Éramos sete numa Belina 79. Cinco crianças, dois adultos. Entre beliscões e brincadeiras de “Qual é a música” rumávamos de Pedro Osório à Jaguarão. Corríamos todos para a “frigider” da garagem. Ali repousavam uma centena de “rei Alberto”, doce típico da região sul do Rio Grande. Gelatina vermelha com abacaxi picadinho, ameixa amassada, creme de gelatina, ovos moles e sei lá mais o que. Tudo feito à mão pela Dona Solange, minha avó. Também nos aguardava uma bela ambrosia de forno (doce único), um bolinho 1, 2, 3 (uma xícara de leite, duas de açúcar, três de farinha ou qualquer coisa nesta proporção). Um belo pastelão de forno de guisado e uma lingüiça caseira. Passávamos dois dias dormindo no chão, no sótão, tomando banho na Lagoa no Uruguai, andando no Del Rey 84 (bem mais moderno do que a Belinosa). Também havia parte de tentar acordar a Tia, que sempre dormia mais do que as crianças. Depois, somavam-se as incontáveis e intermináveis visitas. Elas iam até o momento em que fechávamos a primeira porta da rua. Eram duas as portas da casa. A primeira era a que simbolizava que estavam dispostos a receber visitas. No dia 24, Seu Vinicius assistia à Missa do Galo. No dia 25 Dona Solange se arrenegava porque nunca entendia como era possível que cem “reis Albertos” fossem comidos. Mas todos os anos eram comidos os cem. Era assim. Tudo simples. Tudo perfeito. Sem grandes trocas de presentes. Aliás, nem me recordo de haver trocas de presentes. Mas eram assim os Natais familiares no início da década de 90 quando éramos sete. Todos crianças, todos morando junto, todos felizes.
sábado, 26 de dezembro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário