Como era chato quand eu tinha que enterrar a casca das frutas no pátio da casa de Pedro Osório, porque já separavas parte do lixo muito antes disso chegar por ali. Como era chato não comer maçãs, morangos e pêssegos pelo uso exacerbado de agrotóxicos, em 1986, 87! Como me indignava quando davas discurso sobre o CFC do tubo de desodorante e a camada de ozônio, isso há quase 30 anos ! E os aqueles gigantescos discursos sobre não consumir gordura trans da margarina no auge dos meus 10 anos? E os almoços na macrobiótica, na Colmeia no inicio dos anos 1990? Eu queria comer carne! Como me achavam estranha na infância por insistires em gastar teu salário de professor para que conhecêssemos o Brasil, nossas frutas e belezas naturais e nunca trocares de carro! Meu Deus! Os carros são o mal do Brasil, dizias! Temos que usar transporte coletivo! Nosso único carro a vida toda foi a Belina 79! Eu nasci em 81! E o blá blá blá lá na década de 1990 para caminharmos mais, não tomarmos leite em excesso e não comer tanto glúten (chamavas de farináceos).
Nunca entendi, não sei se já entendo, como sabias tanta coisa diferente dos outros. O fato é que, duas décadas depois, tudo o que dizias virou assunto de todos, algumas questões até viraram "moda".
O que posso te dizer, pai? Obrigada pela chatice. Pelos discursos. Pelo blá blá blá. Obrigada.
Tua chatice fez de mim grande parte do que sou hoje. A paixão com que sempre defendeste tuas ideias, a dedicação de tua vida à universidade pública e aos teus alunos que, tantas vezes, tratas como filhos, a vontade de ver todos terem oportunidades, tudo isso serve de exemplo para mim todos os dias.
Obrigada, pai. Por seres tão presente em nossas vidas, sempre.
Obrigada pelos teus acertos e erros.
Feliz aniversário! Eu te amo. E trago em mim, além do teu hábito de comprar gêneros alimentícios como presente (pão, arroz, um pote de mel, um saco de frutas), além de tuas piadas com crianças, do termômetro do humor, trago mim além disso tudo, o teu idealismo.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
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