quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O caso Cesare Battisti

Acabo de chegar da cadeia. Sim. Fui até lá conversar com Cesare Battisti e ouvir seus argumentos para ajudar na sua defesa, a partir de minha atuação parlamentar. Queria apenas escrever algumas coisas, antes de subir à tribuna, para colocar para fora minha sensação ao sair da Papuda, penitenciária em que ele está detido. São alguns aspectos que peço que observem antes de terem uma opinião final.
  • Soberania nacional: A Itália não está respeitando nosso governo e as suas decisões. Isso significa que não respeita nossa soberania e nosso povo. Ameaçou não convidar para a reunião do G8, que acontecerá lá, tentou fazer com que sua seleção não jogasse contra a nossa, chamou o nosso Embaixador para dar explicações, convocou o Embaixador deles para ir ao País. Estranhamente, a Itália não tratou a França da mesma maneira em uma situação praticamente idêntica. No caso de Marina Petrella, o governo francês decidiu dar asilo político a militante italiana. O governo Berlusconni ficou quieto. Será que a diferença se dá por sermos um país em desenvolvimento e não europeu? Países devem respeito à países.
  • Fragilidade de nossos poderes: O STF (Supremo Tribunal Federal) virou o super poder no Brasil? Eles decidem o que o Poder Legislativo deve fazer (nesse instante debatem se a Câmara deve ou não promulgar uma Proposta de Emenda à Constituição!!! Peraí, mas eu fui eleita para fazer leis!!!) e agora decidem também o que o Poder Executivo deve fazer??? Legalmente, cabe ao Poder Executivo tomar decisão sobre asilo humanitário. O Ministro Tarso Genro o fez. O Lula pode fazer. Ministro decidir sobre ato exclusivo da Presidência da República??? Essa não apenas a minha opinião. Essa é a opinião do Procurador da República. Esse, por sua vez, era favorável à extradição. Ao tomar conhecimento da decisão do Poder Executivo a legitimou. Mesmo discordando do mérito.

Citei esses dois pressupostos por que eles são maiores do que as opiniões sobre Cesare Battisti. Dizem respeito a tornar normais práticas não legais. Normalizar o erro. Vou escrever mais sobre Cesare, sobre a inocência que acredito que ele tenha (afinal a testemunha viu um moreno alto e eu conheci um loiro mirradinho), sobre a situação em que vivia a Itália no período dos tais crimes (havia ou não um grande conflito armado dos dois lados?), sobre o tal julgamento dele (o advogado dele - com procurações que ele afirma serem falsas - era o mesmo de quem o acusou. Alguém já viu isso???). Agora quero apenas que vocês me ajudem a pensar se as relações entre países podem se dar dessa maneira, desrespeitosa. Quero também que pensem se é correto um Tribunal mediar conflitos entre países. Estou indignada!!!

1 comentários:

Mikaelle disse...

Concordo plenamente com vc. Realmente no Brasil está ficando normal o fato de desidirem o que devem ser feito no trabalho dos outros. Vocês devem criar leis de acordo com o q acharem necessário e não ficarem limitados e oprimidos com essa imposição.Também já li sobre Cesare Battisti e realmente percebemos que o julgamento dele tá sendo dado não pelo o q ele pode ter feito mais, pelo simples fato de está no País "BRASIL"