domingo, 16 de dezembro de 2012

Botija

Fingi acreditar
Fingiste sentir
Fomos pegos com a boca na botija.
Não existem crimes perfeitos.

1 comentários:

Anônimo disse...

No inicio
Suas palavras me inspiravam tanta confiança
Me acariciavam
Me seduziam
Me hipnotizavam
Seus gestos, seu sorriso
Pareciam me pertencer
Mergulhei
Peito aberto
Nas profundezas do oceano
De teu universo
Cegamente me entreguei
Vogais e consoantes perfiladas
Construíam a música de nossa entrega
A trilha de nossa paixão
Tão crível
Tão solida
Tão intensa
De repente, os silêncios e as meias palavras
Abafaram sua eloqüência
A cada noite dormia insegura
Suas juras secretas e virtuais soavam falsas
E pensava em Cazuza
Pensava nas mentiras sinceras
E se valia a pena ou não ...
E nem sinceras as mentiras eram
Lastimo informar:fingi!
Pendurada no passado
De doces memórias
Enganei a mim
Enganei a ti
Até que seu texto ficou insuportável
Sua voz, irritante
Suas cantadas, artificiais
Até que não mais consegui fingir

Quando minha boca roçava seu hálito
E lábios queimavam em beijos ardentes
Quanto minha mão te excitava
E minha voz rouca em teu ouvido derramava
Rimas poéticas, pornográficas
Quando meus seios recebiam sua língua
E você invadia sem pudor
O meu corpo
Você fingiu sentir
Seus gemidos, suas reações
Pareciam verdadeiras e intensas
A cada orgasmo imaginei seqüestrar seus sentimentos
E te aprisionar no cesto de meu destino
Ledo engano
Você fingia
E fingia tão bem sentir
Que meu corpo trêmulo se entregava
Com o tempo a distancia ficou abissal
Teu cheiro me incomodava
Não conseguia mais suportar
Uma noite compartilhada
Ao luar.

Nada é verdadeiro
Nada é confiável
O amor é improvável
Atores amadores com o tempo fomos descobertos
Pegos em flagrante
Boca, botija, mentiras, desilusões
Nem a Scotland Yard, nem a CIA
Desconfiavam
Nossos pernas embaralhadas
Nossos desejos inflamados entrelaçados
Seu pulsar dentro de mim
Pareciam construir o crime perfeito
Sem vestígios das mentiras sobre acreditar e sentir
Mas as digitais da hipocrisia
Foram descobertas

Não te quero mais
Não me toque mais
Meu corpo não lhe pertence
Métrica e rima de seus poemas
Agridem meus ouvidos
E me fazem sentir mal

Não me queira mal
Até no fingimento fomos cúmplices
Mas estou cansada
Me deixe em paz
Pois só quero uma noite de sono
E viajar para um mundo
Um pouco mais verdadeiro