sábado, 22 de maio de 2010

O vazio esperançoso da cidade

Há dias que andar pelas ruas vazias me estufa o peito de esperança na humanidade. Silenciosa, escura, quase pensativa, Porto Alegre hoje ao amanhecer era apenas alguns rostos de mulheres e homens. alguns Jovens que voltavam de festas e que, em certo sentido, reafirmavam sua crença de que a vida pode ser mais feliz. Que outra motivação teriam jovens que ainda convivem com o desemprego, que vivem em comunidades em que a infraestrutura ainda não chegou, para estarem cinco da manha tomando ônibus para voltarem para suas casas?
De outro lado, na madrugada da cidade quieta, dezenas de trabalhadores deixavam ou ingressavam no local de trabalho. Rostos cansados. Rostos tão silenciosos e intensos quanto o amanhecer da cidade. Ao mesmo tempo, rostos de esperança no amanha, na ideia de que a vida pode ser melhor. Poderia fazer reflexões profundas sobre a exploração desses trabalhadores, seus baixíssimos rendimentos, a ausência de condições para realizarem seus sonhos e também de seus filhos. Também poderia falar do vazio - quase tão grande quanto o da própria cidade- da vida de alguns jovens que usam as noites para esquecer as dificuldades das próprias vidas.
Mas hoje pela manha Porto Alegre silenciosa me trouxe esperança. Esperança em rostos desconhecidos e cansados. Esperança que move nossas vidas. Esperança de que nosso futuro será construído por essa gente. E que será melhor. Pra essa gente.

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