"socorro! Nessa casa tem uma juíza louca!"
Hoje meu irmão mais novo - o único
Homem entre nós, o bendito fruto - disse que pensa e se lembra muito de quando éramos crianças. Somos muito próximos de idade, apenas um ano e nove meses de diferença. Foi bastante importante para mim ouvir isso.
Bem, conto isso pois o causo/código de hoje o envolve.
Morávamos em Pedro Osório (terra de tantas histórias e lembranças). Fernando tinha uns 7, 8 anos. Numa cidade pequena existem poucas autoridades e elas são, portanto, bem respeitadas e,
Consideravelmente, importantes. Pois bem, minha mãe era a juíza da cidade. Já não era muito fácil pelo óbvio: mulher (machismo), separada, casada com o segundo marido, uma penca de filhos um pouco agitados, cadelas vira-latas. Um prato feito para toda sorte de Preconceitos.
Meu irmão, com sua interpretação infantil dos fatos, tinha claro que a situação dela não era muito simples.
Certa feita, numa das tantas confusões familiares minha mãe perdeu a cabeça com ele e acho que deu uns gritos. Acho que foram acompanhados por palmadas porque me Recordo dele de bunda de fora (engraçado pois minha mãe sempre foi dos gritos e dos desmaios simulados, nunca da palmada). De qualquer forma foram gritos e talvez palmadas. Para que! Fernando,
Com o conhecimento infantil de que nada era muito simples para mim mãe, Colocou a bunda (de fora) na janela da sala e começou a gritar:
"socorro, socorro! Nessa casa tem uma juíza louca!!". Detalhe sórdido: a casa não era no descampado. Era em frente ao banrisul e à praça central. Ou seja, a cidade toda soube que minha mãe brigou com o filho. E Também (versão popular) que não tinha como educar um filho. Quando queremos brincar que algo esta errado ou apenas dar boas risadas, gritamos: "socorro, nessa casa tem uma juíza louca".
Fernando tem outras boas histórias em PeO. Talvez devesse contar sobre quando escondemos a Virgínia, melhor jogadora de futebol daquele tempo e melhor amiga dele, no armário para seguirmos jogando banco imobiliário. Ou sobre como criei a maneira de ganhar dele no jogo do banco (criando uma conta com negativo infinito). Também lembro da maneira como ele economizava dinheiro e trocava notas de cinco por um para fazer volume.
Mas talvez a melhor dessas histórias seja a do encontro de delegados e das revistas em quadrinhos.
Crescemos em momentos diferentes. Numa data específica eu teria uns 13 e ele uns 11. Ganhávamos dinheiro para comprar revistas (quando íamos passar as férias em Jaguarão). Eu passei a comprar as revistas de adolescentes e ele seguia comprando Turma da Monica. Ele percebeu que eu estava no lucro: lia as minhas e as dele. E ele apenas as dele. Pronto! Decidiu: resolver cobrar aluguel!
A outra lembrança que me veio a mente é sobre o encontro dos delegados que acontecia em PeO lá por 1989. Estavam todos eles por lá e minha mãe foi convidada. Lá pelas tantas Fernando levanta e pergunta: "mãe! Quem manda mais, o juiz ou o delegado?". Péssima situação para minha mãe (especialidade nossa!). Eis que um delegado responde que o juiz era a maior autoridade. Eis que Fernando levanta e grita: "então, quem é o juiz dessa cidade?". Ou seja, um pouquinho machista... :)
Vou lembrando de muitas outras. Aos poucos contarei.
sábado, 1 de outubro de 2011
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