terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Basta dizer

que voltei mais feliz comigo mesma. E com planos. Muitos planos para o próximo ano. Amanhã farei minha listinha de metas...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Complexo

Certa vez, durante minha candidatura para a prefeitura, discuti com meu principal parceiro, Berfran, como definir certa pessoa. "Complexo", ele disse. Aprendi a usar essa palavra para definir pessoas. Algumas pessoas complexas são irritantes, outras geniais. Mas as pessoas complexas são duras de entender...
Percebi que seres humanos são, quase todos, complexos. Vivendo e aprendendo. Ou melhor, percebendo.

Registro

Estou em São Paulo. Consegui, mais uma vez, me dividir entre todas as partes da minha enorme família e todas as pessoas que são muitos queridas.
Sempre faz falta minha Dona Solange, pessoa amada que nos deixou. E com muitas saudades.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Por hoje... Se alguém perguntar por mim...

diz que fui por aí.




Fernanda Takai

umas frases

Nós poderíamos simplesmente ir embora e enterrar nossas cabeças na areia.
Poderíamos desistir e dizer que está tudo acabado apenas para começar tudo de novo, mas com outra pessoa.
"Toda vez que sonho com um reparo rápido fico aliviada", eu costumava repetir.
Mas agora eu sei como é dificil. Talvez eu não consiga, pois o que antigamente era castigo silencioso, agora é obsoleto."

Livros que amei...

Nesse ano li menos do que deveria. Uns trinta livros, mais ou menos. Se a quantidade não impressiona, o que li me emocionou muitas vezes. Tive um ano de duro trabalho, optei pela literatura como fuga. Vivi finais de semana em todos os cantos do mundo, mesmo estando no Redenção panfleteando ou na Zona Norte caminhando.
Sugiro como leitura de 2009 alguns dos preferidos:
El infinito en la palma de la mano, da minha ídola Gioconda Belli;
A possibilidade de uma ilha, do pós-moderno genial Houllebecq (deve faltar algo no sobrenome, sempre erro);
Carta a D. - A história de um amor, do André Gorz;
O menino do pijama listrado, livro lindo e sensível de Jonh Boyne e
Para Francisco, de Cristiana Guerra
Espero que gostem. Sintam como um presente. Porque para mim eles foram presentes...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Uma revolucionária


Conheci Luana há muitos anos. Na UJS, na UNE, na UEE de MG. Hoje me surpreendi. Ao ler o Vermelho (http://www.vermelho.org.br/) me deparei com uma bela poesia dela. Parabéns Luana. Essa sensibilidade também nos faz revolucionários.

MSN
Luana Bonone

*
Cliquei na tua ausência, só para marcar presença
Fui buscar palavras
Para marcar um espaço, um pedaço do seu dia...
Vazio.

Fui catando cada verbete solto
Cada palavra não dita
Cada presença não tida...Vazio.
Fiquei vazia.

Fechei a janela.
Fechei sua ausência mecanizada
Mas ela se fez mais forte (feroz)

Quando a ausência se fez tão presente
a palavra veio à tona
Forte e decidida
Transformou-se em carga elétrica
promoveu sinapses
movimentou músculos


Meus dedos estremeceram
agitaram-se
E digitaram de forma inequívoca:
"Eu quero você"

Reflexões para um finalzinho de ano...

Uma alegria para sempre
Mario Quintana


"As coisas que não conseguem ser olvidadas
continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez,
sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as datas não datam.
Só no mundo do nunca existem lápides...
Que importa se – depois de tudo –
tenha "ela" partido, casado, mudado, sumido, esquecido, enganado,
ou que quer que te haja feito, em suma?
Tiveste uma parte da sua vida que foi só tua
e, esta, ela jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis,
há certos momentos que,
ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente
e não do teu passado.
E abrem-se no teu sorriso
mesmo quando, deslembrado deles,
estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer."

domingo, 21 de dezembro de 2008

Lindo!

Linda a festinha que fizemos depois de trabalhar ontem! Fomos ao café que fica na frente do escritório. Violão, dançamos, cantamos... Faz bem para o trabalho em equipe. Acabar o ano liquidando os problemas.

sábado, 20 de dezembro de 2008

O verão está chegando...

e nós passamos o dia inteiro no seminário do mandato.
Durante um dia, no final de ano, fazemos a avaliação de nosso trabalho e as perspectivas para o próximo ano. No outro, fazemos uma pequena confraternização para rirmos e lembrarmos do quanto de vida já compartilhamos.
Bom, bem bom. É bom perceber que a gente ainda tem muito para fazer.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

2009 em Brasília

Nem todos sabem como é a vida real de um parlamentar que trabalha. Acho que um pouco da culpa é nossa. Afinal, não aprovamos a reforma política e todos os anos vemos o mesmo tipo de problema acontecer no Congresso, nas Câmaras de Vereadores, no Poder Executivo e Judiciário. Esses "problemas" resultam em descrédito, em desesperança, em falta de confiança nas instituições. Temos, portanto, culpa também.
Mas posso garantir que muitos de nós trabalhamos muito. E, por isso, eu estou contente com os meus dias fora de Brasília. Serão poucos, é verdade. O lançamento da candidatura do Aldo, para presidinte da casa, fez com que Brasília também se tornasse meu paradeiro em janeiro. Mas tudo bem. É por uma causa nobre. É para permitir o debate, para garantir a representatividade de todos os partidos, para garantir a relação respeitosa entre os poderes, para lutar para que o projeto de país que temos avance em 2010.
Mas eu também tenho muitas coisas para fazer no RS. TAmbém quero curtir minha família, meus amigos, um pouco da minha vida pessoal.
Quanta gente que não vejo desde muito!!!
Como perceberam me voy de Brasília hoje. Não. Não estou entrando em férias. Temos muito ainda até 2009 chegar. Mas devo voltar aqui apenas em janeiro. Ou seja, Brasília, agora, só em 2009!!!
Tomara que 2009 seja de muito trabalho, aqui na Capital Federal.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Fim de ano

Vocês também fazem planos no final de ano?
Vocês também esperam que o ano acabe e o outro não comece?
Uma espécie de pausa na vida comum, denominado, popularmente, férias?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Wander!!!

Achei!!! Wander só existe lá... Lá em Porto Alegre. Só quem ama Porto entende esse som punk rock brega...



Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro

Sonhos não envelhecem



cantado por Flavio Venturini - Clube da esquina II

Cá estou eu, cá estamos nós

De volta ao trabalho de Brasília (sim, porque também trabalho em Porto Alegre).
De volta aos últimos dias de produção legislativa aqui no Congresso.
De volta aos mais de cem pareceres que serão votados na Comissão de Trabalho.
De volta ao orçamento e seus cortes (consequências da crise).
De volta às Medidas Provisórias.
De volta aos últimos importantes empenhos de emendas e pagamentos para as nossas queridas cidades gaúchas.
De volta aos últimos ajustes do Seminário do Mandato para pensar 2009.
De volta à Brasília.
Uma das últimas vezes esse ano.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Essa vida...


A vida tem me proporcionado diversos momentos de muita emoção. Um olhar de um idoso, o carinho de uma criança, tomar posse, representar nosso povo. Hoje vivi um desses momentos. Talvez um dos mais grandiosos, pessoalmente.

Representei a Câmara na solenidade de posse dos novos Desembargadores do Trbunal de Justiça do RS. Até aí tudo normal, não é? Sim. A diferença é que entreguei o certificado para minha própria mãe.

Cada pessoa faz a sua história, cada história rende um livro. Minha mãe é uma dessas mulheres que me orgulha. É muito corajosa. Voltou a estudar direito com cinco filhos para criar. Nunca abandonou o seu violão, fonte de nosso sustento, por um período. Não abandonou o violão nem no discurso de posse hoje no TJ, quando citou a canção "A estrada e o violeiro".

Minha mãe, durante a campanha eleitoral, gravou um depoimento que me fez chorar. Muito. Dizia: "o que mais tentei passar para os meus filhos é o que mais importante é a gente gostar de gente, das pessoas". Ela me orgulha tanto. Por que? Porque conseguiu. Ela ama as pessoas. Ama esse mundo. E nos educou para tentar, cada um ao seu estilo, melhorá-lo.

Tempo, tempo...



Sobre o tempo - Pato Fu

domingo, 14 de dezembro de 2008

Cuidado com o sapato!!!

