terça-feira, 19 de maio de 2009

Minha história

Pensei que alguns poderiam julgar um exagero minha declarção de tristeza profunda pela morte de Benedetti. Busquei então, meu primeiro discurso em uma tribuna no Parlamento. Minha posse como Vereadora em Porto Alegre, em janeiro de 2005. Vejam em negrito em quem me referencio para seguir em frente em um dos maiores - senão o maior - desafio de minha vida.

(A SRA. MANUELA): Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sr. José Fogaça, Prefeito; Sr. Eliseu Santos, Vice-Prefeito, e nossa primeira Presidenta mulher desta Câmara, Ver. Margarete Moraes, em nome dos quais saúdo a todos que compõem a Mesa, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, demais presentes, ocupar esta tribuna para falar em nome do meu Partido, o Partido Comunista do Brasil, é motivo de muita responsabilidade e emoção. Responsabilidade com a nossa trajetória de lutas em defesa da paz, do desenvolvimento e da soberania nacional, da classe trabalhadora. Emoção, porque a história dos mandatos comunistas em Porto Alegre é parte da luta pela igualdade em nossa Capital.

Em 1947, Eloy Martins, primeiro negro e primeiro operário; e Julieta Batistoli, a primeira mulher a integrar o Poder Legislativo de Porto Alegre, foram comunistas. Passados os duros anos da repressão, voltamos à Câmara com o combativo mandato de Jussara Cony.

Hoje, junto a meu camarada Ver. Raul Carrion, eu, comunista e mulher, tomo posse como a mais jovem Vereadora da história desta Casa. Nosso Partido cresceu 180% nas últimas eleições, e nossa responsabilidade é também fruto do reconhecimento das urnas e da confiança dos porto-alegrenses.

Vivemos um momento ímpar na história de nosso País. Elegemos um operário como Presidente do País, num amplo pacto pelo desenvolvimento, pela geração de empregos e pela distribuição de renda. E nós acreditamos que, nós do Partido Comunista do Brasil, com mobilização popular, juvenil, estudantil, conseguiremos garantir direitos aos trabalhadores, aos jovens, às mulheres e aos homens que constroem o Brasil, e não mediremos esforços para isso. Temos, inclusive, como um dos exemplos de inversão de prioridades e garantia de direitos, os 16 anos de administração democrática e popular de Porto Alegre. Por isso, Exmo. Sr. Prefeito, somos, sim, uma Bancada de oposição, vigilante, atenta para que as conquistas dos porto-alegrenses sejam mantidas, não retrocedendo em nenhum milímetro. Mas também estaremos presentes para dialogar e construir tudo o que significar avanços e conquistas para a nossa população.

Nosso mandato terá como centro a juventude e a garantia dos seus direitos. O ano de 2005 será, conforme anunciou o Presidente e companheiro Lula, o ano da juventude no Brasil. Isso evidencia a atualidade e a necessidade de trabalharmos com e por essa juventude.

O IBGE mostra que, provavelmente, em nossa história, nunca mais seremos um Brasil tão jovem. Mas mostra-nos também que os jovens são os que mais morrem. Cinqüenta por cento da população carcerária e 47% dos desempregados do nosso País são jovens; mostra-nos também que esses jovens, infelizmente, não acreditam na política e nos políticos.
Mário Benedetti, em um poema chamado “Que falta aos jovens provar?”, afirma (Lê): “Que falta aos jovens provar/ neste mundo de consumo e fumaça?/ vertigem? assaltos? discotecas?/ também lhes falta discutir com Deus / tanto se existe como se não existe/ estender mãos que ajudam / abrir portas entre o coração próprio e o alheio / sobretudo lhes falta fazer futuro / apesar das ruínas do passado / e dos sábios corruptos do presente”.

Cabe a todos nós, Vereadores, mas especialmente a nós, Maurício e Mauro, a chamada Bancada jovem, construirmos as condições, ou parte delas, para que esses jovens vejam suas perspectivas devolvidas em forma de educação, cultura e emprego. Que assim voltem a sonhar com um Brasil de justiça e que saibam que todos nós, brasileiras e brasileiros, devemos fazer política, participando do movimento estudantil, do glorioso movimento estudantil, do movimento hip-hop, ou do Parlamento.

Aqui também nos depararemos com o assustador número de 150 mil jovens mulheres morrendo, por ano, em nosso País, vítimas dos abortos clandestinos. Ou outras tantas estatísticas que demonstram que a realidade é muito pior quando se é mulher e jovem. Para isso, tenho certeza de que, como já fomos chamadas “as sete mulheres” desta Casa, seremos companheiras para o diálogo com todos os nossos colegas.

Por fim, queria agradecer ao meu Partido, ao Partido Comunista do Brasil, na figura do meu camarada Adalberto Frasson, nosso Presidente Estadual; à União da Juventude Socialista, na figura dos nossos presidentes estadual e municipal, Márcio e Latino; aos meus camaradas Jussara Cony e Raul Carrion, que foram nobres guerreiros construtores desta vitória que é de todos nós comunistas desta Cidade, é da nossa história, e é dos porto-alegrenses; também gostaria de agradecer à minha família. Agora, é muita luta, porque tarda, tarda, tarda, mas não falha. Aqui está presente a aguerrida juventude do Araguaia! Muito obrigada. (Palmas.)

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