quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Crianças em guerra

Não me conformo com o silêncio de Obama. Política não se faz só com palavras, é verdade. Entretanto, após tamanha expectativa gerada pela eleição do novo presidente estadunidense, ele tinha a obrigação de falar.
Sei que meu blog é um espaço de amigos. Leiam a matéria colada abaixo. Essas crianças deveriam estar sorrindo como as minhas crianças lindas, postadas ontem.
  • Ofensiva israelense em Gaza já matou 205 crianças

Os últimos números divulgados pelas autoridades palestinas do setor de saúde informam que 205 crianças estão entre os cerca de 600 mortos na ofensiva na Faixa de Gaza. O número de crianças entre os 2,9 feridos ainda é desconhecido, por causa do caos que se instalou no território palestino.
Crianças são as maiores vítimas de Israel
Enquanto os médicos trabalham sem pausa para tentar salvar o máximo de crianças, psiquiatras infantis na Faixa de Gaza e no sul de Israel temem que algumas crianças nunca se recuperem dos danos psicológicos causados pela violência do conflito.
Iyad Sarraj, diretor do Programa Comunitário de Saúde Mental da Faixa de Gaza, afirmou que "muitas pessoas" estão ligando para os funcionários do centro, mas o escritório da organização teve que ser abandonado depois que um ataque aéreo de Israel danificou janelas e móveis do local. "Está realmente terrível para as crianças agora. Já passei por muitos episódios como este, mas este é o pior", afirmou.
Trauma
Sarraj conta a história de um menino que tratou há cinco anos. A casa dele foi atingida em um ataque aéreo contra um militante do Hamas, que vivia na casa vizinha à dele.Tateando no escuro depois do ataque, o menino encostou a mão em algo molhado.
"Ele percebeu que era a carne da irmã, que ficou em pedaços (depois do ataque). Ele não conseguiu comer ou sentir cheiro de carne durante três anos. Tenho certeza de que ele vai sofrer algum impacto psicológico em longo prazo". "Este tipo de coisa deve estar acontecendo agora, enquanto conversamos", afirmou.
Sarraj não consegue sair de casa devido aos combates na Faixa de Gaza e, por isso, não consegue visitar os hospitais, mas tem visto pela televisão as imagens de crianças traumatizadas e feridas.
"Estas crianças precisam de ajuda, mais do que qualquer outra pessoa. Elas parecem assustadas, horrorizadas e desnorteadas. Elas precisam de muita atenção, mas não podem receber, pois suas famílias também estão aterrorizadas", afirmou.
Choque
Salwi Tibi, da agência humanitária Save the Children e que vive ao norte da Cidade de Gaza, perto dos confrontos terrestres mais intensos, está monitorando o impacto nas crianças.
Tibi conta sobre um menino de dois anos e meio de Beit Lahiya, local onde estão ocorrendo combates intensos, que foi levado para um hospital já sem vida. "Ele não estava ferido, estava bem de saúde. Os médicos me disseram que a criança morreu devido ao choque causado pelo som do bombardeio", afirmou.
Tibi afirma que sua própria filha, Malak, de 7 anos, é um caso típico de criança afetada pela guerra. Malak começou a molhar a cama no primeiro dia dos ataques aéreos. "Onde quer que eu vá ela me segue - até ao banheiro. Assim que ela ouve o bombardeio, (...) fecha os olhos e grita 'parem, parem'", afirmou.
"Se eu tivesse um computador, deixaria que ela ouvisse música, brincasse com os jogos, para esquecer, mas não há eletricidade, tudo está silencioso, então tudo o que ela ouve são os bombardeios", acrescentou.
Iyad Sarraj relata que cerca de um terço das crianças da Faixa de Gaza apresentam sintomas psicológicos que precisam de tratamento.

Fonte: BBC Brasil

2 comentários:

Emanuel Gomes de Mattos disse...

Manu,
veja como é a vida. Quando li teu post anterior, iniciei um coments onde escrevi que me sentia assim por causa da chacina de inocentes em Gaza.
Mas depois lembrei que a vida tem tantas nuances e eu poderia estar trocando as bolas, e apaguei.
Pois agora vejo que a telepatia segue firme. Viste que hoje, meu primeiro post foi uma charge dolorosamente verdadeira, mais chocante do que uma foto.
Quanto ao Obama, acho que ele está correto em não se manifestar antes de tomar posse. E, honestamente, creio que quando ele tomar posse, já haverá trégua.
Acho até possível que ele se manifeste, até mesmo em seu discurso, no dia 20, quando assumir o governo, a respeito.
O Obama que aprendi a conhecer age exatamente assim, dá o recado na hora certa. Ele é de prestar atenção.
Beijo.

Lacom Esef Ufpel disse...

Mas qual será a hora certa para Obama dar o recado? Quando morrer mais algumas centenas de pessoas, crianças?
Angélica