terça-feira, 10 de agosto de 2010

"Alegria"

Pegou a mala, a cuia e os sapatos especiais e viajou. Partiu de Gravataí, chegou a Rio Grande. A vida o havia ensinado apenas um ofício: o de palhaço.  Com palhaçadas ganhava a vida e tornava a vida dos outros mais leve. "Alegria", o nome escolhido para aquele que passava a existir no momento em que o macacão laranja era vestido juntamente com a camisa azul e o par de sapatos vermelho e amarelo.
Encontrei "Alegria" triste. Foi proíbido de fazer a vida mais leve no centro da cidade. Suas palhaçadas atrapalhavam o trânsito das pessoas, sua voz fazia concorrência a algumas lojas. A lei, fria, foi cumprida. "Alegria" saiu das ruas e agora, mais triste e com menos sonhos, pegará a estrada de volta para sua cidade.
Será preciso parar de sorrir para as cidades funcionarem? Não! Não é possível! Proponho que no lugar de cada traficante seja posto um palhaço!!! Assim, quem sabe, "as autoridades responsáveis pela saída de Alegria do calçadão" percebam quem faz mal para as cidades! E as ruas serão mais alegres e nossa sociedade viverá com mais paz! 

6 comentários:

Bruno de Alencar disse...

Inúmeros "Alegrias" são impedidos de trabalhar no Brasil...

Muitas leis insensíveis são aprovadas diariamente em todo o país...

Falta mais coração para alguns legisladores... alguns assinam uma petição sem nem ao menos ler o que está assinando...

Falta "Alegria"...

Falta a sensibilidade e o amor de um palhaço...

(Falta tomarmos vergonha na cara e lutarmos por nossos direitos)

Mas enquanto isso não muda, vamos seguir a vida de 'malabaristas'...

Bruno de Alencar
Osasco / SP

Anônimo disse...

Palhaço na rua?Como?Chapéu no chão?Certo,proibir alguém que já fora interditado pela extinção de uma época-a arbitrariedade do mercado é tão grotesca que decreta-se extinto,ultrapassado, um dom artístico humano-é uma injustiça.Todavia,penso que aqui se trata de algo que vai além de uma simples insensibilidade.Estamos ,em verdade,considerando bens culturais ameaçados de extinção.O palhaço,o verdadeiro,o talentoso, que nos arranca o sorriso,nos franquando às nossas mais profundas ludicidades,que nos provoca o riso ingênou,o riso solto,o mais humano dos risos,aparteado do deboche,do humor chulo,tão em voga,esse palhaço é um bem cultural.Mas talvez o seu palhaço,Manuela,já estivesse fora de lugar.Não digo que a rua não seja esse lugar.Se há indivíduos de localização incerta,um destes,com certeza,é o palhaço.Até mesmo em um velório,caso se esteja a satisfazer o desejo do falecido:provavelmente,outro palhaço.Mas,na rua,troçando jocosamente ao lado de um chapeu da indignidade,não devemos ver o palhaço.Isto não tem nenhuma graça!Não sei como agia o seu palhaço,Manuela.Mas precisamos novamente resgatar muitos "Alegrias",tão alienados de si mesmos que provavelmente,nem mesmo eles saibam que têm um dom,um dom sagrado,uma função social a cumprir:o de nos fazer sentir e sorrir como da primeira vez.E como foi que sorrimos pela primeira vez?Deputada Manuela,apresento-lhe uma solene petição:precisamos de políticas públicas destinadas a combater a extinção dos palhaços!Podem rir quanto queiram!Porém,estou falando muito sério!

Jorge De Araujo disse...

Báh! Tu escreves de uma forma interessantíssima.

Luciana disse...

Manu, não conhecia o seu blog, mas gostei muito: humanizado, interessante, bem-humorado.
Vez em quando farei uma visitinha.
E torço por sua reeleição, agora daqui, da Cidade Maravilhosa, pra onde mudei recentemente. Beijos e boa sorte, Luciana Bento
PS: Ainda tenho aqui as fotos da final da Libertadores no Beira Rio, lembra? Pra onde posso te mandar?

Jorge De Araujo disse...

Manuela, não encontrei neste blog um endereço de e-mail para comunicar-me contigo. Existe um?
Desculpe-me usar este canal, assim, mas como os comentários são "moderados" achei que não seria inadequado.

Jameson disse...

É preciso tomar atitude, sem perder a ternura! Manu, que Deus te conserve com a graça de uma Menina que tens!