Todos sabem como condeno a Guerra do Iraque e o governo Bush. Bush não tirou as patas do Iraque. Tomou um sapato na cabeça... Pata, sapato, entenderam o trocadilho?
Assistam o vídeo. Tenho certeza de que todos que foram às ruas pedir PAZ entendem o porquê dele estar aqui. Não toleramos mais guerra, não queremos mais nenhuma gota de sangue por petróleo!

Pedras no caminho

Passei um final de semana maravilhoso, de muita tranquilidade e paz. Foi quando li, vasculhando a vida dos outros na internet, a seguinte frase: "Pedras no caminho? Guardo todas. Ainda hei de construir um castelo."
Tomara. Tomara que todos tenhamos chance de construir castelos de liberdade...

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Parte do ar



Fito Paez e Mercedez - Parte del aire

Apenas para seguir compartilhando o que escuto com vocês

A crise e os investimentos


Tenho debatido muito a crise do capitalismo. Com o PCdoB, com Lula, com o povo... E, como de praxe, tenho feito piadas até comigo mesmo. Por exemplo, quando discuto com meu namorado, logo digo: "opa! O mercado está em crise, poucos homens perfeitos no mercado, as minhas ações se desvalorizaram, eu gosto muito do produto, o melhor é fazer as pazes".

Hoje falava com um amigo no msn e ambos concordamos: melhor que investir na bolsa é investir em terapia e livros. Infelizmente, tenho pouco tempo para investir em viagens, outra coisa boa, que alegra a vida. Certa vez, dei uma entevista e brinquei com o jornalista. Disse a ele que se tal fato ocorresse comigo eu teria que dobrar o número de horas de terapia por semana. Ele concluiu que eu estava debochando e terminou a matéria dizendo: "Calma leitores! A Manuela é normal, não faz terapia".

Será que não sou normal justamente por fazer terapia?

Será que isso é coisa de louco ou louco é quem é infeliz e não tenta resolver seus problemas e minimizar seus defeitos?

Eu sou normal, feliz, amo minha família do casamento grego, adoro meu trabalho. E invisto em terapia. Para continuar exatamente assim... E de quebra, ver ser aprendo a falar mais sobre o que sinto e ouvir mais quem está perto de mim. Afinal, eu também tenho duas orelhas e uma boca. Que essa boca sirva para falar, cada vez mais, o que vem de dentro.

Corpo


Sempre admirei a capacidade das pessoas de ouvirem mais do que falar. Acreditava ser uma caracterísitca dos mais velhos. Não. Concluí que nascemos com duas orelhas e apenas uma boca. Não dever ser por acaso. Como nada no nosso corpo é.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Vício

Ser dependente é terrível. Exceto quando é por algo que amamos, como Porto.
Estou voltando...

Número 101!!!

Quando comecei a publicar no Blog não acreditei em mim mesma. Pensei que logo desistiria dessa missão. Estava enganada! Hoje chegamos ao número cento e um!!!

Um brasileiro

Ontem fizemos uma boa reunião com Lula. Nossa bancada debateu a crise, medidas que protejam os trabalhadores, o ano de 2009. Foi bastante produtivo. Mas não quero escrever sobre isso. Quero compartilhar um sentimento que gosto muito e que Lula sempre me provoca: o amor ao Brasil.
Todos sabem que não sou do mesmo partido que ele, que não acho seu governo perfeito. Tenho perfeito juízo com relação a todos os nossos avanços e conquistas para nosso povo. Mas não abstraio limites. Mas Lula...
Por um momento fiquei ouvindo suas palavras e pensando: será que as "grandes democracias" européias conseguiriam produzir um quadro político dessa dimensão, com tanto conhecimento, nascido no interior de Pernambuco? Será que ele passaria perto dos "templos" da democracia? Acho que não.
Com apenas 20 anos nossa democracia produziu Lula. Síntese de um povo alegre, miscigenado, que ama o futebol (ele elegiou o Nilmar...), que trabalha e que se supera todos os dias. Esse país, tão diferente e tão parecido, tão grande em dimensão, tão plural e tão unido, tem um presidente operário.
Será tão simples o conceito de identidade? Será tão superficial ele falar a mesma língua (não me refiro ao português) que nosso povo? Identidade é algo muito forte e linguagem algo muito profundo.
Essa democracia que achamos limitada é tão mais intensa do que tantas que elogiamos... Lula só poderia existir no Brasil. Porque ele, ele é um brasileiro. De verdade.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Que droga!

Ainda não desenvolvi a capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Infelizmente. Hoje, o trabalho me tirou de uma agenda que me faria feliz. Fizemos a reunião com o Ministro Temporão, sobre o atendimento do SUS dos hospitais da ULBRA, às 18 horas. Nesse mesmo momento tivemos o lançamento de um grande livro, escrito por maior jornalista, no Senado. Havia me comprometido em me encontrar com o Luis Claudio Cunha (autor de O sequestro dos Uruguaios). Que droga, não fui!

E eles sobreviveram...

Minha bolsa faz mal ao meu estado de saúde. Certamente traz problemas para a coluna porque carrego três celulares, dentre tantas outras besteiras. Além disso, ando com esse pequeno grande computador, para todos os cantos. Desenvolvi uma doença: odeio a diversidade de maneiras que todos os que trabalham comigo têm para me encontrar. Destesto o fato de sempre estar em contato, falando, resolvendo problemas, em qualquer horário, em qualquer lugar. Mas odeio tanto que isso se transformou em dependência: não vivo sem isso. Me transtorno quando fico sem bateria, sem ler meus emails, sem receber mensagens.
Sábado, tarde da noite, toca o telefone. Penso: morreu alguém. Sábado, tarde da noite, o telefone não toca. Penso: morreu alguém e não querem me contar. É uma doença sem cura, creio eu. Porque é agravante o hábito de trabalhar bastante.
Não me espanta nada disso em mim. Todos, absolutamente todos que conheço, carregam o mesmo vírus. Entretanto, me espanta que a geração anterior tenha sobrevivido sem essa doença. Como faziam política? Como sabiam das felicidades e infelicidades da vida?
Não entendo. Eles sobreviveram.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Para onde vão?

Muitas coisas ficam. Outras se vão. Algumas ficam paradas no seu tempo. Apenas esperando que nós tiremos a vida do "pause". Afinal, ela não é um filme...
Silvio Rodriguez -A donde van?

Assim



Nando Reis - All star

Aeroportos e contradições

Quando transformamos algo em rotina perdemos a capacidade de ver a magia. Eu passo muito tempo em aeroportos. Para mim, é chegar, correr, o café, um livro, o bilhete eletrônico, a identidade, o detector de metais, o painel, o embarque. De madrugada, durmo antes da decolagem. Em vôos diurnos, devoro um livro.
Mas quem não sentiu ou viu as alegrias e tristezas dos embarques e desembarques? Meses separados: o reencontro. Dias juntos: a despedida. Filhos que vão em busca do emprego, pais que lamentam a distância e comemoram o sucesso. Aeroportos são, portanto, também, espaços do contraditório.
Gostar de alguém é, normalmente, motivo para alegria. Só gosta quem está vivo (internamente). Despedir-se de quem se gosta é, em contrapartida, triste. Não conheço um pai que não comemore a promoção do filho. E também desconheço um que não chore ao vê-lo embarcar. Os aeroportos, assim como as rodoviárias, são espaços de enorme concentração de dor no estômago.
Dor no estômago? Sim. Aquela dor que sentimos quando estamos em contradição.

Crise da ULBRA

Todos têm acompanhado nos jornais, rádio, televisão a crise da ULBRA. São mais de cem mil estudantes, dez mil trabalhadores. Além disso, são quatro hospitais. Grande parte do atendimento é SUS, ou seja, público.
Estamos aqui dentro agora (uma comissão de deputados e senadores) tentando entender e ajudar. Consegui marcar amanhã uma reunião com o Ministro da Saúde, Temporão. Isso é fundamental para garantirmos continuidade no atendimento hospitalar.
Cenas do próximo capítulo...

domingo, 7 de dezembro de 2008

Um final de semana normal

Estou tendo um final de semana normal. Há, pelo menos quatro anos, não me dividia entre pendências com amigos, janta com meus irmãos, leitura, DVD's, Redenção com sol. Fiz o curso de batismo do Dudu e agora vou batizá-lo. Prova que a amizade é maior do que muitas coisas. Dudu é filho do Andrezão, dirigente do PTB. Meu amigo há tantos anos, adversários muitas vezes, aliado em tantas outras.
Ontem caminhei pelo Parque, me dirigindo à Igreja Santa Terezinha. Vi o sol de Porto Alegre, as nossas ruas, a nossa gente. Os nossos lugares. Ia a essa Igreja ainda pequena. Depois brincava no parquinho ali da frente, com meu avô. Tudo está no mesmo lugar. Mas a vida... Ah! A vida mudou tanto...
Todos devem sentir-se assim: todos os dias se reencontrando consigo e com seus lugares no mundo.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Mensagem à poesia - Vinicius de Moraes

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.

Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado
Ah– não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.

Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido;
digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre;
por isso,
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.
Mas não a traí.
Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la.
A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim.
Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz.

Minha paixão de homem
Resta comigo;
minha solidão
resta comigo;
minhaLoucura
resta comigo.

Talvez eu deva
Morrer sem vê-la mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia.

Digam-lhe que é esse
O meu martírio;
que às vezes,
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação estática
Num amor cheio de renúncia.

Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho;
e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...


Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Em cada esquina...

O Cartola estava num dia ímpar ao escrever isso para a filha.

Pacto pela vida

Vamos fazer um pacto pela vida? Eu cuido da minha e você cuida da sua.

Boa, não? Li num email da minha irmã e gostei. Se todo mundo fizesse isso um pouquinho mais... o mundo seria melhor.

Téo voltou

Téo, meu afilhado, está bom e voltou para casa. Como é bom ver um amigo com os olhos brilhando... O Régis parece um anjo. Meu coração se encheu de alegria. E de paz. Saúde é tudo. Obrigada aos que rezaram, torceram, lembraram.

Pote de ouro



Que a gente encontre nosso pote de ouro no dia hoje. E que ele seja do bem.
Somewhere over the rainbown - Israel KamaKawiwo

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Nada vai nos separar

somos todos teus seguidores, para sempre eu vou te amar!
Ah! Os amigos de fora do Rio Grande acharam que era para o Zé Eduardo, né?
Pois é... Não é. Era para o meu colorado. Meu time. Meu sofrimento e minha alegria na noite de ontem. E há muito tempo...

Um dia para lembrar de um sorriso


Despertei pelas quatro da manhã, como de costume nas terças-feiras em que vou para Brasília. Cansada, certamente, comprei meu café com leite e os jornais na lojinha ao lado do portão de embarque de número 6. Embarquei. Me recordo que havia sentado na janela. Lembro bem porque ali me sinto presa. Ainda não havia tomado posse mas tinha que entregar documentos, coisas na cidade. Na capa do jornal uma gigantesca foto de um acidente de carro. Abaixo havia uma pergunta: até quando nossos jovens morrerão assim? Algo do gênero. Imaginei ser uma pesquisa. Busquei a informação sobre a página da matéria e, lentamente, percorri a Zero Hora.

Braços abertos, sorriso feliz (tantas vezes debochado). Será que foi o Gabriel quem fez esse trabalho? Que prêmio o pequeno grande gênio ganhou dessa vez?

Eu conheci esse menino quando ele era estudante secundarista. Lembro bem... na velha sede do PCdoB da José do Patrocínio. Um sorriso enorme, tinha quinze, dezesseis anos... Militou um pouco mas sabíamos (nós, ele, todos) que ele não ficaria ali. Fez vestibular na Fabico. Lembro que conversamos um pouco sobre o jornalismo, meu curso superior. Gabriel apereceu com uma máquina fotográfica. Deus! Eu também havia carregado uma, por tanto tempo, em tantos lugares!!! Um dia a máquina ficou pesada. E eu percebi que minha paixão não era mais fotografar o Congresso da UNE, mas ajudar ele a existir.

Nos perdemos na vida, essa louca máquina de encontros e desencontros. Por vezes nos encontrávamos e eu podia sentir que a vida brotava pelos poros dele. Ele tinha virado um comunicador (não apenas um jornalista). Ele era rápido. E apaixonado. Não havia se contentado com a máquina fotográfica. Invadiu a internet.

O Blog que criou com os amigos, o Insanus, invadia a vida de muitos. Depois que me elegi vereadora também virei alvo deles. Com excelente senso de humor o blog cresceu, cresceu, cresceu... Ih! Quantas vezes me irritei com os posts machistas a meu respeito... Mas isso faz parte. Um pouco de política, bastante deboche, algumas denúncias, boas fontes... Alguns amigos montaram um blog quase contra todos. Mas, sinceramente, acredito que para o bem das pessoas. Certamente, os guris do Insanus sabem melhor do que eu, aquilo era o amor da vida do Gabriel.

A ficha não me caía. O avião já voava e eu não teria como seguir o meu coração, ficando em Porto Alegre e indo me despedir dele. Não era justo. Não com quem tinha um sorriso tão forte, expressão maior da alma boa de Gabriel. O acidente da capa da ZH o havia tirado desse mundo.

Já passaram dois anos. Tenho certeza que o Gabriel continua rindo, olhando por muitos e criando... Porque ele estava na Terra para criar. E criou muito. Em tão pouco tempo.

Que seja um dia de força e paz para seus pais e amigos mais próximos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Não queremos pagar o pato

Acabei de sair da Marcha das Centrais Sindicais pelo Desenvolvimento com valorização do trabalho, aqui em Brasília. Mais de 40 mil trabalhadoras e trabalhadores, de todos os cantinhos do Brasil, lutando para que nosso país valorize quem trabalha. Nesse momento de crise da economia mundial é muito importante avaliarmos as medidas que os governos tomam. Para que lado elas apontam? Para quem trabalha ou para quem criou a crise com a especulação financeira?
Eu e meu partido lutamos para que os trabalhadores não paguem o preço. Nem o pato.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Doril

Li que eu havia tomado Doril e sumido! Sabe o que sumiu, de verdade? Um artigo meu de cinco mil toques! Muitas horas de estudo, escrevi, escrevi, escrevi... Quando fui mandar para o email de meu jornalista... Sumiu!!! Bah, eu queria morrer! O meu artigo, caro Prévidi, foi quem tomou Doril!

Amigo passa para amigo...

Hoje, meu espacinho de terapia na internet foi citado de maneira formal como o blog da Deputada Manuela em um site de um grande jornalista. Apenas reitero o que disse no primeiro post: esse espaço é apenas para o desabafo, para a rotina, para a poesia... Para a minha vida! E, por mais louco que seja, não abro mão de ter uma vida normal. Com direito a blog e tudo! Rá!!! Como diria meu amigo e defensor Emanuel.

Tudo diferente é tudo igual?

Obama começou a nomear seu Ministério. Os nomes são duros como os de Bush. Muitos são os mesmos. Será que Obama já tomará posse brindando com petróleo e sangue? É justo que jovens sigam morrendo e morrendo nas guerras promovidas para alimentar a economia dos EUA? O povo não elegeu Obama para isso. PAZ!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Pés, bem firmes, no chão

Tudo bem. Está tocando na novela. Mas hoje fiz uso da expressão "pés no chão", na política. Depois, por outro motivo, ouvi essa música (tudo bem, estava vendo a novela das 8, algum problema?). Aí busquei a tradução para pensar que é bom ter os pés no chão no trabalho. Mas também é bom vê-los voar, às vezes.


Fidelity - Regina Spektor

Check...???

Entre as manhãs, tardes, noites, sábados, domingos, segundas de trabalho resolvi fazer um "check up". Se até os carros com pouca quilometragem fazem revisão, por que eu não faria com 27 anos, dez de política e estresse nas costas? Dentistas (isso mesmo! No plural!), exames, sangue etc.
Hoje, às 9 horas, quando saía de uns exames pensei que poderia chamar minha vida de "Vida em check". Por que? Porque percebi que vivo fazendo check in de aviões de Brasília para Porto Alegre, Porto Alegre para Brasília, às vezes passo por São Paulo... Depois, faço check in e check out em hotéis, porque não tenho casa nesses lugares, nem no interior do estado. Por exemplo, fiz check in na pousada em São Lourenço do Sul, sábado. Hoje também para entrar no avião.
E agora? Me submeto a um check up.
Pela primeira vez na minha vida quero muito que chegue janeiro. Preciso de uns dias de descanso de tantos checks. Preciso fazer um check out de dez dias da minha rotina.

