terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mãe

Mãe
Há algum tempo a escrevi um email. Falava de minhas angústias, dúvidas e cansaços. Ela me respondeu com parte de sua história. Naquela resposta percebi que ela continuava sendo a pessoa que mais sabia de mim (mesmo quando não falamos sobre os fatos) e que sua vida é toda cheia das respostas que busco. Naquele email ela me reafirmava a possibilidade da gente se reinventar sempre. Quanto conforto.
Minha mãe tem lá seus defeitos. Alguns - como o exagero - chegam a ser engraçados. Mas ela é cheia de coisas admiráveis. Adoro o fato dela não ser sofrenilda. A vida reserva muitas coisas boas para todos. E outras tantas ruins. Minha mãe supervaloriza as boas e menospreza as ruins. Adoro isso. Assim como adoro a coragem com que ela solenemente ignora a Opinião dos outros sobre ela e seus amores. Amores podem ser lenços e lápis coloridos de olhos ou maridos. Adoro! Adoro a almôndega dela, na versão regime (com ricota) ou na versão tradicional (fritas com salsinha). Adoro quando ela pede o seu mamá (uma taça de vinho) ou quando ela aparece toda mulambenta indo caminhar. Adoro saber que ela tem um violão no gabinete de trabalho. Adoro saber que ela juntava todo o dinheiro para fazer festa de aniversario com gelatinas em copos plásticos para um de seus cinco filhos. Adoro rir com ela do dia em que chamei os enfermeiros para a interditarem num hospital (ela estava me irritando!). Adoro chorar lembrando quando, com poucos anos, a disse que nao ia morrer daquela vez (numa das pneumonias que tive). Adoro lembrar que íamos juntas passear no Guion e achavam que nós éramos um casal. E que juntas odiamos muitos filmes. Adoro o ódio que minha mãe tem de intelectualóides. Adoro quando ela toca piano ou violão. E adoro quando vejo a isa a chamando de vovó. Adoro saber que numa simples mensagem de texto ou email, minha mãe segue me dando o maior abraço do mundo. Como quando eu ainda era criança e a esperava chorando de suas aulas na faculdade. Como quando eu me perdi e ela subiu na pedra e gritou até toda cidade saber que uma criança estava perdida. E me encontrar. Aquele abraço, daquela tarde em que me perdi com cinco anos, minha mãe me dá sempre.
Feliz aniversário mamãe. Te amo.


Há um Ano escrevi esse texto. Ele ainda diz o que sinto. Dirá para sempre.
Texto publicado em 19/02/2012

5 comentários:

Milla Monfardini disse...

Lindo Manu!!! Felicidades a sua mãe!

Anônimo disse...

Como diria o Aragano, "O coisinha tão bonitinha da mãe.." Parabéns a ela, pelo conjunto da obra e pelos cinquenta anos bem vividos

Anônimo disse...

Lindo mesmo!
Paabéns á sua mãe e à você pelo modo como consegue expressar seus sentimentos.

Olinda Oliveira

Edu disse...

Sentimento muito expressivo !

Mãe da Manu disse...

Obrigada,Manu
Quisera sempre abraçar vocês todos e subir naquela mesma pedra da Praça da Figueira de Florianópolis, chamando um por um, até ter todos juntos e felizes; como fiz há 25 anos, e depois tomarmos um sorvete naquela sorveteria que nem se ainda existe
Tua mãe