

sábado, 7 de novembro de 2009

Se eu cantar, desafino


Evidente que eu adoro ouvir o Caetano Veloso. Gosto do passado musical dele e do presente. Certamente gostarei do futuro. Ele e bom (desculpem, estou sem acentos). Certa vez tive a chance de gravar um programa de TV com ele. O achei de uma simpatia absoluta. O oposto do que imaginava dele. Eu o imaginava antipatico em virtude de suas declaracoes polemicas sobre os outros. Nessa ocasiao ele me disse que era evidente que tinha que falar, ele tem opiniao sobre as diversas coisas e os jornalistas, sabendo disso, ligam frequentemente para saber quais sao essas opinioes.

Pois bem. Ele chamou o Presidente Lula de analfabeto esse semana. Declarou que votara em Marina da Silva para presidente. Pensei em escrever sobre o que o levaria a votar em Marina ja que ela nao tem programa de governo, nem aliados politicos (quais serao os aliados? aqueles que sao contra a ciencia e as celulas tronco? serao do campo das mudancas ou da oposicao?). Mas nao vou.
Nao vou porque ha uma campanha no twitter chamada #calaabocacaetano e eu discordo dela. Por isso, vou falar sobre o peao de fabrica que estudou apenas ate a 4a serie e que governa o Brasil. O cara que conquistou a auto-sufiencia em petroleo sem nunca ter estudado aquelas formulas chatas de quimica. O cara que superou a crise economica sem ter estudado logaritimo (nunca entendi para que estudamos isso na matematica...). O cara que conseguiu a vaga provisoria no Conselho de Seguranca na ONU, sem nunca ter estudado o verbo "to be" ou qualquer outra lingua. Quero falar do cara que, por ter estudado pouco sabe a forca da educacao formal e e o Presidente que mais construiu universidades e escolas tecnicas na historia do Brasil. Ou seja, Lula nunca fez apologia ao seu nao estudo formal. Mas lutou para que o povo o tivesse. Nosso "sociologo" fechava vagas nos cursos nao importantes para o mercado como... Sociologia...
Quero falar sobre esse preconceito de uma certa elite que acha que aquilo que o povo aprende na sua caminhada nao presta. Poxa! Logo o Caetano que e de um estado com centenas de analfabetos que seduziram o mundo com sua cultura, com sua arte.

Nao posso, nao devo e nao quero mandar o Caetano ficar quieto ou calar a boca. Primeiro porque nao sou deselegante como aqueles que falam grosserias para os outros. Depois, porque quero que ele me seduza para sempre com a sua voz doce e suas letras inteligentes. Mas... Se eu cantar, desafino. Se o Lula cantar, desafina. Solte a voz Caetano... para cantar! E isso que fazes - maravilhosamente - bem.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Mais uma razão para eu ser muito feliz


Nunca escondi de ninguém que tenho um grande sonho para realizar ainda: o de ser mãe. Acho a maternidade algo mágico. Uma transformação na vida das pessoas, a possibilidade de gerar uma vida, desde pequeninha, dentro do útero e depois vê-la correr livre pelas maravilhas e perigos do mundo. Eu tenho tempo para isso. E tenho também que organizar a vida para não submeter ninguém a essa loucura.
Mas hoje quero compartilhar com vocês a melhor coisa que aconteceu comigo - pessoalmente - esse ano: estou meio grávida. Ou seja, vou ser tia. Pela primeira vez serei tia. Somos cinco irmãos. Um bando de certinhos... Sou a mais nova das mulheres e estava ficando para titia sem ser tia!
Estou meio grávida porque na minha casa todos somos unidos até a alma. E nós todos estamos felizes demais com os 3 cm de vida que minha irmã Carolina carrega dentro de si. Na verdade são 2,6cm. É o feijão da Caro, como ela chama.
Estão sendo dias felizes. Seremos mais pessoas nessa família tão louca, tão cheia de gente esquisita, gente tão diferente, gente que briga e que, sobretudo, se ama demais. Será mais um dos nossos. Terá parentes sem nenhum vínculo sanguíneo como todos nós temos, terá rodas de violão com músicas de criança, terá bonecas da turma da mônica. Terá Natais chatos e alegres.
Não sei. Não sei como se chamará. Se será moreno ou loiro, com olhos claros ou escuros. Não sei se será uma bailarina ou um piloto de avião. Só sei que será feliz. Muito feliz como todos nós.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Cotidiano