Visitem

Tenho a sorte de fazer grandes amigos nos processos políticos. Mesmo nos eleitorais. Um deles é o Emanuel. Brilhante jornalista. Grande alma. Só coração. Visitem o blog dele, que está de cara nova: www.emanuelmattos.com.br
Certamente gostarão.

domingo, 30 de novembro de 2008

Reencontros

A vida nos afasta e, depois, reaproxima.
Sábado fui homenageada em São Lourenço do Sul. Foi nessa cidade que fui alfabetizada. Tenho um orgulho tão grande que exibo em meu gabinete meu diploma na Escola Nossa Senhora Estrela do Mar. Sei o papel disso na vida das pessoas. Sei o sentido de saber ler e escrever para a liberdade e para adquirirmos a capacidade de nos libertarmos. Ler, desbravar o mundo dos outros. Escrever, tentar desbravar o nosso mundo. As irmãs do ENSEM fizeram uma homenagem para mim dentro da festa da homenagem.
Outra ironia da vida: minha mãe recebeu a mesma homenagem. Duas décadas se passaram.
Obrigada São Lourenço. Obrigada ao Jornal O lourenciano.

sábado, 29 de novembro de 2008

Amor pra recomeçar

Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo...
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia e não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom
Mas que rir de tudo é desespero...

Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor prá recomeçar

Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um você possa confiar
E que tenha até inimigos
Prá você não deixar de duvidar...

Final de ano

Estou trabalhando nesse final de semana. Novidade...
Mas entrei num clima de final de ano. Planos, repensando coisas, metas, promessas. Todas essas coisas. Vou postar, acima, um trecho de uma música que acho bonita. Não gosto muito do Frejat, que a canta. Mas acho que a letra compensa. Que sirva de reflexão para todos nós. Eu, pelo menos, continuo acreditando que o amor liberta. E constrói. Só a luta, com amor, muda a vida.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Calor

Está insuportável. O calor é gigantesco. Jà tive dor de cabeça, pressão baixa etc. Mas o sol seca as águas. Espero que também em Santa Catarina.

Toda la luna cabe en mí



Pacifico - los piojos

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Meu irmãozinho

Meu irmão lindo me ligou hoje. Fiquei tão feliz que resolvi compartilhar com vocês uma foto nossa. Assim, vocês o imaginarão como alguém pequeno. Ele tem mais de 1m80cm hoje!

Meu lugar

Perdão... Mas meu lugar no mundo é mesmo Porto Alegre. Estive dez dias sem pisar na terrinha. Voltei hoje para ir ao médico.
Posso trabalhar um dia em cada canto, viver em Brasília... mas a minha cidade... ah! É Porto Alegre.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Chivitos com as mãos


Ela queria comer em um lugar mais parecido com a Cidade Baixa, em Porto Alegre. Ou com a Lapa, no Rio. Vila Madalena, para os paulistas. Foi procurar. Haveria de existir algum bar mais cultural em Montevidéo. Era sexta-feira à noite, o dia tinha sido ensolarado. O comum é que os jovens e todas as pessoas felizes estejam na rua nesses dias. Andou, andou, andou. Nada. Resolveu comer um chivito, o X dos porto-alegrenses. Ou o cheese-burguer dos americanizados.
Era self-service. Ou seja, o cidadão chega e escolhe o quer que tenha dentro. Ela ficou obervando a carne, o pão, os molhos. Tenta observar a pimenta, o chilli. “Isso é pouco higiênico”, pensa. O homem, com duas mãos enormes, sem nenhuma luva, faz uma bolinha com as pimentas, as esmagando e coloca em cima do pão. Não sem antes esmagar o pão, acomodar os ingredientes. Pouco higiênico? Não é nada higiênico. É horrível, terrível!!!
O homem pergunta se ela quer mais alguma coisa. Não, já era o suficiente. Até porque ela havia esquecido o que era “panceta” e já tinha bacon junto a pimenta esmagada, sovada com as mãos. Para fechar o sanduíche um aperto firme, com as mãos segurando a parte superir e inferior do pão. Preferiu não olhar para as unhas. Ou não pensar nelas.
Comeu. Pensou nas mãos. Em todos os movimentos delas e locais pelos quais ela deveria ter passado.
Saiu. Olhou para a lanchonete. O nome é “Mauro”. Certamente, esse era o nome do homem das mãos. Chivitos com as mãos. Chivitos com as mãos de Mauro. Pouco higiênico, é verdade. Mas ela riu o bastante e foi para o hotel feliz.


P.S. Estive em Montevidéo recentemente. Depois da campanha foram meus dois únicos dias descanso. Dois excelentes dias. Meus comigo mesma. E adoro isso. Gostei até dos Chivitos com as mãos.

Apenas implicando... ou inticando, como uns diriam...


Ando escrevendo muito sobre política porque tenho dedicado ainda mais tempo para o trabalho. Cresci ouvindo que minha opção política e ideológica era velha, superada. Sou marxista. Tenho claro que temos que estudar e observar o Brasil. Mas tenho que inticar com aqueles que nos tratavam como lunáticos quando diziamos o que representava o neoliberalismo. Vejam uma parte do Capital, de Marx:



“Em um sistema de produção onde toda a continuidade do processo de reprodução depende do crédito, quando este acaba subitamente e somente transações com dinheiro passam a ser aceitas, é inevitável que ocorra uma crise, uma tremenda demanda por meios de pagamento. É por isso que, à primeira vista, a crise inteira parece ser somente uma crise de crédito e de moeda. E de fato trata-se apenas da conversibilidade de letras de câmbio em dinheiro. No entanto, a maioria destes papéis representam compras e vendas reais, cuja extensão – para muito além das necessidades da sociedade – é, afinal, a base de toda a crise. Ao mesmo tempo, há uma quantidade enorme destas letras de câmbio que representam mera especulação, que agora revela sua face e colapsa; especulação fracassada com o capital de outras pessoas, com o capital-mercadoria depreciado ou invendável, ou com ganhos que nunca mais poderão ser realizados. Todo esse sistema artificial de expansão forçada do processo de reprodução evidentemente não pode ser resolvido com um banco, por exemplo, o Banco da Inglaterra, entregando a todos esses especuladores o capital que lhes falta através de seus títulos, comprando mercadorias depreciadas a seus antigos valores nominais. Aliás, é nesse momento que tudo começa a parecer distorcido, já que nesse mundo de papel, o preço real e seus fatores reais desaparecem, deixando visível somente metais, moedas, cédulas, letras de câmbio e títulos.”

Karl Marx, O Capital, vol. 3, cap. XXX.

(roubei do blog terribili.blogspot.com, de minha grande e linda amiga Alê. Na foto, o jovem Karl Marx)

Renildo, meu líder

O meu maior amigo em Brasília, meu querido camarada Renildo foi eleito Prefeito de Olinda. Ele vai me abandonar para cuidar da cidade linda do povo pernambucano. Ontem, após uma sessão exaustiva, fizemos uma janta de despedida para ele. Lá pelas tantas... alguém ousou falar mal do Oswaldo Montenegro. O chamaram de homem de uma música só. Para mostrar quão desinformadas as pessoas podem ser, publico a mais linda poesia dele. Metade.

Tristes dias em Santa Catarina

É verdade. Me sinto um pouco culpada em não dar conta de falar em tudo o que acontece. Mas não posso deixar de registrar a minha solidariedade e tristeza com o que acontece em SC. São muitos mortos, muitas crianças sem pais, pais sem filhos. Uma tragédia.
Ontem estive com uns camaradas do Partido Comunista de Cuba. E os ouvia abordar o impactos dos três furacões que chegaram à pequena ilha socialista, na proximidade dos 50 anos da Revolução.
Sabe o que me causa mais espanto? Foram os mais violentos furacões da história. Um, dois, três. Qual o impacto econômico? 20 bilhões de dólares. Quantas casas foram atingidas? 4,5 milhões. E destruídas? Meio milhão. Mas o espanto surge desse número: sete pessoas morreram. Por que? Porque o governo privilegia o cuidado ao ser humano. As casas, os carros, os bens... são menos importantes. Como deveria ser para todos. Sempre. A melhor coisa desse mundo, afinal, é o ser humano.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Hahaha

Gente, Wagner Gomes é um sindicalista do PCdoB. Esse partido não sai da minha cabeça nem na hora de me lembrar de gente bonita! Perdão.

Que pena, pede para sair...

Peguei avião do Rio para Brasília com um ator que admiro profundamente: Wagner Moura. Sempre dá um show de interpretação. Para quem não lembra é o Capitão Nascimento, do Tropa de Elite. Devo admitir que, além de tudo, ainda o acho muito bonito. A torcida do Flamengo também.
Após participar de um Congresso de Turismo, sobre a Copa de 2014, fui ao Senado para acompanhar a discussão da Lei da meia-entrada. Chego lá e quem está na Comissão contra a proposta dos estudantes? Adivinharam! Wagner Moura. Juro, juro mesmo, tive que resistir muito para não ir brincar com ele, dizendo: "Pô, pede para sair". Que pena!

