terça-feira, 8 de outubro de 2013

Ruídos

A cortina de crochê multiplicava as cores do sol no pequeno apartamento sem divisórias. A louça na pia, o pano no chão, a correspondência jogada no canto, a vida sem rumo, a gota que pingava do chuveiro e desafiava o tênue equilíbrio encontrado. Mais um amanhecer sem reconhecer o rosto deitado ao seu lado. sentia apenas o peso da condenação sem provas ao vestir o uniforme da fábrica de bonecas de porcelana. Há alguns invernos a deixava sozinha na cama sem o caloroso abraço de despedida. Apenas os ruídos da porta finalizando a estória que já havia sido feliz.

2 comentários:

Edu disse...

Pode se estar só em meio a multidão... Pode se morrer de sede num oceano, como pode se morrer por falta de amor, tendo muito amor para dar e um poeta por falta de inspiração.

Na madrugada

Unknown disse...

Muito de Clarice Lispector em sua inspiração, prosa e verso contados também do interior da solidão.