quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Sobre loucas e santas

Gritaste: "louca!"
fiquei parada.
Não entendeste nada!
Achaste que poderias humilhar sempre,
Até mesmo em público.
apenas te achei frágil,
são frágeis os que precisam ofender.

Depois,
A louca não era eu.
A louca era a que tomas por santa.
E a santa contou, envolveu, expôs, machucou quem não devia:
Escândalo, vulgaridade, baixaria.
Não lembras.
Nunca lembras.
Errei novamente, permiti.
E a santa pautou a vida.

pauta a tua vida.
Pobre santa!
Com seu manto,
Abandonada,
Sofrida.
Envelhecida.

Equivocadamente aceitei dividir a mesa
Com a santidade que é tua.
Não minha.
Jamais deveria ter ido ao culto.
Por que fui?

Depois, acreditavas que podias qualquer coisa.
Oraste por tua fé em Meu altar.
Não te pedi para sair da igreja.
Não sei o porquê.
Faltou fé.
Faltou força.

Agora, Cansada disso tudo.
Chutei a imagem da santa.
Oca.
Recheada de ouro,
Como eram aquelas carregadas pelos portugueses nos idos de 1500!
Santa do pau oco.

Tu, assustado,
Decidiste punir quem chutou.
Sempre é mais simples.

Isso. Tira o sofá da sala.

Quantos sofás já trocaste por essa santa?







1 comentários:

Anônimo disse...

Quando li o trecho“os frágeis que precisam ofender”, senti vontade de compartilhar esse texto que achei sensacional.

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/01/menina-quebrada.html

“Ser forte, Catarina, não é quebrar os outros, mas saber-se quebrado. É ser capaz de cuidar de seus barcos de papel – e também dos barcos dos outros – não como uma criança que os imagina poderosos, de aço. Mas sabendo que são de papel e que podem afundar de repente. “

Grande bjo,

Renata Mendonça.