Estágios

Participei de um debate sobre Estágios ontem no Rio de Janeiro. Promovido pela OAB-RJ, tive a oportunidade de ouvir críticas, sugestões e eleogios ao nosso substitutivo. Muito bom. Adorei. Muito produtivo.
Além disso, mesmo com chuva, tive a oportunidade de rever a cidade maravilhosa. Gente, o Rio é um espetáculo. Não deixem de visitar pelas muitas notícias ruins divulgadas pela imprensa. Todo mundo tem direito de olhar de perto aquele cenário desenhado por alguém muito inspirado... Lembrei do Armandinho, cantor gaúcho, "quando Deus te desenhou, ele estava namorando..." Só pode. Deus estava apaixonado quando fez o Rio de Janeiro.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

"Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade"

Eles também me ajudam muito. Legião Urbana.

Ele



Y mariana


Não sei. Não entendo. Mas sempre é ele quem me conforta. Em todos os bons e nem tão bons momentos.
Sílvio Rodriguez, trovador cubano.

A sinceridade

Serão as pessoas mais sinceras através das máquinas? Será que a frieza dos teclados, a cegueira do monitor nos expõe mais? Estou descobrindo que, em muitos casos, sim. Não gostei dessa descoberta.
Não, não me refiro aos que perdem a timidez. Nem aqueles que adquirem força para declarar o amor através de um email, de uma mensagem no orkut ou no facebook.
É apenas uma constatação de quem navegou um bocado e viu o que não queria.

Rapaz... Como é bom ser comunista!


Estou em São Paulo, no 10º Encontro dos Partidos Comunistas. Somos 66 delegações de todos os continentes. Tenho que compartilhar com vocês: estou muito feliz e emocionada.

Há duas décadas o Muro de Berlim deixou de existir. E, para mim, que nem recordo dele em pé, bate fundo a sensação de estar com tantas pessoas que acreditam na humanidade, na força das idéias, nos direitos dos que produzem trabalhando.

Nesse momento de profunda crise do capitalismo no mundo, quando até os mais ferrenhos defensores do estado mínimo, da mão invisível do mercado fazem suas auto-críticas, é bom ver a atualidade de nossas idéias e de nossa luta pela liberdade e pela paz.
Queria apenas registrar algumas frases. Não são literais, mas nos levam a reflexão.

"A crise, para alguns, é uma surpresa. Para nós, comunistas, é a a consequência do sistema capitalista" PC Bulgária

"É preciso trabalhar mais e melhor com as novas gerações" PC Cuba

"O socialismo não é inevitável. Mas é necessário para um mundo de paz" PC EUA

"Esperamos o dia em que todas as nações americanas vivam em cooperação. Sem a dominação dos EUA" PC EUA

"A única batalha que se perde, é aquela que se abandona" PC Equador

"Os jovens iraquianos se inspiram nas vitórias da América Latina, isso dá força, ânimo" PC Iraque


Citei essas frases, fora de seus contextos (foram mais de 30 falas, cada um com dez minutos) para que a gente reflita sobre a crise, sobre o mundo em que queremos viver.

Eu, a cada dia tenho mais certeza: quero viver num mundo melhor. Quero andar na rua e ver que os jovens não precisam ser dividos entre aqueles que têm o tênis Nike e aqueles que carregam armas. Quero ver as crianças estudando, com saúde. Quero ver nossa gente trabalhando, produzindo. Quero viver num mundo com paz.

Diria Drummond: " O outro nome da paz é justiça social." Eu quero o socialismo!


P.S. Para aqueles que gostam de rir de mim... Eu sou mesa do Congresso, ou seja, sem sair, sem conversar, sem telefone...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Minha homenagem aos gols de ontem...



Conheci alguém que, certamente, está comemorando lá no céu. Dallegrave deve estar rindo junto com outros saudosos colorados...


Conosco na foto meu querido amigo tadeu, que me presenteou agora com a imagem.


EU NÃO ACREDITO!!!!


Gente... Juro que não acredito no que vivi agorinha! Após fazer um debate sobre a nova Lei dos Estágios (que também me faz muito feliz) vim ao plenário e... APROVAMOS A RESERVA DE VAGAS PARA ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS.

São dez anos que luto, que lutamos por isso. Parece um sonho. A juventude, o povo brasileiro terá mais chance de estudar. O conhecimento será mais popular! Vejam bem: se apenas quem usa o sistema privado de saúde faz medicina, quem pensará em Programa de Saúde da Família (PSF)? Quem pensará o Sistema Único de Saúde (que comemora 20 anos agora)?

Vitória da UNE, da UBES, da juventude, dos movimentos sociais. E me permitam: mais um avanço do governo do Presidente Lula, aprovado pela Câmara dos Deputados.

Dependente

Concluí que tenho tendência ao vício. Quando era guria e gostava da noite, saía quase todos os dias. Na universidade, fazia 52 créditos por semestre, inúmeras cadeiras, dois cursos. Quando ingressei no movimento estudantil nunca me satisfiz apenas em disputar as eleições do Centro Acadêmico. Ajudava na área de Solidariedade Internacional à minha grande amiga Ana Maria Prestes.
Na minha vida pessoal, quando me dedico a ler não me interesso por um livro de determinado autor. Tenho que ler todos. Não sou de gostar pouco das pessoas. Ou amo, ou odeio. Quem é meu amigo, tem uma leoa na defesa. Quem não é leal, poucas vezes retoma minha amizade. Ou passo semanas dormindo nas casas de minhas irmãs ou semanas sem telefonar. Ou falo, falo, falo... ou me calo.
Quando fui eleita vereadora e deputada nunca me contentei em ser apenas parlamentar. Sempre lutei para prestar contas, fazer debates, estar na rua, conversar com as pessoas, aprender temas novos, me meter onde não era chamada...
Agora tento conversar mais com meus amigos. Fiz um perfil no facebook, ando com o smartphone... Criei o blog. Prometi que seria exclusivamente pessoal. Mas o que posso fazer? Eu sou todos os meus vícios! Eu sou os meus defeitos! Esse espaço também me gerou dependência...
Fico feliz ao ter notícias de amigos, triste se não há nada de novo no front...
Não me bastasse todos os meus antigos vícios criei mais um...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Trabalho

Estou feliz porque tenho trabalhado muito. E rendido bastante. Ontem, cheguei em Brasília, escrevi dois artigos, votei uma Medida Provisória importante, discuti a nova equipe do mandato e a nova comunicação. Fechei materiais de prestação de contas e ainda conheci a Secretária de Planejamento da cidade de Cândido Godoi (a capital dos gêmeos). É uma cidade que muitas vezes é atingida por diversas fatalidades. Me impressionou a emotividade dela falando da juventude da cidade, do caos da destruição, do tráfico de carros, drogas... É raro ver um gestor público emocionalmente tão envolvido com a vida das pessoas. Fiquei feliz.
Hoje, apenas na manhã, participei do lançamento da Frente Parlamentar em defesa do piso para professores. A governadora gaúcha acha muito pagar R$ 950 para quem disputa a nossa juventude para a educação. Ingressou com uma ação de inconstitucionalidade. Uma vergonha que fez com que nossos professores entrassem em greve.
Agorinha aprovamos na Comissão de Trabalho (que participo) meu substituto que combate a anorexia nas modelos. Vitória daqueles que combatem a padronização das mulheres na nossa sociedade!
Estou saindo correndo para reunir com o Ministro Zé Múcio para lutar por recursos para as nossas cidades gaúchas...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Não julguem

"Não basta o compromisso
Vale mais o coração
Já que não me entendes,
não me julgues
Não me tentes
(...)
Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser"
Cássia Eller, 1º de julho


Cópia

Adoro o David Coimbra. Lendo o blog dele achei uma maravilhosa frase.
Vladimir Nabokov, em Lolita:
"Não trate como prioridade quem te trata como opção".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Centenário mais triste


Escreveria sobre futebol hoje. Uma das minhas grandes paixões. Pensei em manifestar meu asco ao grupo de torcedores racistas e homofóbicos que brigaram ontem, após o jogo do Grêmio. Mas, justamente por futebol ser paixão, não ódio, escrevo sobre Dallegrave.
Meu colorado terá um centenário mais triste pois nosso persistente e apaixonado colorado nos deixou. Se, como dirigente, alguém poderia ter alguma crítica ao Dallegrave, ninguém, jamais, poderá dizer que ele não foi um dos maiores torcedores colorados de todos os nossos quase cem anos.
Pai da Bianca, minha colega espevitada de faculdade, ele deixa uma camisa 12 a menos no nosso Beira-rio. Somos milhares, é verdade. Mas sempre tem um que faz mais falta. Ele fará...

domingo, 16 de novembro de 2008

Descoberta

Descobri, muito feliz, essa banda argentina. Chama-se Los piojos, a música Bicho de ciudad. Achei a cara de nossa, cada vez mais amada, Porto Alegre.