Era a estrada para Ilópolis. Dia de sol, calor infernal, horário certo para o compromisso. Eis que olho uma estátua de bode numa casa. Pensei ser bastante incomum um bode nessa região, mais ainda uma estátua. Eis que ele se vira para a estrada e... é um bode real! Olhem as cenas maravilhosas de nosso cotidiano de trabalho.


crédito das fotos: Latino

Intuição

Como a gente explica aquele frio na barriga que nos avisa que algo não está bem? Qual remédio que tomamos para esfriar o sangue que ferve sem saber por que? Como não usar a ampulheta para contar os segundos que nos separam daquilo que não sabemos o que é mas sentimos que acontecerá? Maldita intuição que nos atormenta. Bendita intuição que nos protege.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amigo da amiga

Era aniversário de Clara. Amigos na mesa tomavam cerveja artesanal. Todos se conheciam desde muito e os assuntos eram chatos para qualquer desconhecido. Eis que chega Laura, conhecida do trabalho. A coitada tenta se enturmar. Passados alguns minutos chega Fernando, da velha turma. Com ele um outro guri. Clara pensa: "Bonito o amigo do Fer". Olha mas não insiste. Não é do seu feitio, nem no aniversário, jogar muito charme. Mas joga charme. Depois descobre ser o affair de Laura. Pensa:"em aniversário não tem crime. Olhei tá olhado. Não adianta eu me culpar".
Passados alguns dias, elas encontram-se no trabalho. Assunto vai e volta e Clara pergunta sobre o casinho bonito da amiga. Laura responde que não quer nada, que não tem química entre ambos. Clara conversa, insiste e convence a amiga a jantar com o bonitão, dar mais uma chance para ele.
Chega o dia do jantar. As amigas trocam opiniões típicas dessas datas: roupa, cabelos, estilo de pouco caso. O bonito chega tarde, desistem de jantar. Laura e ele apenas batem papo. Lá pelas tantas ele se emociona e solta: "Gostei daquela tua amiga aniversariante, podias me dar o telefone dela?". Ela deu. E ambas agora aguardam as cenas do próximo capítulo.
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Pode parecer inventado. Mas isso aconteceu com uma amiga.

Encontro de personagens

Ela havia devorado "Travessuras da menina má", de Vargas Llosa. Disse que todos tinham um pouco de menina má. Nunca imaginou que ele tivesse uma só dele. Meninas más são aquelas que usam sentimentalmente aos outros, que parecem santas, mentem, até a Igreja vão. Mas não valem uma notas de três reais. Ela, definitivamente, não servia para isso. Era direta, sabia que estava longe de ser perfeita mas, a duras penas, reconhecia os próprios limites e erros. Ele a amava mas, tinha com a menina má uma ligação inexplicável (e talvez impublicável). Nada, nenhuma dor que essa menina gerasse nela o faria romper aquele vínculo. Doentio o vínculo estabelecido entre ele e a menina má. Talvez todos os homens casem com as boas mas, alguns preferem as más meninas.
Ele havia devorado "Canalhas!" de Carpinejar. Ria até chorar. Percebia que, no fundo, como diria o poeta gaúcho, alguns homens eram canalhas e outros cafajestes. Os canalhas traem mas são bons de coração. Os cafajestes não valem nada. Os cafajestes são a versão masculina da menina má.
Logo, tratava-se de um triângulo amoroso entre uma menina má, um canalha e ela. Uma jovem comum. Nem boa, nem má. Comum. Ela era o personagem que sobrava nessa estória entre o peruano Vargas Llosa e o gaúcho Carpinejar.
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Escrevi esse texto após ouvir, na noite de sexta, a louca relação de uma amiga. Aliás, ela ainda vai me inspirar muitos textos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Novidades

Terei muitas novidades para contar ao longo da semana. Tem bastante coisa acontecendo ao mesmo tempo. Estamos finalizando a escolha das nossas emendas para as cidades. Acho que serão coisas legais que faremos. Também estamos finalizando o relatório do Estatuto da juventude. Mas isso e parte pequenina do que tenho para contar. Mas agora quero descansar porque estou com um pouquinho de TPM de não quero repetir a estória do queijo. Hehehe

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De cabeça para onde?

