peças esparramadas pelo tapete as sobreviventes outras ficaram pelo caminho jogadas em latas de lixo com as quais cruzei na vida ou perdidas em frases mal construídas ou em cenas inconclusas mal ensaiadas os encaixes não se encontram vão é o esforço de montar imagens inteiras a vida é cheia de impossibilidades e por elas já quebrei cabeças, promessas e expectativas mas nunca me desfiz das duas caixas incompletas na esperança de um dia num passe de mágica reencontrar a imagem que alimentou minha alma infantil juro que tentei varei noites e dias às vezes acho que minha insônia mora dentro dessas duas caixas juro, tentei faz muito tempo e as peças se negam a se encaixar se rebelam contra minhas tentativas insanas são restos de imagens diferentes de caixas diferentes de vidas diferentes de diferentes travessias e aventuras que resultam em imagens diversas tentei, juro essa busca me enlouquece mas agora é impossível prosseguir as peças ficarão espalhadas no tapete e eu sairei pela janela lateral diante de mais esta impossibilidade preciso acalmar meu espírito um pouco de paz, eu desejo apagar o incêndio que consome a minha alma e me deixa insenta e louca procurando imagens perdidas nas caixas sobreviventes no fundo de meu armário. Vou sair serena e leve pela janela lateral procurar novas imagens que preencham o enorme vazio deixado pelas peças que não se encaixam no quebra-cabeça de minha vida.
Bola de Meia, Bola de gude é uma homenagem a música do Milton Nascimento e Brant. "Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração, toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão. E me fala de coisas tão lindas que eu acredito que não deixarão de existir, amizade, palavra, respeito, bondade, amor. Pois não quero, não posso, não devo viver como toda essa gente insiste em viver. Não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal (...)"
Há uma menina, uma jornalista, uma mulher, uma criança, uma torcedora, uma apaixonada, uma comunista, uma deputada, uma gaúcha, uma brasileira... Há tanto dentro de mim. E eu tenho que jogar para fora.
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peças esparramadas pelo tapete
as sobreviventes
outras ficaram pelo caminho
jogadas em latas de lixo
com as quais cruzei na vida
ou perdidas em frases mal construídas
ou em cenas inconclusas mal ensaiadas
os encaixes não se encontram
vão é o esforço de montar imagens
inteiras
a vida é cheia de impossibilidades
e por elas já quebrei
cabeças, promessas e expectativas
mas nunca me desfiz das duas caixas incompletas
na esperança de um dia
num passe de mágica
reencontrar a imagem
que alimentou
minha alma infantil
juro que tentei
varei noites e dias
às vezes acho que minha insônia
mora dentro dessas duas caixas
juro, tentei
faz muito tempo
e as peças se negam
a se encaixar
se rebelam contra minhas tentativas
insanas
são restos de imagens diferentes
de caixas diferentes
de vidas diferentes
de diferentes travessias e aventuras
que resultam em imagens diversas
tentei, juro
essa busca me enlouquece
mas agora é impossível
prosseguir
as peças ficarão espalhadas
no tapete
e eu sairei
pela janela lateral
diante de mais esta impossibilidade
preciso acalmar meu espírito
um pouco de paz, eu desejo
apagar o incêndio que consome
a minha alma
e me deixa insenta e louca
procurando imagens perdidas
nas caixas sobreviventes
no fundo de meu armário.
Vou sair serena e leve
pela janela lateral
procurar novas imagens
que preencham
o enorme vazio deixado
pelas peças que não se encaixam
no quebra-cabeça de minha vida.
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