Não tolero



A única coisa que não tolero e a intolerância. Não pude estar na parada livre por motivos pessoais. Vi, em meus dois dias de descanso, um belo adesivo de propaganda de camisinha colado em um coletor de lixo. Dizia: o mundo precisa de mais amor. É verdade.
"Qualquer maneira de amar vale, qualquer maneira valerá". Viva a luta pela livre orientação sexual! Viva o combate a todo e qualquer preconceito!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Velhinho

Velinho ou Velhinho? Quando se tem três maravilhosas irmãs com esse sobrenome (o primeiro) fica difícil acertar a outra... Histórias do casamento grego.

Amigos

Hoje reencontrei um grande amigo. Bah... Alívio, felicidade. Guga, eu te adoro guri.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Perfeição


Vejam se é possível estar vivo, ser humano e alcançar a perfeição.
Sarah Brightman - Think of me

Compartilhando tesouros




Isso é parte do que faz minha vida muito feliz.
Secret Garden - Poeme

Torcida

Há alguns poucos dias compartilhei com vocês a alegria de ver meu terceiro afilhado nascer. Téo está doente. Sei que vai dar tudo certo. Quero pedir a oração, o abraço, a força, a energia, a torcida... qualquer coisa boa na qual vocês acreditem é bem-vinda. Téo precisa sair dessa.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Maratona

Nunca fui do tipo de praticar exercícios e tenho relativa culpa por isso. Mas há alguns dias tenho corrido, corrido tanto que me senti uma maratonista. Resolvi enfrentar diversos desafios de uma só vez. No mandato, na vida, nas minhas casas (em Brasília e em Porto), em mim mesma. O que será que aqueles quenianos maravilhosos fazem depois de vencer os obstáculos das grandes distâncias?

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Seu Araújo


Nosso Velinho se foi. O caixão, poucas pessoas (pelo horário), a bandeira do Partido. Quem esteve com ele no hospital contou-me que, no dia das eleições, ele dizia: "Preciso ir votar na beleza". Esse era o Seu Araújo. Mal se foi e já deixa saudades.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Nada é pra já

Para dormir feliz. Simplesmente feliz. Os que amam, por amarem. Os que já amaram, por terem amado. Os outros porque certamente amarão. Sempre é tempo.

Última homenagem

Poucos aqui conheceram o Seu Araújo. Velho combatente, mais antigo militante do PCdoB em Porto Alegre. Homem humilde, Seu Araújo aprendeu com o povo e viveu feliz. Lutou até o fim. Seu Araújo não tombou no Araguaia, como muitos de seus contemporâneos. Seu Araújo sobreviveu à ditadura. Aos 85 anos morreu agora. De morte morrida, como dizem.
Diria o Aldo: na vida temos que ser fruto e semente. Ele foi fruto dos que vieram antes. Nos deixou como sementes.
Descansa em paz, meu querido camarada. Seguiremos a tua luta.

domingo, 9 de novembro de 2008

Aquarela ganha nova cor


Obama salta aos olhos. Que ele sintonize na frequência das esperanças do povo que o elegeu.

Huellas - Pegadas

Vejam, ouçam, sintam... Conheçam Pedro Guerra. Para viver com mais paz.






¿cuántas cosas dejan huella?
¿cuántas cosas se recuerdan?
¿cuántas brillan en el tiempo aunque no están?
¿cuántos rastros? ¿cuántas cosas?
¿cuánto al fin es lo que importa?
¿qué momento en la vejez te abrigará?
un parto
una sonrisa
una ilusión
aquel abrazo
una canción
la lluvia dibujada en el cristal
un beso
una caricia
la emoción de aquel encuentro
una razón
la tarde que desgasta la ciudad
¿cuántas cosas dejan huella?
¿cuántas cosas se recuerdan?
¿cuántas brillan en el tiempo aunque no están?
la plaza roja
un cuadro de van gogh
aquella extraña palidez
una ciudad torcida
un resplandor
un niño que dormita en un rincón
toda esa torpe dejadez
la prisa incontrolada del reloj
¿cuántos rastros?
¿cuántas cosas?
¿cuánto al fin es lo que importa?
¿qué momento en la vejez te abrigará?
la luna y esa dulce sensación
de amarlo todo de una vez
las brasas que aún incendian la pasión
la calle
la cornisa y el balcón
el mapa mudo de tu piel
el fruto merecido del amor
¿cuántas cosas dejan huella?
¿cuántas cosas se recuerdan?
¿cuántas brillan en el tiempo aunque no están?
¿cuántos rastros?
¿cuántas cosas?
¿cuánto al fin es lo que importa?
¿qué momento en la vejez te abrigará?

24 horas

Em 24 horas é possível mudar o mundo. Presidentes declaram guerras, o Conselho de Segurança da ONU condena o bloqueio à Cuba, as bolsas despencam. Em um dia crianças nascem aos montes. Jovens morrem com tiros. Em 24 horas recebemos flores, choramos, felizes, lendo o cartão. Depositamos flores nos túmulos de pessoas que amamos.
Em 24 horas é possível errar muito. Arrumar quase tudo. É possível limpar o cérebro das coisas ruins, apenas pensando em tudo de bonito que existe nesse mundão. Se não funcionou Chico, Nei, Cartola, escute Sílvio Rodriguez. Se Sílvio falhar busque Caetano. Leia Quintana, telefone para quem ama. Pense. E aja. Aja antes de falar. E depois fale com coerência sobre o que já fez. Não busque respostas. Conheça as perguntas, diria Confúcio.
Um dia? Um dia é tempo o suficiente para sermos felizes. Desde que tenhamos certeza de que "é melhor ser alegre que ser triste".
Lú, vai a luta. Para quem apertou parafusos, enfrentar a vida, a dor, o amor não pode ser tão complicado. Se as primeiras 48 não foram suficientes, tenta as próximas 24. Não desiste. As tuas 24 horas vão chegar. Elas sempre chegam.




P.S. Nem todos que visitam o blog conhecem a Lú, a Luluzete, que trabalha comigo. Ela é um misto de coisinha pequena e fofa com uma grande, forte e corajosa mulher. Bisbilhotando o blog dela (www.nemcanetanempapel.blogspot.com) li um texto perguntando se era possível arrumar a vida em 48 horas. Resolvi responder. Aqui. Assim como a Lú tenho mais facilidade em escrever do que falar.

Dorothy acertou


Alguém lembra de "O mágico de Oz"? Quando a Dorothy diz não haver lugar como nosso lar? Deus! É exatamente assim que me sinto hoje.
Não sei em que momento da vida passei a preferir casa à rua. Deve ter sido quando passei a gostar mais do dia do que da noite, de conversar com amigos, de pensar na vida. Aliás, o que eu mais gosto em casa é exatamente o não pensar, o não fazer. E não ter ninguém por perto para testumunhar essa sensação.
É engraçado. Lembro-me que, há muitos anos, mais de dez, a Letícia, uma grande amiga de escola, me perguntou o que eu fazia em casa. Eu respondi: nada. Não sabia ficar em casa. Não ficava em casa. Aquele era o espaço para dormir, apenas. Estudar, às vezes. Não fazia sentido ficar ali. Ouvir música ali. Lia no ônibus. Ouvia música no CD Player (alguém lembra desse aparelho??? Estou velha mesmo...). Talvez me aceitasse menos. Não devia saber conviver comigo.
Hoje rezo para chegar em meu apartamento. Dorothy estava certa.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Atenção

Gosto de pessoas atentas. Mesmo que elas sejam dispersas, como eu.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Benditos

Não é que eu não queira escrever. É que eles escrevem muito melhor do que eu. Dizem o que sinto, o fazem de maneira tão bela e doce... Por que repetir o que já foi bem dito? Benditos...

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente,
em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,
por toda parte,
os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Quintana

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Gioconda Belli

TEXTURA DE SUEÑO

No he visto el día
más que a través de tu ausencia
de tu ausencia redonda
que envuelve mi paso agitado,
mi respiración de mujer sola.

Hay días que están hechos para morirse
o para llorar,
días poblados de fantasmas y ecos
en los que ando sobresaltada,
pareciéndome que el pasado va a abrir la puerta
y que hoy será ayer,
tus manos, tus ojos, tu estar conmigo,
lo que hace tan poco era tan real
y ahora tiene la misma
textura del sueño.


