Li e reli jornais e artigos sobre o lançamento do Pré-sal, ontem, aqui em Brasília. Devo confessar que ainda fico perplexa. Tanto com a oposição quanto com alguns veículos de comunicação. Qual é ou quais são as verdadeiras polêmicas em torno da exploração e distribuição do pré-sal?
A oposição diz que é eleitoreiro. Aliás, a oposição entre no jogo de ganhar a vida fazendo política falando mal dos políticos. Eleições são disputas POLÍTICAS e é legítimo que lá frente apontemos o que nosso governo fez na área do petróleo. E que eles apontem o que fizeram nessa área (sobretudo, a tentativa de privatizar nossa estatal). Mas não podemos parar o país porque eles tem medo de não voltar a governar o Brasil. Se julgam eleitoreiro, em última instância, é porque acham que, de fato, é uma descoberta que pode mudar o Brasil. E que o povo percebe isto. Em síntese: é mais uma falsa polêmica da oposição, falta de discurso, a velha e superada visão do quanto pior o governo se sair, melhor.
Outra falsa polêmica da oposição: o pedido de urgência feito pelo Presidente Lula. Todos sabemos que diversos projetos tramitam com o pedido de urgência constitucional. Isso significa, na prática, 45 dias tramitando na Câmara e mais 45 no Senado até que tranquem a pauta. Poxa! São 3 meses! Para trancar a pauta, ou seja, uns 120 entre debate e votação. A sociedade já está discutindo há algum tempo o projeto e nós, parlamentares, temos condições de, em 45 dias, debatermos muito o tema. Trabalhando firme e forte.
Há um tema que, de fato, é relevante. O aspecto da distruibuição entre os estados. É verdade que o governo cedeu. E também é verdade que o Congresso pode alterar. Mas isso faz parte do papel de cada um dos Poderes. A oposição, sobretudo o Presidente carioca do DEM, Deputado Rodrigo Maia, vive dizendo que o legislativo é subordino ao executivo. Aí, ontem, quando o Ministro Lobão, das Minas e energia, afirmou que não pode garantir que o Congresso não alterará o projeto, ficou brabo! Ora, e pode? Não somos um poder independente? Ah! Só querem independência para tentar derrotar o governo. Aí vale. Quando é para fazer o bom debate, não pode.
Outro aspecto muito abordado pela imprensa é o número de barris extraídos abaixo do previsto. Esse tema merece atenção e seriedade. A extração do pré-sal é algo novo. E a tecnologia para tanto também é nova. É razoável, na minha avaliação, que ajustes sejam feitos.
Mas para mim, o mais importante de tudo não está aparecendo. isto é, se discute muito para encobrir a VERDADEIRA POLÊMICA em torno da extração do Pré-sal: a criação de uma nova estatal que acompanhe a exploração, a exclusividade da operação por parte da PETROBRAS, o uso dos recursos para desenvolvimento social de nosso país e não para pagamento de superávit, por exemplo. Portanto, a polêmica real, como sempre, não são as pequenas questões levantadas, são disputas ideológicas. o pré-sal encerra um ciclo em que só era permitido acreditar no deus mercado e em sua mão invisível. Agora a mãos invisíveis podem ser as milhares de mãos do povo brasileiro.
Eu sou brasileira e torço para que o Congresso aprove os projetos (e os melhore, se for necessário). Assim, podemos pensar num novo momento de desenvolvimento nacional.
7 comentários:
Manuela,
Não se esqueça que a sua descrição para oposição também se encaixa perfeitamente quando PT e PCdoB eram oposição a FHC. Nada mudou.
"Em síntese: é mais uma falsa polêmica da oposição, falta de discurso, a velha e superada visão do quanto pior o governo se sair, melhor."
Deputada,
concordo quanto ao "circo" da oposição.
Mas, é fato: o petróleo, a exist~encia de milhoes de barris de petroleo debaixo do subsolo de um país não significa desenvolvimento. Basta olhar para TODOS os grandes produtores de petróleo do mundo. Muito cuidado com o oba oba em cima do pré-sal e da nova estatal, e tudo que a cercará.
O bom ,mesmo, seria descobrir novas matrizes energéticas (álcool? alguma outra coisa nova? não sei, não sou desta área), e exportar a tecnologia para elas.
Grande beijo.
@andrepiaui (twitter)
Glauco, discordo, respeitosamente de ti. Nossa oposição era política, ideológica. Contra uma forma de administrar o Brasil e de pensa-lo politicamente. Combatiamos as privatizações e o neoliberalismo.
Sobre teu post André. concordo integralmente. mas veja o exemplo do etanol. Estamos pensando nisso tb. Os leliões que sairão de energia eólica...
perdao,
onde se lê "debaixo do subsolo" leia-se "abaixo do solo". né?
Dep. Manuela, creio que toca num ponto fundamental..a uestão de intervenção ou nao intercenção do governo na economia..no fundo é isso, ao meu ver, essa disputa entre PT x PSDB é muito parecida com o que era getulistas x anti-getulistas. Na real, o PT e aliados, voltam a expandir a participação do Estado, novas empresas públicas, novos concursos e o PSDB quer o Estado minino e a lei do mais forte, ate por que quem os patrocina são os "mais fortes". Abraço. Cássio Moreira
Bom texto o seu, valeu esperar. A oposição causa o equilíbrio, é a critica dita e nem sempre confirmada. Os recursos do Pré-sal podem ser uma realidade, o fato concreto agora é o otimismo e temores de como será usada esta riqueza. Temos de crer que os recursos serão exógenos e não se fixem de forma endógena, ou sendo mais claro, que seja um recurso para toda união, e não se fixe num único lugar ou ente.
Manu,
só agora, em casa, de volta dessa doideira que foi o lançamento do pré-sal, pude ler teu blog.
Fiquei bem feliz porque vi que a visita rendeu pra essa cabecinha. Agora vou remar a matéria pra VOTO. É mais ou menos como colocar Londres em Canoas. Haja luz...
Bjo e grato pelo café.
Ah, tiveste a 'sorte' de ser entrevistada pela Sabrina Sato? Poir paguei o mico terça à tarde. Eu e quem passou perto da louca.
Tinhas que ver a rasgação dela e da Marina. Que depois não quis nem saber de falar no pré-sal. MEREÇO!
E afinal, já leste o Noturno do Chile, do Bolaño? Tô há horas pra perguntar.
Bjo
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