Algumas vezes tenho a impressão de que as coisas estão fora de ordem, de cabeça para baixo. Mas, quando uso essas expressões concluo que, se estivessem de cabeça para baixo, talvez as coisas estivessem melhor.
Essa semana pensei nisso muitas vezes. Ontem, quando vi o Fantástico fazer uma avaliação sobre a roupa da estudante agredida na Uniban, me perguntei: onde eles estão com a cabeça? Há uma infeliz cultura de transformar a vítima em responsável pela violência que sofre. A mulher estuprada escuta que se não tivesse saído com tal roupa aquilo não haveria acontecido, a mãe da vítima de abuso sexual, escuta que deveria ter cuidado mais da criança quando esta estava com o tio (!!!), quando um casal homossexual é espancado dizem que é porque estavam se beijando em público (!!!!) e até quando somos assaltados ouvimos: "Também, andas com a bolsa aberta (ou o vidro aberto) e não queres ser assaltada?". Ou seja, o que o Fantástico fez ontem é bem mais comum do que gostaríamos. Mas é algo que deve ser condenado por nós todos.
O que me choca nas cenas da menina sendo agredida não é ela. É a intolerância, a capacidade de um coletivo entrar em surto a partir do preconceito para com alguém. Não acho que a educação formal seja muito significativa para mudar valores, mas me pergunto: esses são nossos universitários? Nem sei de que cursos eram eles, mas são esses aqueles que serão os médicos que vão atender crianças grávidas vítimas de estupro, por exemplo? Meu deus do céu...
Temos que dizer não a intolerância que muitas vezes se manifesta na nossa sociedade. E falar em alto e bom som: vítima de violência é vítima. Não é responsável.

Dia de lembrar


Dentre as coisas que ninguém consegue mudar durante a vida está a sensação de saudade e dor profunda com a morte das pessoas que amamos. A morte sempre choca, mas aquela terrível sensação de "eu nunca mais, nunca mais vou ver esta pessoa" dói demais. A luta que se estabelece na memória entre as imagens mais distantes e os últimos contatos, as conversas, os cheiros... Acabam ficando slides da vida partilhada com aquele ser querido, amado.

Mas eu acredito que hoje seja um dia de nós nos esforçarmos para lembrar de tudo de bom que vivemos com aquela pessoa, do que construímos juntos. Mas, mais do que isso: hoje é um dia de celebrarmos a vida, de jogarmos fora o rancor que resseca, de reconstruirmos relações, de pedirmos desculpas, de aproveitarmos as pessoas que estão aqui, vivinhas da silva.

Finados é dia de lembranças sim. Mas o que a morte mais me ensinou é a não deixar nada para depois. Faça de hoje um dia da vida.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sexta

Como ontem fui para três cantos do estado, hoje ficarei em Porto Alegre com algumas reuniões e debates. Pela tardinha visito São Leopoldo. Boa sexta e para todos aqueles que viajarão hoje pela noite, muito cuidado com as nossas estradas! Beijos

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cenas de Brasília

Estava saindo de casa, hoje pela manhã, com minha mochila (que representa a minha segunda casa), bolsa e mais uma sacola com meus sapatos para arrumar. Chamei um táxi, eles levam três minutos até meu apartamento. Chegando na recepção vejo que muitos esperam pelo carro de praça (alguém já ouviu o avô denominar o táxi assim???) incluindo um casal de argentinos (falvam espanhol e depois, ao me irritar, pensei serem hermanos argentinos) atrasados para voar. Numa tentativa de vencer as adversidades das manhãs (leia-se sono, mal-humor, TPM) cedi, gentilmente, o táxi. Minutos e minutos depois nada do táxi chamado pelos argentinos. Nada. E o relógio depondo contra mim e meu trabalho. Aqueles minutinhos que parecem voar quando a gente quer que eles andem bem devagar (é gente... os mesmos minutos que passam devagar dentro do avião ou em todas as coisas chatas que fazemos na vida!). Nisso, imagino que minha cara já estava deformada de ansiedade. Um cidadão passa e pergunta: quer carona no meu? Não entendi como ele presumia que o táxi dele chegaria antes do meu e tentei argumentar. Foi então que entendi: ele me oferecia carona de carro. Imediatamente aceitei. Nunac tinha visto o sujeito no prédio nem em nenhum outro canto qualquer. Mas não tinha como recusar uma demonstração de solidariedade dessas, principalmente em Brasília.
Ele se desculpou inúmeras vezes porque o carro estava sujo e perguntou onde eu trabalhava. Rumamos ao Congresso Nacional. Eu, ele e o carro sujo e minha mochila, minha bolsa, minha sacola de sapatos para arrumar. Foi aí que percebi que o caminho que ele me levava não ia à Câmara. Chegando (no Palácio do Planalto) vejo no horizonte o meu local de trabalho. Como ia dizer que não era ali para um ilustre desconhecido? Impossível. Cruzei as ruas com mochila, bolsa, sacola com sapatos e salto alto, entrei no Senado, ultrapassei as barreiras de seguranças e... me perdi. Um segurança caminha na minha direção e sorri: "Deputada a sra quer chegar onde?". Com as indicações do segurança em mente, cruzei a rua e cheguei à Câmara.
Uma hora depois de sair de casa, com os meus colegas me olhando levemente surpresos pelo meu estado ao pegar o elevador, percorro o enorme corredor que me separa do gabinete e vejo um conglomerado de pessoas por ali.
Chego e conto a história. Resumi, é óbvio. Poupei os meus amigos prefeitos de detalhes como a sacola de sapatos ou que o simpático cidadão havia morado em Porto Alegre. Devo admitir. Eles acharam a história muito louca para as 9 da manhã. Cenas de Brasília.

