A moça do sorriso vivia escondida na parte escura da casa. Lá, dez palmos abaixo da terra, no porão da antiga residência, muitos a julgavam morta. Virou moça. Secou o sorriso.
Por vezes ouviam lamentos, noutras viam sombras. Mas rapidamente os fatos caiam no esquecimento. Esqueciam os que a viam, esquecia ela da coragem necessária para se mostrar.
Poucos conheciam os reais motivos daquela decisão.
Ela havia cansado de ver seu sorriso interpretado como fraqueza. Havia cansado de ser tomada como boba, ingênua. Apenas queria ser feliz.
Um dia, determinada como sempre fora, com a mesma determinação com a qual se trancafiou no porão, a moça do sorriso decidiu sair. Subiu os dez palmos e chegou a superfície. Gostou do que viu. E decidiu que, por mais que a claridade fizesse com que todos vissem suas fragilidades, ficaria por lá. Tudo bem, pensara. A mesma claridade que a expunha era o que coloria o mundo.
E assim, optou pelo colorido das coisas e voltou a ser moça do sorriso.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
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1 comentários:
Nossa! Senti um "quê" de Gabriel García Márquez nesse texto. Algo que lembra, de leve, a personagem do livro "Do Amor e Outros Demônios". Mas o seu texto é mais leve... e tem final feliz!
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