P.S. Em tempos de Feira sempre sugiro que conheçam Gioconda. Ministra das Comunicações da Nicaragua sandinista, jornalista, poetisa... Comprem "A mulher habitada", em português.
A poesia acima é apenas a que considero mais bonita das que ela escreveu. Apenas isso, fiquem tranquilos... hehehe

"Só resta lamentar"

Hoje recebi um email que termina com essa frase. Quem se imagina lutando por algo com esse conformismo gigantesco?
Lamento não combina com luta.
Lamento não combina nem com choro, nem com riso.
Lamento não combina com amor, não combina com ódio.
Lamento não combina com querer.
Também não fecha com não desejar.
Lamentar... É coisa de quem não sabe o que sente, não sofre, não ri.
Eu não costumo lamentar.
Eu choro achando que vou morrer de tanta dor.
Eu morro de rir, adoro fazer com que outros riam (mesmo de mim mesma!!)
Eu quero que tantas coisas não aconteçam.
Quero que tantas outras se realizem.
Eu não me conformo, não lamento.
Eu vivo.

Esperança

Obama venceu as eleições norte-americanas. Quintana diria que a esperança é um urubu pintado de verde. Hoje a esperança é um homem, negro e jovem que presidirá a maior potência econômica do mundo. Mesmo que vivam uma grande crise.
Obama traz esperança de mais igualdade e, sobretudo, de mais paz.
Eu preciso parar, como disse no último post. Quando conseguir estarei mais feliz. E minha esperança e meus sonhos ainda mais vivos.

Preciso parar

Não escrevi ontem porque, sinceramente, não tenho absolutamente nada de novo para contar. Ou que eu queira ou possa escrever. Trabalhei muito nos últimos dias, debatemos o orçamento, o trensurb, esporte, infra-estrutura... Estive em Porto, estou em Brasília, vou à São Paulo. A única certeza que desenvolvi é que preciso parar. Uns cinco dias. Eu, eu mesma e meus pensamentos. Fazer comigo o que estou fazendo com minha casa e meu mandato: organizar. Acho que é justo. Ou apenas necessário.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Rabo de nuvem





Rabo de nube
Silvio Rodríguez

Si me dijeran pide un deseo,
preferiría un rabo de nube,
un torbellino en el suelo
y una gran ira que sube.

Un barredor de tristezas,
un aguacero en venganza
que cuando escampe parezca
nuestra esperanza.

Si me dijeran pide un deseo,
preferiría un rabo de nube,
que se llevara lo feo
y nos dejara el querube.

Un barredor de tristezas,
un aguacero en venganza
que cuando escampe parezca
nuestra esperanza.

Sonhos

As pessoas compram tanto, desejam tantas coisas... É até difícil imaginar alguém realizado quando se quer tanto e se acha que o dinheiro resolve tudo. E os sonhos? Que espaço existe para isso? Eu tenho apenas UM sonho. Não há dinheiro, ambição, decreto, nada material que possa torná-lo realidade. Ei de concretizá-lo.

domingo, 2 de novembro de 2008

Configurando

Entrei no mundo dos blogs agora. Aliás, trouxe parte de meu mundo para dentro da internet. Tentei configurar meu espaço e não consegui. Perdi materiais, mudei cores. Não gostei. Reajustei, tentei imitar o antigo. Não consegui. A impressão que me ficou é que isso aqui é quase tão complexo como a vida!
Às vezes, mudamos a aparência. Mas a essência permanece intacta. Fiz isso com o blog. Os textos, que são a parte importante, continuaram intactos. Outras vezes queremos voltar atrás e manter as situações como eram antes de mudarmos tudo. É impossível!!! Não temos o poder de voltar no tempo. Também não conseguimos voltar na configuração após termos gravado equivocadamente.
A vida é muito mais complexa do que os computadores, certamente. Entretanto, muitas vezes, seria bom poder visualizar antes de mudar. Como aprendi a fazer com o blog!

sábado, 1 de novembro de 2008

Ainda sobre humanos

Poema em linha reta

Fernando Pessoa

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras,
pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Razão

Minha família é como aquela do filme "O casamento grego", um mais louco que o outro. Cresci ouvindo minha irmã Mariana, atriz, dizer: "Se tens razão por que gritas? Se não tens, mais uma motivo para não gritares!"
Uma década depois assumo: Mari tem razão.

Seres humanos

HOMEM PERFEITO

Fabrício Carpinejar


Não interessa a uma mulher um homem que saiba tudo sobre ela, um homem que saiba tudo sobre o amor, um homem que saiba tudo sobre os prazeres proibidos do corpo. Uma mulher não se interessa por um homem que não tenha uma dose de insegurança, um quê de fascínio infantil, uma ponta de orgulho bobo, uma forquilha de medo entre os joelhos.

Uma mulher não se interessa por homem que não teme as perguntas, que resolve os problemas com sarcasmo, que fala convicto e intrépido sobre os mais diversos assuntos; o coração dele congelado para transplante no isopor entre garrafas de cerveja.

Uma mulher não se interessa por homem que pisca ao garçom, que conversa nos ouvidos com os seguranças das boates, que a mostra com malícia e desfaçatez para os outros. Uma mulher não se interessa por um homem que está se exibindo mais do que sendo transparente. Uma mulher não se interessa por um homem que ela não conta com a mínima chance de modificá-lo e elogiar as transformações.

Uma mulher não se interessa por um homem que se diverte dos próprios comentários antes dela. Uma mulher não se interessa por um homem carregado de estratégias, que encadeia a noite ideal, sem nenhuma falha, sem nenhum vacilo, sem nenhuma turbulência. Ele ensaiou com quantas antes? Uma mulher se interessa por um homem inseguro, mas sincero, tímido, mas autêntico, que sofre com suas gafes, engatilha desculpas ao usar um palavrão, que pede ajuda para completar a noite.

Uma mulher não se interessa por um homem blindado, que não escuta, que se esconde em um personagem para contar mais um feito aos amigos. Uma mulher não se interessa por um homem que logo vai atacando, logo vai oferecendo o endereço para esticar a conversa. Uma mulher não se interessa pelo terno alinhado, os cabelos em dia, o pescoço perfumado, se não haverá nenhum sussurro que desperte a fragilidade masculina do outro lado.

Uma mulher não se interessa em receber flores sem raízes nos dedos. Uma mulher não se interessa por um homem convicto, que a convida para sair, que passa uma cantada impecável e finge delicadeza para ser indelicado no dia seguinte e não telefonar. Uma mulher não se interessa por um homem que não mudará a ordem das palavras que teve sucesso com as mulheres anteriores e repetirá as mesmíssimas vaidades da conquista.

Uma mulher se interessa por um homem que confunde o desejo com a loucura e tropeça nas palavras para logo descer ao chão com ela. Uma mulher não se interessa por um homem que seduz como quem dá as cartas, um homem que solicita a conta como quem fecha um negócio, que a envolve como se fosse um investimento. Uma mulher não se interessa por um homem que não tenha também músculo nas pálpebras para chorar por ela, músculos na boca para guardar sua língua. Uma mulher não se interessa por homens prontos, fechados, absolutamente perfeitos.

Não se interessa por cadáveres.

Terremoto

Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!

Quintana

P.S. Em tempos de Feira do livro nada melhor do que o melhor de todos.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Falha

Levei algum tempo para admitir que também choro. Aliás, acho que só consigo rir tanto porque aprendi a chorar. E hoje chorei. Na vida amamos muitas pessoas. Mas é verdade que umas mais que as outras. Todos temos nossas pessoas especiais. Chorei por uma delas. Por saber que está bem. E que precisou de mim porque esteve muito mal. Eu? Eu não estava ao alcance das mãos. Falhei.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Respondendo à charada

Telhados De Paris
Nei Lisboa


Venta
Ali se vê
Onde o arvoredo inventa um ballet
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado e mais parece outro país
Que me estranha mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito


O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
E de versos retos, corretos
O resto da paixão, reguei
Vai servir pra nós
O doce da loucura é teu, é meu
Pra usar à sós
Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti

Confúcio

Confúcio disse: "Fogo se apaga com água, não com fogo"

Ali se vê

"Meu Deus, meu Deus! Como tudo é esquisito hoje! E ontem tudo era exatamente como de costume. Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei hoje de manhã? Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Me se eu não sou eu mesma, a próxima pergunta é: 'Quem eu sou?'. Ah, essa é a grande charada!" Alice no país das maravilhas

Pane

Computadores entram em pane. Simplesmente param de funcionar. Teclas e programas não respondem aos nossos chamados. Concluí que os computadores ficam estressados. Cansam do ritmo de nossas vidas. Só pode. A pane dos computadores equivale a nossa exaustão; os pequenos erros de programas aos dias estressantes, crises passageiras.
Os dias passam correndo, os meses e os anos também. Tenho uma vontade de dar uma pausa no filme "mundo" e ganhar algumas semanas para ajustar tudo. Não dá para tudo parar dez dias e eu voltar sintonizada?
Só existe algo pior que a pane. Quando nós sabemos que existe apenas uma forma de arrumar o problema mas temos cinco, seis opções. Qual é a certa, meu Deus? E se apertar o botão errado? E se esse for exatamente aquele que apaga todos os documentos armazenados durante anos?
Até os computadores ficam cansados. Imagem nós, que não somos máquinas.
Até arrumar computador é complicado. Agora imagine só o problemão que é arrumar a vida!!