Trabalho

Trabalho,trabalho...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Somos uma família Buscapé

Dia cheio de contradições. Dia de vida.
Perdemos a mãe de uma grande amiga, de enorme coração, a mãe da querida Mara. A Mara é a pessoa que me ensinou que aquela estória de que a mão é do tamanho do coração é mentira. Porque ela tem uma mão bem pequenininha e um coração enorme.
Sempre sofro muito em velórios e enterros. Esse, em especial, guardava uma infeliz casualidade: foi a mesma capela em que minha avó foi velada.
Lá, estávamos todos nós. Colegas de trabalho que somos, irmãos que nos transformamos no PCdoB, no gabinete, nas campanhas, na vida. Debatíamos se o Régis deveria remarcar a festinha que organizou para comemorar o um aninho do Téo (filho dele e meu afilhado), logo depois do expediente. Concluímos que sim. A morte só é triste porque nos lembramos da vida, do tempo em que vivemos com aquela pessoa querida. Então, nada mais justo do que celebrar a vida (há muito escrito sobre o Téo, nos primeiros posts do blog, há um ano). Principalmente a de alguém especial como o Téo.
Por que escrevo tudo isso? Porque lá pelas tantas, enquanto abraçávamos a Mara chorando ou sentávamos no canto para conversar, a Gisele concluiu: somos uma família desajeitada, uma família buscapé. É verdade Gi. Nos tornamos uma grande família. Juntos compartilhamos a alegria da construção de um Brasil melhor, juntos nos cansamos nas campanhas, comemoramos as vitórias, choramos as derrotas. Juntos crescemos (nos dois sentidos, etário e de amadurecer). Juntos compartilhamos inícios e finais de relacionamentos, a saúde de nossas pessoas queridas e as doenças. Os momentos tristes, como a perda da mãe da Marinha e os felizes, como o nascimento e a saúde do Téo.
Nos tornamos uma família. De comunistas, jovens, amigos. Alguns de mãos pequenas. Mas todos com um coraçaõ com muito amor.
Obrigada por estarem sempre comigo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Conquistei meu equilíbrio, cortejando a insanidade


Com os anos comecei a gostar de datas (como os aniversários, por exemplo). São momentos em que é possível fazer uma retrospectiva e ver nossas derrotas e vitórias com uma certa distância. Hoje, o blog completa um ano. Quando paro para lembrar no que eu sentia naquele 25 de outubro de 2008, parece ser possível ter vivido cinco vidas em 365 dias. Tudo pode mudar, muda o tempo inteiro.
Quando comecei, pensei que manteria sigilo sobre o espaço. É duro construir um espaço privado para uma pessoa pública. Por mais louco que possa parecer é complicado dizer que não gosto só de política, não vivo só para a política. Embora viva muito e goste muito de minha vida de militante. Alguns me avisaram: vais te expor demais. Não acredito que ser Ser humano exponha a alguém.
Aos poucos, virou espaço para tudo. Para diário de minhas atividades pelo Rio Grande e pelo páis, para indicar os livros que passaram por minhas mãos, para compartilhar artigos sobre política, crônicas, poesias, músicas. Virou uma organizada bagunça. A parte insana de alguém que vive metodicamente.
Quero agradecer a todos que passam por aqui e têm a paciência de compartilhar a minha vida comigo. Aos que entenderam que esse espaço se consolida como o meu espaço. De uma mulher que chora, que ri, que cansa, que se emociona, que fica feliz, que vibra com as pequenas coisas da vida.
O Espaço da menina que (graças à Deus) insiste em viver dentro de mim e que precisa gritar. O blog virou meu megafone.
Obrigada por ouvirem meus problemas e meu sofrimento por eles (mesmo quando fui ambígua ou superficial), por darem gargalhadas, enviarem carinho na forma de comentários. Obrigada por serem felizes comigo por eu estar muito feliz pessoalmente, obrigada por entenderem minha vibração com as conquistas do mandato.

