O atirador deixou um poema.
Cheio de doçura,
Malícia e
Verdade.
O atirador deixou um poema.
Com meias palavras,
histórias inteiras,
Dores na alma.
O atirador deixou um poema.
E cuspiu seu próprio sangue.
sábado, 22 de dezembro de 2012
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"No fim da noite
Eu encontro o caçador
Com seu revólver
Apontado para a lua"
(Lô Borges/Márcio Borges - do disco do tênis)
Quando derramo palavras
Buscando poemas
Escondidos no anonimato
Dos espaços virtuais
E como se doasse meu sangue
Ao mundo
O melhor de mim
O que há de mais doce em mim
O que há de verdadeiro em mim
E me entrego radicalmente
A essa hemorragia
Escondido atrás das palavras
Despejo sedução
Insinuo maliciosamente perversas
E inconfessáveis intenções
Imagino o olhar dela
A milhares de quilômetros daqui
Se acariciando com as rimas
Se excitando com as Meias palavras
Com as verdades inteiras
Com as mentiras poéticas
Com as dores dissimuladas
Mas inevitáveis
E imagino seus olhos dando voltas ao mundo
Suas palavras contorcidas de prazer
Sua volúpia aflorando
Seus prazeres explodindo
Ao simples tocar de minhas palavras
Alinhavados em poemas distantes
Secretos
Anônimos e virtuais!
Quisera eu acreditar
Que franco atirador confesso que sou
Tivesse alvejado seu peito
E atravessado teu coração
Com meu certeiro poema
Quisera eu acreditar
Ser o atirador da sua vida
E imaginar uma noite
"no deserto sem nome"
E que você não se apagasse
E que você bebesse do meu sangue
Numa transfusão de beijos e existência
Touro
Rosa
Pão
E fome, como diria o poeta!
E aí o atirador
Se renderia aos encantos de sua caça
E em silencio
Cuspiria mais um poema
Cheio de sangue, verdade e paixão
E
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