sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Futuro

Na estrada homenageiam
aos mortos.
Cruzes marcam Saudades.
trago as minhas dentro de mim.
Acidentes de uma vida em alta velocidade.

Passei anos fugindo
de tudo que reencontro
em cada casa da esquina.
Corri.
Ignorei que tudo estava dentro de mim,
cada peça do quebra-cabeça.

Volto ao meu passado.
No tempo em que éramos muitos,
Em que o rei era Alberto e todas nós, sentadas na volta do piano ou do violão de nossa mãe, éramos princesas.

Volto para o tempo em que os Natais marcavam a disputa pela última empada de camarão.
O tempo em que a sentávamos na rua e vendíamos papéis de carta feitos em casa.

O tempo da frigidaire cheia de ambrosia,
Das garrafas contadas de refrigerante,
Dos gritos que nos
Impediam de pescar lambaris no Rio ou de nadar mais fundo na lagoa Mirim.

Voltei para a casa.
Voltei para dentro de casa.
Para a mesa de vidro no centro,
Para a rede com horários marcados,
Para as cadelas no pátio com a única rosa que nascia abaixo da única parreira.

Voltei para mim mesma.
Voltei para meu passado para mudar meu futuro.

5 comentários:

Marinha disse...

Teu passado é só teu, mas trouxe momentos tão somente meus do meu passado. Não sei se a intenção foi fazer brotar a emoção em quem por aqui passa; só sei que chorei emocionada ao ler as linhas do teu passado.

Anônimo disse...

Que lindo! Esse poema nos faz sentir aquela nostalgia, e ver como era tudo aquilo que já foi tão presente, e como tudo muda a todo instante.

Anônimo disse...

Que lindo! Esse poema nos faz sentir aquela nostalgia, e ver como era tudo aquilo que já foi tão presente, e como tudo muda a todo instante.

Anônimo disse...

Esse poema trouxe-me uma saudade enorme do meu passado que não voltará, mas estipulou-me a viver com mais intensidade o presente. Isso...o presente com mais intensidade, minuto a minuto,pois logo ele também será passado.

Anônimo disse...

o que temos? o que é nosso realmente?
podemos encher a boca de cuca de uva, ou jogá-la ao teto em infantil disputa...podemos ser bancárias, manicures, misses... podemos contar as árvores de natal na estrada, para encurtar o trajeto até o bom velhinho...
podemos inventar histórias, ligar o som e o chuveiro...podemos brincar de expedição o dia inteiro...comer bergamotas e fumar no banheiro...podemos fechar os olhos e abrir o coração...podemos lembrar e sentir uma saudade doída...podemos, em sonhos, regressar: dividir o passado em cinco partes iguais faz com que, no presente diverso, ainda sejamos um só...
te amo muito manu, beijos mari