Obrigada por me ajudarem a "conquistar meu equilíbro, cortejando a insanidade".

Orgulho

Ontem pela noite fui ao show do Rafinha Bastos, chamado "A arte do insulto". Salvou meu final de semana! Passei (e aindo estou passando) três dias em reunião discutindo o Congresso do PCdoB, nosso novo programa de desenvolvimento do país, a nova direção nacional. Ótimo. Mas cansa. Então, ontem fui rir. Ri mais do que achei que riria. Muuuuito mais. É engraçado, inteligente, ele está ótimo.
Então por que se chama orgulho o nome do post? Porque é bom ver um gaúcho dar certo. É bom ver alguém vencer a pele invísel que perpetua os paulistas e cariocas como únicos produtores de cultura do Brasil. E não é bairrismo. É apenas vontade de ver o Brasil ser Brasil. E o Brasil não é apenas SP e RJ.
Parabéns Rafinha, parabéns para esse colorado que faz tanta gente rir, num mundo em que todos temos tantos problemas.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dica de leitura

Eu já havia fechado o computador e estava me preparando para descansar. Mas quero escrever sobre essa sensível obra agora, imediatamente após terminá-la. "No teu deserto", do escritor português Miguel Sousa Tavares (autor de Equador) é delicado. Não sei como descrever um livro que nos faz sentir cheios de amor, cheios de sentimento, cheios de vida.
"Escrever é usar as palavras que se guardaram: se tu falares demais, já não escreves, porque não te resta nada a dizer", diz, sabiamente, o jornalista que vai ao deserto.



Que loucura!!!

Gente, eu fico impressionada com a criatividade das pessoas. Escrevi um texto sobre uma pessoa querida que eu queria ajudar. Recebi respostas, textos sobre o assunto, meu pai ligou pensando se tratar de uma das minhas irmãs, minha irmã ficou na dúvida se era para ela, a outra teve certeza de que era para meu namorado... Uau! galera... não era para nenhum de vocês. Era para alguém que como eu já disse, não quer ouvir e nem ver soluções de vida para a vida!

Da série piada pronta

Estava eu sentada em frente a um médico. Após examinar, perguntar, vasculhar a minha vida, ele me olha e afirma: "A senhora deve ser uma deputada muito competente, né?". Eu, envergonhada, respondo: não doutor, nada demais, normal. Ele segue: "A senhora deve estar trabalhando demais para o povo, não é mesmo? Porque para chegar aqui caminhando, com essa falta de comida, horas de sono e de exercício físico, a sra só pode estar aqui porque Deus está gostando de seu trabalho."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Música para acalmar

Ontem, enquanto a sessão durava até quase duas da manhã, me lembrei daquela velha tese de que a vida poderia ter trilha sonora. Já pensaram que maravilha?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Sem solução

Queria falar sobre o previsível arquivamento do impeachment de Yeda. Mas faço outra hora... Eu apenas queria desabafar: como ajudar alguem que gostamos muito, que guardamos carinho no fundo do peito, que esta sofrendo muito mas que não quer a nossa ajuda? Nem quer ouvir, nem sequer ver? E... A amizade de verdade não acaba com as brigas. Hoje tive certeza disso.

Dia bem bom

Ontem tive um dia daqueles que eu gosto. Fiz um debate na Escola inácio Montanha. Fui muito legal ver a galera discutindo participacao. Almocei com o pessoal do Sindifisco, debatendo a lei de transações, tema bem complexo. A tarde conversei com dois movimentos ótimos aos quais pretendo auxiliar com emendas ao orçamento: o grupo de teatro Terreira da tribo (que esta construindo seu teatro próprio) e a Galera do software livre, estão construindo um projeto dez! Depois, panfleteamos na Esquina democrática e ainda passei no Gasometro, na Conferencia de cultura.
Para encerrar a noite jantei com a galera da UJS e pude rir muito, com uma nova geração de jovens militantes!
Ufa... Agora estou indo para Brasilia, tinha médico mais cedo! Beijos
PS. Estou no celular, desculpem erros!