2014

Não farei desse espaço um palco para o debate e as especulações da política. Tenho os espaços de meu partido e do mandato para isso. Mas quero compartilhar uma alegria com vocês: a menina dos olhos do nosso programa de governo para a Prefeitura de Porto Alegre será aproveitada pelo prefeito eleito no domingo.
Sempre tratamos a Copa de 2014 como algo central. Todos sabem que sou louca por futebol mas a Copa é mais do que isso. Um evento esportivo dessa magnitude simboliza formação e qualificação profissional para jovens, recapacitação para adultos, geração de empregos na construção civil, na rede hoteleira e gastrônomica, equipamentos de segurança, plano de mobilidade urbana que enfrente os gargalos do trânsito.
A copa pode mudar Porto Alegre para melhor. E por isso fiquei feliz em ver nosso programa de governo ser posto, em parte, em prática. Já me coloquei à disposição. Fazer política não é só fazer o bem quando se ganha. É trabalhar em parceria. E eu serei parceira dessa Secretaria que o Fogaça criou. Mesmo estando na oposição.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mudando de opinião

Havia decidido não postar fotos nesse blog. Mas essa criança merece. Como todos os amigos sabem, existe um sonho que ainda não realizei: o sonho de ser mãe. Alguns não entendem a dimensão disso em minha vida. Mas sonhos podem sempre virar realidade... Enquanto isso aproveito os filhos dos outros: a Luísa, minha primeira afilhada (2 aninhos na quinta), o Téo (2 dias hoje) e esse nenê lindo da foto.

Brasília, Brasília

Aqui estou eu em Brasília. Como faço todas as semanas. O estranho para muitos é que gosto daqui. Gosto do que faço, de sair tarde do plenário da Câmara (olhando a lua cheia gigantesca). Gosto de correr de um prédio para outro, das comissões que participo, dos projetos que estudo ou apresento. Gosto de chegar aqui e também gosto de voltar para Porto Alegre.
Temos muitos defeitos no Congresso Nacional. Muitos limites para superar. Mas para superá-los é preciso que a gente tenha força para lutar. E eu prefiro lutar ganhando energia do lado bom das coisas. E Brasília tem seu lado bom. Sempre lembro do Oswaldo Montenegro, em Léo e Bia. Escreveu obras primas sobre a capital federal. Escutem. Faz bem para a alma. Dá ainda mais vontade de trabalhar. E de tentar fazer a nossa parte em Brasília.



segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ela merece, sempre!

El tiempo es veloz,
la vida esencial
el cuerpo es mis manos me ayudan a estar contigo,
quizás nadie entienda
vos me tratás como sí fuera algo más que un ser . . .
Te acuerdas de ayer,
era tan normal
la vida era vida y el amor no era paz,
que extraño,
ahora me siento diferente
pienso que todavia quedan tantas cosas para dar.
No ves que poco va todo creciendo hacia arriba
y el sol siempre saldrá
mientras que alguien le queden ganas de amar.
Perdona mi amor por tanto hablar
es que quiero ayudar al mundo cambiar,
que loco, si realmente se pudiera y
todo el mundo se pusiera alguna vez a realizar.
No ves que poco va todo creciendo hacia arriba
y el sol siempre saldrá
mientras que alguien le queden ganas de amar
Perdona mi amor por tanto hablar
es que quiero ayudar al mundo cambiar, que loca . .

Nasceu o Teo

Ontem foi um dia especial. Desculpem-se aqueles que deduzem que é meu compromisso falar das eleições. Aqui, não. Quero falar de Teo. Meu mais novo afilhado. Ele nasceu com as eleições mas guarda, desde antes, um segredo. Um mágico segredo. Teo não é apenas uma nova vida. Teo nasceu como filho e fez um grande amigo renascer para a vida. Teo, desde as primeirinhas células, fez sua parte: ajudou o mundo a melhorar.
Teo fez valer sua chegada a essa cidade maravilhosa. Ele já veio fazendo o bem.

domingo, 26 de outubro de 2008

"Yo soy Juan"

Estive em El Salvador por uns dias. Fui à segunda Cumbre de Jovens Líderes, um encontro que ocorre antes do encontro dos Presidentes dos países íbero-americanos. Reencontrei amigos de todos os países. Muitos deles atuam nos movimentos sociais, nos parlamentos, em governos democráticos. Tentam melhorar a vida das pessoas. Camilo, por exemplo, um antigo militante da juventude comunista paraguaia, hoje é Ministro do Presidente Lugo.
Um deles, porém, merece ter parte da história contada. Um jovem argentino que redescobriu sua identidade aos 25 anos. Algumas vezes, os jovens da minha geração, escutam a história da ditadura militar brasileira e a percebem muito distante, quase como uma ficção. Não acreditam que alguém não pudesse ter o direito de explicitar seu pensamento, militar em uma organização política, trabalhar para melhorar as condições de vida do povo. Somos uma geração que já nasceu com a redemocratização. Nos formamos livremente e assim, mesmo os que conhecemos o terror dos regimes militares, o fazemos a partir dos livros de história.
Juan não é alguém que conhece a ditadura como eu. Como meus amigos. É diferente. Aos 25 anos descobriu que havia sido roubado da jovem mãe numa das maiores prisões políticas do continente. Que seus pais verdadeiros haviam sido mortos pela cruel ditadura argentina. Descobriu que aqueles que haviam o criado por 25 anos não apenas não eram seus pais biológicos mas eram parceiros de um regime crual, assassino.
Mudou de identidade. Aliás, assumiu a sua. Mudou de nome. Aliás, assumiu o seu. Talvez tenha mudado a sua forma de ver o mundo. Ou melhor, provavelmente tenha assimilado aquilo que seus verdadeiros pais o teriam permitido ser: um jovem militante social da Argentina.
Por que escrevo isso hoje aqui? Por dois motivos. O primeiro, mais simples: um registro da história de nossos países para que possamos, como bem dizem os judeus, lembrar para que nunca mais aconteça. Um registro para que outros jovens vejam que é preciso lutar, trabalhar, construir um mundo melhor. E que sempre que esse mundo melhorou foi porque jovens lutaram. E alguns morreram, como os pais de Juan, como tantos brasileiros.
O segundo motivo é, porém, mais verdadeiro. Fiquei muito impressionada com o resultado desse processo sobre Juan. Lembrei-me que, em minha campanha a Prefeitura de Porto Alegre, o amigo deputado Nelson Proença dizia: "a Manuela é mel sobre pedra. Doce e firme." Sempre agradeci ao Proença. Mas para o bem da verdade, nunca concluí se eu sou mais mel ou mais pedra. Acho que luto para manter-me um pouco de mel em um mundo duro como as pedras.
Mas meu mundo nunca foi duro como o de Juan. E ele, ao contrário, parece ter certeza que é "mel sobre pedras". As pedras de sua vida foram pesadas. Mais pesadas do que a maior parte de nós consegue se imaginar carregando. Ele, porém, resistiu. Tornou-se deputado em Buenos Aires, luta para que outros jovens descubram sua identidade. Todavia, não se dá por satisfeito. Em um momento me disse: "Não gosto de discutir apenas juventude, é preciso discutir os problemas do desenvolvimento dos países para todos". Mas não é seco ou frio como, naturalmente, poderia ser. É sensível, apesar de tudo o que enfrentou.
Em apenas cinco anos ele sabe o que é e em quem se tornou. Che Guevara diria que ele tornou-se firme e não perdeu a ternura. Eu apenas diria: Ele é Juan, mel sobre as pedras.