Ela é uma jovem chinesa comum. Estuda, não trabalha para o governo, filha única. Passou um tempo na Europa e ficou chocada com a falta de informação dos europeus sobre o seu país: "eles me perguntavam se eu ainda tenho que subir montanhas para ir à escola".
Pela maneira como descreveu acredito que tenha sentido como nós, brasileiros, nos sentimos quando crêem que vivemos na selva e que todas as mulheres são prostitutas no Brasil. Reclamou da visão de DH dos europeus: "eles nem imaginam o que é um povo morrer de fome aos milhares. Só sabem que os chineses fazem aborto de filhas mulheres, que é algo bem antigo (não é muito comum mais). Mas não questionam aos países e aos EUA que também tem aborto legalizado. Questionam o limite de filhos (agora os filhos únicos podem ter dois filhos, assim como as minorias étnicas sempre puderam e os demais podem -desde que paguem uma multa por isso, algo como um imposto). Não sabem que não temos previdência e que o limite de filhos tem relação, além da miséria, com a manutenção dos pais quando estejam velhos. Um casal poderia sustentar 4 mais a criança! Ou seja, não sabem que respeitamos aos nossos velhos. Não sabem nada. Lêem o que dizem os jornais dos EUA e simplesmente copiam." Ela não ficou impressionada pela crítica, apenas. Mas pela agressividade e desconhecimeto. Pela radicalidade incoerente (o aborto nos EUA é direito da mulher, na China um absurdo). Na China perguntam se trabalhadores tem férias, nos EUA não existem direitos trabalhistas tambem.
Evidente que ela tem muitas críticas ao seu país. Acha o povo pouco criativo e muito competitivo. Acha uma droga as restrições ao uso da internet (o que eu, particularmente, para além de achar absurdo, acho insustentável. Não há como garantir que um povo esteja conectado ao mundo dos negócios, da educação, como eles estão, sem estarem conectados a maneira como nos comunicamos nesses dias. Acho bem atrasadas as medidas que proíbem uso de face, twitter, por exemplo. Além disso, como bem sabemos, basta hospedar em outro endereço e eles usam... Aos montes!). Ela acha que os jovens chineses são alienados. Eu pergunto se ela não percebe que em todo mundo existem jovens como ela, que questionam muito e outros tantos que simplesmente seguem a fila, tocam a vida no mesmo caminho que todos os outros. Ela se põe a refletir.
Ao fim concluo: ela é uma jovem. É chinesa, é verdade. Mas é apenas uma jovem. Com críticas a tudo o que está errado em seu país mas com um amor tremendo a tudo o que seu povo já conseguiu produzir. Que conseguiu ver, de perto quando estudou na Europa, que embora mais de 500 anos tenham passado desde a grande época das navegações, os ocidentais continuam acreditando que logo ali o globo terrestre acaba. Que é quadrado e que monstros (seriam os dragões, no passado?) esperam aos navegadores. Mudaram apenas o nome do monstro. Agora, é a China e sua cultura.
sábado, 24 de setembro de 2011
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