domingo, 18 de outubro de 2009

Para sempre

Senti saudade de uma pessoa que não voltará mais. Essa poesia sempre conforta.
Uma alegria para sempre (Quintana)

"As coisas que não conseguem ser
olvidadas continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as
datas não datam. Só no mundo do nunca
existem lápides... Que importa se –
depois de tudo – tenha "ela" partido,
casado, mudado, sumido, esquecido,
enganado, ou que quer que te haja
feito, em suma? Tiveste uma parte da
sua vida que foi só tua e, esta, ela
jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado. E abrem-se no teu
sorriso mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto
deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos, um poeta
inglês que não conseguiu morrer

Dia de sol

E de um trabalho muito gostoso. Adoro prestar contas do mandato aqui em Porto Alegre. É tão bom conviver com esse povo que me deu tantas coisas boas na vida. Pela manhã estive na Vila Farrapos e a tarde no Gasomêtro. Tem coisa melhor do que olhar para aquele rio lindo (tá... pode ser lago), com sol e tomando um chimarrão?

sábado, 17 de outubro de 2009

Agora em casa

Oi gente! Sei que andei sumida. Mas foi por uma boa causa. Trabalhei muito para aprovarmos o vale-cultura e deu certo. Depois girei oito cidades em 48 horas. Ouvi os pleitos das comunidades, estive com prefeitos, movimentos sociais, amigos. Agora cheguei em Porto.
Vou ficar com minhas irmãs um pouco, descansar para amanhã seguir na luta. Beijos
P.S. Estou normalizando meus escritos por aqui

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Vale-cultura aprovado

Aprovamos hoje o projeto do vale-cultura. Fiquei feliz por ter sido uma das relatoras e termos garantido alguns avanços. O Governo Lula muda um paradigma com a inclusão da cultura como benefício ao trabalhador. Amanhã vou explicar todos os detalhes porque quero dormir. Foi uma vitória grande para os trabalhadores.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dica de leitura


Devorei Budapeste, do grande Chico Buarque. Raros são os livros que me impedem de ler uma nova obra em seguida para ficar refletindo. Quando li Leite Derramado, comentei que havia resistido muito a ler Chico porque morria de medo de me decepcionar. Agora cheguei a conclusão definitiva que ele é quase tão bom em romances quanto nas poesias que tranforma em músicas. Simples e profundo. Apenas posso dizer: leiam.

De como as coisas acontecem


Hoje recebi uma ligação de uma colunista política gaúcha para conferir comigo uma nota social. Queria checar se era verdade que eu ia casar. Após uma crise de riso respondi que não e perguntei se ela estava louca, qual motivo a levava a fazer essa pergunta. Eis que descubro que já está num blog de um jornal de grande circulação a notícia de meu casamento. Detalhe: não vou casar. Conto isso aqui para vocês verem como são as coisas. Evidente que a jornalista (muito querida, por sinal) não fez por maldade e assim que soube que não era verdade publicou a correção. Também é verdade que isso não tem relevância nenhuma, a não ser para mim mesma. Mas estava ali. Escrito num site de um grande jornal. Poderia ser qualquer coisa, de qualquer natureza.

Mais cultura

Hoje fiz a leitura do relatório do projeto do vale-cultura. Até chegarmos a ele tivemos muito trabalho. Várias audiências públicas, debates, discussões. Ainda hoje no plenário doze novas emendas foram apresentadas. Por isso, deixamos para votar amanhã. O projeto não é perfeito mas será um passo importante para pelo menos 14 milhões de brasileiros que ganharão R$50 por mês para o consumo de bens e serviços culturais. Ir ao teatro ou comprar um livro, por exemplo. Para mim é uma mudança de paradigma: até hoje eram direitos dos trabalhadores alimentação e transporte, ou seja, estar em condições de trabalhar. Agora a cultura passa a ser um benefício também: cidadania.
Amanhã conto quais avanços conquistamos no meu relatório. Conseguimos aumentar um pouquinho e o mais legal é que parte disso tem origem nos trabalhadores da CTB presentes na audiência pública em Canela.
P.S. Vocês acreditam que recebi um email perguntando porque não cortava o cabelo diferente porque a franja atrapalhava a visão na TV? Ah não gente! Estamos aprovando um projeto super legal e o cidadão pensa nisso... não acreditei!

De volta

Fiquei três dias longe daqui para refrescar a cabeça. Deu certo. Depois de cinco anos de mandato descobri que é preciso. Voltei com todo o gás.